Capítulo 2 - A Caça

119 17 0
                                    

Não tem sido fácil desde a trágica morte dos meus pais quando mesmo destruído por dentro tive que assumir todos os nossos negócios da família, fui de jovem inconsequente a herdeiro e responsável por um império do dia pra noite. E esse era o motivo da minha volta a Paris, responsabilidades. De repente eu passava horas e horas em escritórios fazendo balanços e as vezes discutindo com acionistas sobre o melhor para a empresa, reuniões e mais reuniões. Descobri que o negócio naquela altura não ia tão bem quanto parecia.

Participar daquele leilão havia sido idéia da minha mãe antes do acidente na mina, ela foi uma grande mulher. Enquanto meu pai se afundava em ambição ela gostava de ajudar o próximo, por isso o nome Walsch também estava atrelado à filantropia, uma das heranças mais bonitas deixadas por ela e que eu estava me esforçando para preservar. Me permiti distrair um pouco do mundo dos negócios ao doar o colar para o evento beneficente e fiz questão de estar presente.

Não era um ambiente de costume para mim mas já havia participado de leilões ao lado do meu pai, de armas para a coleção dele. Foi uma experiência agradável conhecer os integrantes da alta classe francesa, a maioria se lembrava ou da minha mãe ou do meu pai, mas a jovem Fetuttine tinha algo diferente, parecia um ambiente novo pra ela também e aquilo me chamou a atenção, desde que ela recusou meu convite eu não consegui parar de pensar nisso, achei que seria mais fácil me aproximar das pessoas por ter o meu sobrenome, mas não funcionou com ela. Perguntei a alguns conhecidos e ao conselheiro da família sobre, mas não obtive muito sucesso.

- Timothee, que bom que veio! Achei que não teria um tempinho na sua agenda para os velhos amigos. - Cumprimentei o loiro com um breve abraço assim que a minha secretária o deixou entrar.

- Quem quer arranja um tempo, não é mesmo? - Ele sorriu alisando o terno se sentando na cadeira de frente para a minha mesa.

- Pode se retirar Louise, obrigado. - Agradeci a secretaria que assentiu e se retirou fechando a porta. - Soube que você é requisitado por aqui.

- É o que dizem...sinto muito pelo que aconteceu com seus pais, eram pessoas incríveis nem consigo imaginar a sua dor. - Thimothee falava com pesar, dava pra sentir que era verdadeiro.

- Muito obrigado meu amigo, agora eu sou a cabeça pensante por trás disso tudo. - Me levantei e dei alguns passos até parar na frente de um quadro que nunca prestei muita atenção, era uma foto dos primeiros funcionários na primeira mina com o meu pai. Meus pensamentos ficaram alheios por alguns segundos imaginando o começo de toda a nossa história, quase derramei uma ou duas lágrimas mas me atentei a me recompor. - A-ahn e é por isso que te chamei aqui.

- Sou todo ouvidos. - Ele cruzou as pernas e tirou do bolso uma caneta e um bloco de notas.

- Você sabe que essa é a nossa filial, mas me ocorreu que não temos nenhuma loja na capital mais famosa do mundo, e bom quero alavancar os negócios em Paris. - Voltei a encara-lo. - A marca Walsch é mais do que fornecedora, e um mercado estável como o Francês é perfeito para mostrar isso.

- Creio que me chamou aqui para projetar essa loja? Consigo imaginar a joalheria Walsch ao lado de uma loja da Prada ou Dior na Champs-Élysées.

- Exatamente isso, quero que você faça acontecer, me disseram que você se tornou o melhor arquiteto da cidade. - Voltei a me sentar.

- Eu não brinco em serviço, na próxima semana se você ainda estiver em Paris trago o projeto para que faça a análise. - Ele terminou de anotar e guardou o bloco de notas.

- Ótimo! Provavelmente não voltarei tão cedo à Nova Iorque. - Sorria sem graça. - Mais uma coisa...por um acaso você conhece o sobrenome Fetuttine? - Falei como algo corriqueiro, Thimothee me conhecia o bastante para saber o que isso significaria.

A noite do caçadorOnde histórias criam vida. Descubra agora