Carmesim

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Notas Iniciais:

Capítulo curtinho, mas pretendo postar o próximo amanhã.


Vistam os coletes e... tomem cuidado ao ler. Não sejam pegos de surpresa.


Boa leitura!

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Ele dormia como um anjo. Tony só conseguia ver as costas dele, reconhecendo a blusa cinza com a logo da Nasa, já que havia um desenho menor perto da gola nas costas. Os cabelos dele caíam em cachos pelo travesseiro, levemente úmidos pelos banho que ele tomara antes de jantar com ele em seu quarto. Foi aí que Tony se deu conta de que não se lembrava de como o garoto foi parar lá.

Um vento forte entrou pela enorme e alta janela do quarto, afastando a cortina e iluminando ao redor com os raios que se seguiram. Tudo seguia a mesma ordem do quarto de suas memórias, desde o armário e a escrivaninha em paredes opostas, até a cama enorme e o bidê ao lado dela.

Até mesmo Peter se parecia muito com sua memória. Mas o fato de se lembrar claramente do garoto lhe desejando boa noite e saindo não deixava sua mente descansar. E se lembrava de ter fechado a janela, já que um segundo dilúvio caía do céu e deixá-la aberta era idiotice, principalmente quando só tinha aquele cobertor fino para enfrentar a noite fria.

Quando estava prestes a se levantar da cama, notou os braços do Peter.

As marcas em carne viva em seus pulsos e os hematomas que subiam até onde a camisa cobria. Tony respirou fundo ao virar o garoto para si, e quase gritou em choque.

Olhos fundos e desfocados o encaravam sem o ver, as maçãs do rosto tão proeminentes no rosto magro que doía em sua alma. E todos aquelas marcas roxas...

Santo Deus.

Tony o soltou.

Aquilo não era real. Peter estava no outro quarto.

Um pesadelo. Um pesadelo, com o mesmo Peter que resgatara daquela gaiola.

Um pesadelo que o estava impedindo de respirar, e Tony conseguia sentir as lágrimas descerem pelo seu rosto enquanto seu corpo paralisava e seus pulmões falhavam.

O menino não se movia. O peito não subia para indicar uma respiração qualquer, por mais mínima que fosse. Ele caiu exatamente como Tony o soltou e não se moveu. Tony se esforçou para se levantar do chão onde caíra e se aproximar da cama. Sua respiração ainda era difícil, e parecia piorar enquanto o pânico se instalava ao se dar conta do óbvio.

Do sangue na cama, do garoto morto com os pulsos cortados.

Mas haviam muitos outros ferimentos, tantas buracos rasgados na pele que devia ser imaculada, as manchas carmesim se espalhando pela camisa clara, doendo em seus olhos. Então, quando foi limpar as lágrimas deles, notou suas mãos sujas pelo sangue de Peter.

E a porra de uma faca em uma delas.

Tony a soltou assim que notou sua presença, o barulho metálico ressoando pelo quarto, não sendo silenciado nem mesmo pelos trovões lá fora. Ele queria tocar o garoto. Aquilo não podia ser real, mesmo que seu peito doendo para respirar devesse servir de indicativo. Ele esticou a mão, pronto para afastar uma mecha dos olhos vítreos de Peter quando a cortina voou.

Vermelha carmesim, e se enrolando em volta dele, o sufocando ainda mais que o ataque de pânico que começava a se formar. Era a capa do mago. Aquela coisa viva e sentimental que ajudara a salvar Peter tantas vezes. E agora ela o afastava dele.

-- Por quê você fez isso à ele, Tony? -- Stephen perguntou, parecendo desolado ao chegar a cama. O arrogante mago chorava enquanto pegava o corpo de Peter em seus braços, o abraçando com força, mas sem qualquer reação do menino morto. -- POR QUÊ? -- Ele gritou, sua capa se apertando ainda mais em torno dele enquanto Tony queria se defender.

Mas a faca estava em suas mãos, o sangue manchava seu corpo. Ele não sabia o que dizer.

-- Ele era... tão alegre e vivo. -- O mago continuou, afastando o cabelo de Peter do rosto como Tony quis fazer mais cedo. -- Tão livre. Você não tinha o direito. -- Ele sussurrava agora, o corpo e as palavras tremendo enquanto chorava. -- Você sabe que vai pagar por isso, Tony. Vai pagar caro.

Então, como que respondendo algum comando, a capa se apertou ainda mais, o deixando inconsciente.

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Notas Finais:

Bom, teorias são bem-vindas.

Seria Tony um vilão?...Espero que tenham gostado!

 Até o próximo capítulo.


Conte-me seus sonhos, anjoOnde histórias criam vida. Descubra agora