Comida Italiana

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Notas Iniciais:

Segundo capítulo do dia postado!
Boa leitura!

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Como tudo naquele lugar, o banheiro era luxuoso. Os tons escuros combinados ás luzes brancas facilmente reguláveis dava um ar confortável que Peter não sabia explicar. Ele abaixou um pouco a luminosidade ao entrar, deixando as roupas sobre a bancada enquanto decidia seus próximos passos.

Primeiro, é claro, ele revirou todas as gavetas e portas que viu, encontrando um pouco de tudo, desde sabonetes importados e toalhas macias como nuvens(ou tão macias quanto Peter imaginava as nuvens), até aparelhos de barbear estranhos e equipamentos para cabelo que Peter não sabia usar, com exceção do secador que se parecia um pouco com o de May, mas com muito mais botões.

Cremes com escritas estranhas e cheiros diversos foram fiscalizados, assim como os sais de banho coloridos que atraíram o garoto de seus frascos de vidro. Haviam muitos espelhos, até mesmo a parte externa do box era reflexa, e isso intimidava Peter mais do que ele se permitia admitir.

Por falar no box, ele foi a coisa mais confusa que ele tinha posto os olhos. O display tinha inúmeras funções que ele não sabia para que serviam, e bastou um olhar para dentro para que a confusão tomasse total controle de si. Considerando que o box devia ter uns cinco metros quadrados e seus vidros iam até o teto que era coberto com saídas de água, de uma parede até outra, era assustador. Tomar banho ali seria como estar sob céu aberto na chuva, podendo correr de um lado para o outro sem sair debaixo da água. Isso sem contar nas saídas de água ao longo das duas paredes, deixando apenas as outras paredes de vidro como pontos seguros.

Uma ducha era impensável para Peter naquele momento, então virou as costas para o box, indo até a banheira do outro lado.

Ela era relativamente mais segura, escavada no chão e aparentemente menos complexa. Era terrivelmente grande, talvez tanto quanto o box, e funda o suficiente para que realmente se preocupasse depois de uma segunda olhada. O display era um pouco mais orgânico, então foi fácil localizar o regulador de temperatura. O problema foi na quantidade de água, porque tinha certeza que se afogaria se usasse a capacidade total, além de que seria um desperdício de água muito grande e ele ainda era um cidadão consciente.

Quando finalmente encontrou o equivalente a dois terços da capacidade da banheira e o ativou, se permitiu saltitar até os frasquinhos coloridos que tanto o impressionaram quando estava vistoriando as coisas antes. Pegando as cores e cheiros que mais o agradavam, se sentou na beirada da banheira, vendo como ela enchia rápido e aproveitando a pressão da vazão para salpicar os sais de banho ali, adorando as bolhas que se formavam e as cores se misturando enquanto diluíam.

Se sentindo o próprio Ratatouille enquanto jogava um pouco de cada um dos pozinhos coloridos, Peter riu consigo mesmo enquanto a água diminuía a vazão até parar, só então retirando as roupas e entrando com cuidado. A água batia em seus ombros quando sentado, e a espuma alta fazia cócegas em sua orelha. Experimentando mover as pernas na água, se deu conta de como dava medo estar ali, quase submerso e com toda aquela espuma cobrindo tudo.

Enquanto tentava se acostumar com a sensação e se livrar do medo de morrer afogado, Peter não pode deixar de se perguntar como iria se livrar de todo aquela espuma em seu corpo se a banheira estava cheia dela.





Era humilhante admitir que teve que enxaguar o cabelo na pia? Era. Mas não era pior do que sentir o corpo grudento de sabão depois de sair do banho e se secar com as toalhas fofinhas dali. Talvez ele tivesse errado na quantidade de sais, mas como alguém podia esperar que ele se controlasse com todas aquelas cores bonitas e cintilantes para serem exploradas?

Mesmo depois de vestir as roupas que trouxera consigo a sensação de viscosidade em sua pele não passou. A calça de flanela rosa da Hello Kitty ficava prendendo em sua pele conforme se movia, e a blusa surrada do Star Wars tinha a mesma aderência dela. Até seus braços expostos pareciam pegajosos.

Se resignando com sua situação, Peter saiu do quarto, se deparando com Tony cozinhando.

Por um lado, ver o infame Tony Stark pilotando um cooktop( Peter achava que era um, já que as panelas pareciam ferver sobre a superfície espelhada) era surpreendente, mas por outro, aquilo parecia quase... rotineiro. Casual e doméstico. Como se já tivessem feito aquilo, mesmo que Peter tivesse certeza que não esteve com Tony em nenhuma situação que não envolvia laboratórios, arenas de treinamento e cenários pré-apocalípticos como um país estranho ou um planeta exótico e inóspito cheio de luas e com um vilão maníaco por jóias.

-- Espero que seu banho tenha sido bom. -- Tony disse enquanto picava uma cebola em cubinhos.

-- Foi. -- Peter mentiu, se dividindo entre se sentir culpado por fazê-lo e envergonhado por parecer uma criança que foge do banho ensaboada. -- Precisa de ajuda?

-- Não, mas já que insiste, descasque aqueles tomates para mim, sim? -- Tony apontou para a bancada às suas costas com a faca, e Peter tratou de ir lá. -- Espero que goste de comida italiana.

-- Não é porque minha família é italiana que eu deva gostar de comida italiana.

Peter percebeu que assim que falou, o barulho ritmado de Tony picando os temperos parou totalmente, e se virando um pouco, viu que o homem parecia petrificado.

-- Senhor Stark? -- Perguntou, já se preocupando.

-- Então você não gosta? -- Ele perguntou por fim, com a voz trêmula e sem voltar a se mover.

Gosto. Peter respondeu. Ou pensou que havia feito, porque uma sensação de dejavú o tomou naquele momento. Parecia certo responder aquela única palavra, parecia certo estar ali com Tony.

-- Gosto. -- Respondeu por fim, com um frio na espinha ao perceber que ao falar a palavra em voz alta, aquela sensação de já ter vivido aquilo aumentou.

Ainda virado para Tony, Peter notou como ele chacoalhou a cabeça, voltando as suas atividades.

O garoto demorou um pouco mais para fazê-lo.

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Notas Finais:

Não é o primeiro POV do Peter, mas gosto desse capítulo por ele ser mais descontraído.Muito obrigada por ler!Nos vemos em breve!

Conte-me seus sonhos, anjoOnde histórias criam vida. Descubra agora