Subi as escadas relutante junto com Rojan, naquele dia o teatro iria começar pra valer.
- Não nos decepcione. - Ele falou.
O salão era enorme e estava cheio, em sua maioria senhores de cabeça branca usando ternos caros. Era estranho ver homens caquéticos com mulheres tão lindas e jovens, mas sei que era algo que eu devia ignorar. Rojan me guiou até uma mesa onde alguns desconhecidos estavam sentados, como se fosse meu segurança particular, ao me aproximar notei uma placa no centro da mesa com o sobrenome "Fetuttine" e deduzi, então aquela era a minha "família".
- Ágata! Você está belíssima querida! - Uma das senhoras se levantou e veio me abraçar.
- Dior mama, Dior. - Respondi tentando imitar um sotaque italiano.
- Sente-se filha, guardamos um lugar pra você. - Não posso mentir, os italianos fajutos facilmente enganariam qualquer um ali.
Prontamente me sentei, e um garçom tratou de me servir uma taça de champanhe. O evento estava prestes a começar e até onde entendi era a apresentação de um novo empreendimento na cidade, metade da alta sociedade francesa estava presente à convite do anfitrião que buscava investimento.
O diretor do projeto começou a apresentação, os telões projetavam imagens de uma cidade futurista enquanto ele falava. Após alguns minutos da apresentação vi a porta principal se abrir, era ele, Friedrich cortando o salão como um falcão em um vôo rasante. Suas feições eram sérias e não esboçava o menor sorriso nem cumprimentou ninguém exceto o anfitrião que deu lugar a ele em sua mesa. Ele estava impecável como sempre, usava um terno de cor cinza e seus cabelos molhados estavam perfeitamente penteados para trás.
A apresentação durou cerca de 30 minutos antes da pausa, um dos atores que estavam fazendo a minha família me falou que o anfitrião era Timothee, o melhor amigo de Freddie e ele quem havia convidado "os Fetuttine" ou seja, eu devia tomar cuidado com ele. Me levantei e fui até a mesa de comidas, tentando achar algo conhecido para comer estava quase claustrofóbico ficar ali.
- Não gosta de frutos do mar? - Freddie se aproximava com uma taça de champanhe em uma mão.
- Não é que eu não goste, é que uma coisa dessas poderia me causar um choque anafilático. - Sorri envergonhada e ele também esboçou um riso tímido.
- Vou falar com o Timothee para pedir algo italiano ao chef. - Ele falou enquanto me olhava. - Não podemos deixá-la com fome e nem a sua família, italianos...não vai me apresentar?
- Ah, claro... -Ele me pegou de surpresa, não imaginei que Freddie realmente se interessaria, mas eu estava desenvolvendo uma certa habilidade em improviso. Seguimos lado a lado até a mesa dos meus "pais".
- Quem é esse moço Ágata? - A atriz que fazia minha mama se levantou.
- Calma mama, esse é o Friedrich meu amigo. - Freddie educadamente a cumprimentou com um aperto de mão, assim como o ator que fazia meu pai.
- Ciao! - Ele falou em italiano. - É um imenso prazer conhecê-los, soube que os negócios de bebidas destiladas e vinhos andam bem por aqui. - Freddie já sabia mais sobre a "minha família" do que eu.
- Sim, devia visitar a Venezia & co. algum dia estamos ampliando nossas exportações. - Meu "pai" falava orgulhoso.
- Tenho certeza de que irei gostar, pedirei ao chef para cozinhar algo italiano para os senhores. - Seu olhar se encontrou com o meu esboçando um sorriso. - Posso roubá-la de vocês por alguns minutos?
- Estou de olho menino francês. - Meu "pai" fez um gesto engraçado fingindo ameaçá-lo.
Friedrich me deu o braço e me guiou até uma das sacadas, onde podíamos avistar metade da cidade e parte da Torre Eiffel ao longe. A vista era incrível e percebi que Paris fazia jus ao título de cidade luz, Freddie tomou um pouco do champanhe e apoiou a taça sobre a sacada antes de voltar o olhar para mim.
- Tem alguma coisa em você Fetuttine, eu não consigo te tirar da minha cabeça e eu tenho tentado. - Ele riu sem graça. - Seu olhar ingênuo, sua disposição de ser quem é independente do que seus pais digam me cativam, e além de tudo você é sexy e sabe disso.
- Oh, olha só! Quem te deu essa liberdade Walsch? - Brinquei.
- Por favor me chame de Freddie, e bom, eu não faço o tipo que escondo o que sinto. - Seu olhar agora se voltou a vista da cidade pela primeira vez. - Não é sempre que conheço alguém que não está interessada apenas no meu sobrenome.
- Pois então me chame de Ágata, e bom, tenho um outro interesse... - O provoquei. - Álcool. - Falei e em seguida peguei a taça virando todo o conteúdo, o fazendo rir.
Walsch realmente não se escondia, estava na primeira página dos tabloides sensacionalistas franceses que retratavam o herdeiro irresponsável. O plano era horrível, tudo o que eu estava passando me deixava péssima, mas quando Friedrich aparecia eu conseguia esquecer a existência de Piquet, era como se ele deixasse as coisas mais leves e me doía não conseguir alertá-lo do perigo que corria ao se envolver cada vez mais comigo. A minha forma de ajudá-lo era me esquivar da possibilidade, mesmo sabendo que isso poderia custar a minha vida.
- Você venceu, não quero assustá-la mas eu queria na verdade te dar isso. -Walsch tirou um envelope branco com um brasão verde desenhado do bolso e me entregou com um largo sorriso no rosto.
- E o que é isso? - Examinei o envelope e percebi ser o brasão da família dele pois era o mesmo das lojas.
- Abre. - Ele disse em tom de ansiedade.
Ao abrir o envelope percebi duas folhas dobradas, ao desdobrá-las pude ler o título e meu coração parecia saltitar em um misto de surpresa e felicidade. Era um contrato de patrocínio esportivo, li algumas linhas para saber se meus olhos não estavam me enganando e vi que era realmente o que parecia e sim eu era a nova atleta diamante dos Walsch. Meus olhos já estavam tomados por lágrimas, eu mal podia acreditar que um estranho de quem eu tinha sido obrigada a me aproximar acreditava tanto em meu potencial.
- Freddie, eu nem tenho palavras pra dizer o quão feliz e grata eu estou. -O abracei.
- É claro que ainda temos que tratar dos detalhes e contatar seu advogado, mas saiba que faço isso com a melhor das intenções. - Freddie arrumou o terno após o abraço. - No envelope tem todas as informações que você precisa para passar no meu escritório quando puder.
Fredrich depositou um beijo em minha mão e se despediu antes de voltar para a mesa dos amigos e idealizadores do evento e eu voltei para a minha "família", guardei o envelope para mim como se minha vida dependesse disso.
Ao sair da festa e voltar para a minha realidade de rata borralheira, Piquet ficou feliz de ver que eu estava progredindo e conquistando Walsch, o plano dele começava a dar certo
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A noite do caçador
RomantikDianna Moreau levava uma vida simples morando e trabalhando no subúrbio da capital francesa, iniciando uma vida longe dos pais ela tinha uma rotina relativamente tranquila, pois não fazia o tipo super social, mas, isso mudou quando no caminho de vol...