Capítulo 3 - Aqueles Olhos

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Sempre falavam em como era a sensação do imprinting. Quão bom era sentir a vibração pelos ossos, o poder subindo pelas entranhas e se espalhando pelas fibras do coração. Quão difícil era manter-se depois de encontrá-lo, pois o magnetismo era tão grande que lutar contra causava dor física. Mas, JungKook não ligou para nada daquilo quando se levantou em um rompante, os olhos ainda arregalados encarando os semelhantes do vampiro à frente parecendo tão afetado quanto, correndo porta a fora, fugindo da sala, da faculdade, do mundo... dele. Querendo esquecer o choque de excitação que seu lobo sentiu ao encontrar o perfume... Reencontrar.

Não pode impedir o rosnado irritado ao vislumbrar o céu brilhante. No chão, o reflexo do sol num DVD sujo variava em tons azuis. Todo aquele azulão acima e abaixo parecia rir de sua cara, como se os deuses fizessem questão de o lembrar dos olhos elétricos do vampirinho de meia tigela a quem fora destinado. Aqueles olhos! Aqueles malditos olhos! Os mesmos do sonho, a mesma cor azul, o mesmo contorno marcado, a intensidade magnética, a mesma dor a cada metro deixado para trás!

Um vampiro! A porcaria de um vampiro! Hécate, o que faria?! Como contaria? O que o conselho diria? Pior, o que seu pai diria? Era o próximo alfa líder na sucessão e com aquele imprinting de merda não era nada menos que um idiota desgarrado!

Quem iria querer na matilha um lobo imprintado com um vampiro?! O inimigo!

O sino tocou mostrando a troca de aulas. JungKook apertou o passo, querendo mais do que nunca chegar até sua moto, enfiar-se embaixo das cobertas e não sair de lá nunca mais!

Avistou a harley davidson 883, conquistada com muito esforço e suor, e quase relaxou enquanto colocava o capacete. Deu partida, suspirando por estar quase, quase, quase conseguindo se mandar, quando a fragrância conhecida chegou perigosamente perto. Seu coração retumbou tão alto no peito que pensou estar para ter um infarto. Acuou o lobo, balançando a cabeça. Calma, JungKook! Calma, está tudo sob controle, tudo controlado, você vai embora, vai deixar esse espécime de parasita para trás e nunca mais, nunca mais, vai voltar a vê-lo, é tudo um pesadelo ruim, tudo fruto da ressaca de semana passada, a wolfbane que Nam colocou na sua cerveja no mês passado ainda está no seu sistema, é uma alucinação, se acalme!

—Sabe que não pode fugir disso, não é, cachorrinho? - A voz suave mais sussurrou que falou, a presença fantasmagórica se materializando ao seu lado, desestabilizando-o todo. Desde quando alucinações falavam? Desde quando alucinações o chamam de cachorrinho?! Rosnou. -Vamos, pare de rosnar para mim. Seja um bom garoto e me olhe direito. Não vamos nem conversar?

Rangeu os dentes com o deboche que escorria como ácido em cada palavra que saia da boca do vampiro. Encarou-o pelo canto dos olhos. O perfume agora o rodeava, mais tentador do que qualquer vampiro um dia já fora.

—Não tenho nada para falar com você.

Voltou a dar partida na moto, acelerou e não olhou para trás.


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Espero que gostem e que estejam acompanhando a curta jornadinha de nosso Kookie e seu imprinting provocador.Boa Leitura *-----*

Até Mais 

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