Capítulo 4 - Ruptura

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Capítulo narrado por Sérgio Piquet, A mente por trás "do plano".

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No auge dos meus 23 anos eu era um jovem como qualquer outro, estudava engenharia da computação há pouco mais de um ano e estava procurando emprego para conseguir me bancar em Madrid. O aluguel na Espanha não era barato, e mesmo dividindo com mais duas pessoas as contas pesavam. Então saí em busca de uma oportunidade qualquer. Haviam boatos de que uma nova joalheria estava se instalando na cidade, então fui à procura do lugar, a loja era de luxo a mais linda do centro, suas vitrines estavam sempre impecáveis. Consegui um emprego de meio período como assistente, minhas  obrigações se resumiam em ajudar meus superiores com tudo o que precisassem, as vezes era um café, arrumar vitrines, limpar o chão, não era um trabalho pesado para uma loja do cacife da Walsch ESP.

Eu estava me saindo bem, e devido a isso consegui uma promoção com apenas quatro meses de trabalho. Comecei a ser treinado para mexer no sistema da empresa, ao contrário da maioria a Walsch não utilizava um sistema obsoleto e isso era sinal de que existia alguma mente jovem trabalhando em cargos com poder de decisão.

Como eu fazia engenharia não foi difícil me adaptar e em um mês eu já estava controlando as saídas e entradas de fluxo na loja. Eram valores altos mas justos para jóias tão perfeitas, qualquer pessoa gostaria de ter um pingente que fosse, da marca Walsch da qual eu agora vestia a camisa com orgulho.

As coisas começaram a dar errado quando eu percebi que os números não estavam batendo, no começo eu até ignorei o fato pois poderia ser algum problema no sistema, mas continuou acontecendo não importando o cálculo que eu fazia

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As coisas começaram a dar errado quando eu percebi que os números não estavam batendo, no começo eu até ignorei o fato pois poderia ser algum problema no sistema, mas continuou acontecendo não importando o cálculo que eu fazia. Tentei alertar o gerente mas fui completamente ignorado, o que não fazia sentido, foi só aí que eu percebi que eu havia acabado de descobrir um esquema fraudulento.

As jóias chegavam na loja com certificado de autenticidade e documentos pois a Walsch trabalhava com diferentes tipos, tamanhos e kilates e os clientes exigiam saber a procedência, comecei a observar mais detalhadamente e percebi que antes de irem para as prateleiras as jóias eram substituídas por cópias perfeitas, perdendo assim seu valor enquanto as verdadeiras eram repassadas para clientes no mercado cinza. Era algo muito grave acontecendo bem embaixo do meu nariz. Eu fui ignorado porque metade dos funcionários faziam parte do esquema e acharam que eu fosse esquecer rápido.

Foi então que eu fiz a maior burrada da minha vida, passei a me importar. Fiz cópias dos últimos lançamentos e comecei a fotografar as jóias que chegavam mas apareciam diferentes nas vitrines, era cada vez mais escancarada a falta de cuidado quando a empresa poderia ser acusada de sonegar impostos. Com as provas em mãos comecei a tentar contato direto com o senhor Walsch ou alguém do alto escalão por email, mas não eram lidos, por telefone não fui atendido, para um esquema desse porte estar acontecendo e ele não perceber os furos de faturamento, a empresa deve ser uma mina de dinheiro. O próximo passo era relatar à polícia, mas outros funcionários descobriram meu plano e a minha vida virou um inferno.

A noite do caçadorOnde histórias criam vida. Descubra agora