Capitulo 3 - Teia de aranha

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Sérgio me contou tudo o que sabia sobre Friedrich e o que precisava que eu descobrisse, me mostrou até mesmo a planta da mansão Walsch feita pelos infiltrados, esse plano parecia uma teia de aranha. O quão emocionante é ser cúmplice de um crime por obrigação? Vejo que não muito.

Eles não me tratavam mal, apesar das tentativas de fuga frustradas dos primeiros dias, eu tinha comida à vontade, roupas novas e até podia andar pela propriedade às vezes acompanhada por Rojan, mas ficou claro que os poucos "privilégios" seriam tirados de mim caso eu não cooperasse.

Eu sempre repetia meu nome quando eles me chamavam de Ágata, pois sabia que com o tempo eu poderia me acostumar e até me esquecer do meu nome verdadeiro e isso não era bom, eu poderia ser obrigada a fazer o que eles queriam mas não deixaria de ser eu mesma. Já havia estudado sobre a síndrome de Estocolmo e outras durante o estágio na clínica em que trabalhava, se o objetivo deles era esse, não iria funcionar.

Era muito solitário não ver outras pessoas ou outros lugares além da casa isolada, os capangas de Sérgio não eram as pessoas mais amigáveis do mundo apesar de me tratarem com educação. Também não tinha muita coisa para fazer, quando eu não estava em alguma "lição" com Sérgio eu passava o tempo com os afazeres da casa, eu não conseguia simplesmente ignorar a cozinha ou o chão sujo.

 Também não tinha muita coisa para fazer, quando eu não estava em alguma "lição" com Sérgio eu passava o tempo com os afazeres da casa, eu não conseguia simplesmente ignorar a cozinha ou o chão sujo

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Não me lembro bem, mas acho que era a 15° noite que eu passava ali, todas as noites se tornaram iguais, mas naquela noite eu não consegui me controlar. Eu estava tendo crises quase sempre, entrei no quarto para dormir e como todos os dias um dos homens ficou de vigia na porta, o tempo passava e eu não conseguia fechar os olhos, pensava em uma saída caso tudo desse errado, e se eles tentassem me incriminar? E se eles me matassem? Eu teria que ficar presa numa história que não é minha pra sempre? O ar começava a parecer pouco para respirar, meu peito parecia ser pequeno demais para um coração que batia tão rápido, a sensação que eu tinha era como se alguém estivesse tentando me sufocar e parecia que aquilo não ia parar. Gritei mas minha voz não saia da garganta. Droga eu trabalhava numa clínica e não conseguia lidar com mais uma crise!
Tentei me controlar mas meu esforço foi em vão, me arrastei até a porta e joguei meu corpo contra ela, vi a sombra do guarda se mexer e prontamente abrir a porta, agradeci por ser o Henre.

- Ágata? - Ele chamou mas eu não conseguia responder. - Ele então me tomou nos braços e me carregou até o quintal.

Estava frio, mas lá fora era grande demais pra sentir claustrofobia, podia ver que ele também estava preocupado, se eu morresse em seu turno ele teria problemas é claro que estaria preocupado. Ele tirou a arma da bandoleira e a deixou de lado, começou a tentar conversar comigo.

- Eu sei que não é fácil mas você precisa se acalmar, presta atenção na minha voz. - Ele falou sem jeito. - Está vendo o céu? Existem muitas estrelas lá encima, estamos aqui nesse lugar longe de tudo mas ainda temos o privilégio de ve-las brilhando e vemos com mais intensidade aqui do que as pessoas que estão na cidade com todas aquelas luzes, elas estão brilhando pra nós sobre a luz de um astro maior e se elas estão brilhando pra nós, ainda há esperança.

A noite do caçadorOnde histórias criam vida. Descubra agora