Conte-me seus sonhos, anjo

Praga

Notas Iniciais:

Esse título não me é estranho...

Qualquer semelhança com o capítulo de EVD é mera coincidência...

Ou não.

Vistam os EPIs e boa leitura!

__________________

O hotel de Praga era ainda melhor do que os outros. Peter continuou com Ned como companheiro de quarto, mesmo que sua suíte fosse quase um apartamento, com os dois dormitórios separados, mas conectados pela sala de estar.

Tony havia ligado algumas vezes durante a correria do dia, assim como May. Manteve os dois atualizados como pode, mesmo que ambos tivessem notado que havia algo errado. Se mesmo Ned havia, as coisas deviam realmente estar fora de controle..

Conforme o final de tarde se estendia, resolveu ficar no quarto, depois de percorrer os mercados com seus amigos atrás de máscaras para a noite, mesmo que insistisse que isso era mais para o carnaval de Veneza do que o Tcheco, e que sequer era carnaval oficial naquela época do ano.

-- A principal vantagem de viajar depois do blip foram todos os países comemorarem suas festas tradicionais ao longo do ano todo, o que nos permite aproveitar o carnaval de Praga tão perto de outubro. -- Disse para Tony depois de relatar seus passeios, ao que o homem riu.

-- Sua animação não me parece alta para considerar isso uma vantagem. -- O tom dele era calmo, mesmo que Peter soubesse que ele iria fazer a pergunta. -- Está tudo bem?

-- Só estou um pouco distraído, isso é tudo. -- Não era mentira, afinal de contas. -- Com toda essa confusão com governo, e minha saúde, e com a gente. -- Peter não queria falar sobre nenhum desses tópicos agora. -- Mas estou bem. O senhor não precisa se preocupar.

Ele ouviu o suspiro de Tony, sabendo que sim, ele se preocuparia.

-- Podemos nos ver, essa noite? -- A voz dele estava esperançosa, e Peter sorriu com isso. -- Posso aproveitar essa desculpa do Carnaval para ir disfarçado.

-- Eu ficaria feliz em vê-lo. -- O garoto conseguia sentir o sorriso em sua própria voz, e podia imaginar que Tony também.

Seus amigos o arrastaram para as ruas logo depois de desligar.

As ruas noturnas cheias de pessoas o fizeram se perder rapidamente. A bagunça ao seu redor o deixava desnorteado. A música, a movimentação deles, tudo era demais. Aos poucos as cores ao seu redor se tornaram um borrão enquanto seus ouvidos zuniam, MJ e Ned fora de vista para pedir ajuda.

Parou em um banco de uma praça para tomar fôlego e se recuperar quando um estranho se sentou ao seu lado.

-- Você vem sempre aqui? -- Sua voz saiu estranha por conta da máscara que vestia, mas foi impagável a surpresa de Peter ao notar que era ele.

-- Quando falou sobre disfarce, não esperava que fosse literal. -- Peter riu ao falar, o olhando com curiosidade. -- Gostei da máscara. Sequer o reconheci.

-- Era essa a intenção. -- Tony respondeu, o analisando. Peter vestia uma camisa lisa azul, sob uma jaqueta escura e um jeans combinando com aqueles tons. Os cabelos se mantinham arrumados como sempre, e ele mantinha um sorriso divertido ao analisar sua máscara dourada.

Tony escolheu se misturar à multidão, com um casaco longo sobre seus jeans e camisa surrada do Black Sabbath. Com o capuz levantado e a máscara de rosto inteiro, era facilmente confundido com qualquer um.

-- Mas você não respondeu minha pergunta, garoto bonito. -- Continuou com um tom galante. -- Você vem sempre aqui?

-- Não, estou de passagem pela cidade. -- Ele sorriu para sua brincadeira.

-- E o que alguém como você faz sozinho? Essas ruas estranhas podem ser perigosas para turistas. Principalmente um tão bonito. -- Continuou, arrancando uma risada do garoto.

-- Primeiramente, eu sei me cuidar. -- A sobrancelha arqueada dele o levou à discussão que tiveram sobre isso. -- Em segundo lugar, esse é o tipo de flerte que saiu de moda à muito tempo.

-- E o que você me aconselharia? -- Pediu, gesticulando com a mão.

-- O senhor quer um conselho meu? -- A ideia o divertiu, mas a risada se tornou constrangida quando Tony afirmou. -- Por quê?

-- Há um cara de quem gosto muito. -- Começou, o encarando nos olhos pela máscara. -- Eu o amo, para ser sincero, mas nem sempre ele parece ter noção disso. E eu gostaria sim de algumas dicas. Ele parece ser do tipo que deve ser levado à moda antiga. Alguns flertes, jantares à luz de velas, passeios à noite. -- Parou de divagar ao encará-lo melhor, vendo o sorriso doce dele. -- Estou sendo... muito "emocionado", como dizem os millennials? Isso o assustaria ou estaria indo pelo caminho certo?

-- Algo me diz que ele aceitaria qualquer coisa que o senhor oferecesse. -- O tom dele era tão doce quanto seus olhos, e Tony só queria tirar a máscara e beijá-lo naquele momento.

-- Mesmo? -- Perguntou, querendo trazer humor para a conversa, antes que esquecesse que devia se manter disfarçado e agarrasse o garoto. -- Eu tenho uma longa lista de presentes que queria dar à ele. Tenho pensado que a Bugatti La Voiture Noire é um bom presente de formatura.

-- O que é isso? -- Ele deixou de lado o personagem, a carranca confusa muito fofa.

-- Um carro esportivo. -- Tony viu a confusão virar incredulidade.

-- Esse cara em questão não sabe dirigir. -- Os olhos dele se estreitaram, cruzando os braços. -- E ele não aceitaria esses tipos de coisa.

-- Seria uma jogada de marketing. Eu o ensinaria a dirigir e roubaria um e outro beijo durante essas aulas. Todos sairiam ganhando.

-- Isso não ameniza seu exagero. -- Tanto a voz quanto ao rosto dele eram resolutos em sua recusa.

-- A gente pode conversar sobre isso em outra hora.

-- Não me parece que ele irá mudar de opinião.

-- Eu sou muito persuasivo quando quero. -- Tony não soube se seu tom baixo era proposital, mas foi gratificante ver o rubor de Peter com seu tom sugestivo.

-- E eu sou muito convicto dos meus ideais. -- A resposta dele ainda teve firmeza, acabando com a brincadeira em terceira pessoa.

-- Acha que esse cara, por quem sou loucamente apaixonado, aceitaria dar um passeio comigo?

-- Como um encontro? -- A expressão surpresa de Peter o fez se lembrar que ainda não tiveram um, se arrependendo de como as coisas estavam indo.

-- Já era hora de termos o primeiro. -- Deu de ombros, olhando ao redor, se sentindo estranhamente inseguro ao declarar isso em voz alta. Que tipo de pessoa ele era que ainda não havia feito isso?

______________

Notas Finais

Bugatti La Voiture Noire é o carro esportivo mais caro da história e atualmente pertence ao Cristiano Ronaldo.

Assustei vocês? Praga não é um capítulo muito bom em EVD. É quando as coisas passam a desandar por lá e tudo.

Espero que tenham gostado!

Até mais!