Bálsamo

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Notas Iniciais: 

Sem delongas dessa vez, boa leitura!

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Se deitou no divã, como lhe foi solicitado, respirando fundo várias vezes, tentando acalmar a vergonha que o afligia. O mago esperou, pacientemente, mantendo distância e sem encará-lo de fato. Peter deixou o uniforme se desfazer, se agrupando nas pulseiras, sentindo o vento frio arrepiar sua pele.

Só então Strange o olhou, seus olhos se fixando em seu rosto com desagrado.

-- Quem fez isso com você, Peter? -- Ele perguntou, os olhos sérios e a voz dura. Peter se encolheu quando os longos dedos dele tocaram o lado do seu rosto onde o amarelo doentio esmaecia.

Se manteve em silêncio. Não queria que ele o julgasse pelo problema na escola, não mais do que já via o desagrado naqueles olhos azuis. Ele desviou os olhos do olhar penetrante dele, focando na vista lá fora.

-- Peter. -- Strange falou com um suspiro. -- Peter, olhe para mim. -- Ele aplicou um pouco de pressão em seu queixo, o fazendo encará-lo outra vez. -- Seja lá quem fez isso, ele deve pagar. Por que diabos alguém machucaria alguém como você? Você é uma das pessoas mais incríveis e doces que conheço, e ninguém devia sequer cogitar a ideia de ferí-lo assim. -- Ele o encarou nos olhos, os azuis suavizando. -- Mas se não quiser falar, tudo bem.

Peter acenou em agradecimento, vendo os olhos do médico percorrerem seu torso com aquele olhar analítico, os olhos endurecendo outra vez enquanto via as marcas que ainda permaneciam ali. Ele sentiu o médico tocar cada uma delas com cuidado, o toque leve como uma pena arrepiando sua pele outra vez.

Então ele as pressionou com cuidado, o fazendo se encolher, antes de pegar o estetoscópio, o posicionando em vários lugares e ouvindo.

-- Nenhum osso foi danificado, aparentemente, mas seus pulmões continuam com ruídos. -- Ele disse, antes de perdir para que respirasse fundo e segurasse o ar algumas vezes, continuando com o mesmo pensamento.

Quando Stephen pediu para que deitasse de costas, as coisas pioraram um pouco. Com o rosto apoiado nos braços, o sentiu fazer o mesmo de antes, e o ouviu sair em algum momento, ficando fora por alguns segundos.

Ele voltou e espalhou alguma coisa gelada onde doía, fazendo seu corpo se sobressaltar outra vez, mas tentou relaxar ao sentir o cheiro de ervas.

-- É um bálsamo medicinal que Wong me deu. -- Ele disse, as mãos subindo e descendo por suas costas, espalhando aquela gosma fria por toda a superfície, amaciando os nós que Peter nem sabia que tinha. Ele sentiu os suspiros saindo de seus lábios sem se preocupar em contê-los, as longas mãos do mago massageando suas costas até os ombros, então descendo até perto do cós da boxer que vestia, sem nunca se aproximar indevidamente.

Em algum momento ele pediu para que se virasse e Peter o fez sem pensar, se sentindo dormente. Sonolento. Seus olhos piscavam preguiçosos, se focando em Strange vez ou outra, enquanto ele pegava um pouco do gel transparente, dessa vez Peter acompanhando os movimentos dele enquanto colocava uma camada generosa sobre as marcas, as cobrindo todas antes de pegar outro punhado e espalhá-lo nas mãos, Peter vendo como seus corpos ficaram próximos enquanto as mãos dele iam até seus ombros, massageando ali com maestria, o fazendo fechar os olhos por alguns momentos, se desligando do momento.

Peter só foi abrí-los depois que o mago massageou seus dois braços e passou para o peito, sussurrando alguma coisa em uma língua estranha.

-- La bouche de ce garçon... -- Peter o ouviu sussurrar calmamente, massageando o começo de suas costelas com leveza. -- Oh tu devrais arrêter de faire ces doux sons, joli mec.

Conte-me seus sonhos, anjoOnde histórias criam vida. Descubra agora