Capítulo 2

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Aretha Anders

— Nós vamos sair pra jantar daqui a pouco. — Harry falou chamando minha atenção, eu e Archie estávamos jogando videogame na sala e meu cunhado estava no quarto com a minha irmã. — Vocês querem ir?

— Você vai? — Perguntei para meu irmão enquanto apertava o botão que fazia a minha avatar no jogo ficar chutando, assim ele não conseguia se mexer.

— Para de roubar, Aretha! — Reclamou tentando tirar o controle das minhas mãos. — Eu vou se você for. — Respondeu ainda tentando pegar o controle, o que era inútil porque eu já estava ganhando.

— Eu só vou se você for. — Respondi dando de ombros, eu odiava ficar de vela para minha própria irmã e o namorado.

— Então vocês dois vão. — Harry decidiu tirando o videogame da tomada, o que fez eu e Archie o olharmos incrédulos. — Vão se arrumar, vocês tem meia hora. — Avisou antes de voltar para o quarto.

— Por que nós demos tanta intimidade pra ele? — Questionei fazendo careta.

Eu não lembro de um momento da minha vida em que Harry não estava presente, ele e Archie são como unha e carne desde sempre. Nossas mães eram vizinhas e amigas na época que os dois eram bebês, acabaram optando por pagar uma única pessoa para cuidar de ambos, assim poderiam continuar trabalhando e ter certeza que os meninos estariam bem, contribuindo para a amizade fortíssima que eles tem.

Audrey na época já estava no primeiro ano da escola, se não me engano, e eu ainda não estava nos planos de meus pais. Por termos crescido todos juntos, considerava Harry como parte da família, um irmão mais velho e cunhado também, já que ele e minha irmã estão juntos desde o começo da adolescência, mesmo tendo assumido oficialmente o relacionamento só cinco anos atrás.

— Não sei, mas eu tô arrependido. — Respondeu levantando do sofá e me estendendo a mão.

— Valeu. — Sorri, mas quando fui me apoiar na mão dele para levantar, o mesmo se afastou e eu cai de bunda no chão. — Tu é ridículo Anders, vai se fuder.

— Você sabe que Anders também é seu sobrenome né? — Perguntou rindo e eu revirei os olhos. — Não faz sentido você usar ele para me xingar.  — Revirei os olhos, ele não estava errado.

Levantei e fui para o meu quarto, eu já havia tomado banho quando cheguei, o que fazia menos de duas horas, então optei só por trocar de roupa.

Mas para quem perguntar, eu me preocupo muito com o ambiente e estava economizando água. Deus me livre ter que tomar banho para tudo o que vou fazer.

Vesti uma calça e um cropped pretos, um casaco da mesma cor com algumas pequenas imagens personalizadas, coloquei um tênis branco e passei perfume. Meu rosto estava pálido e com leves olheiras porque não estava dormindo bem nos últimos dias, então optei por passar um pouco de maquiagem.

— Tô pronta. — Avisei em tom alto saindo do quarto.

— Tadinha... — Archie comentou saindo do quarto dele e andando ao meu lado até a sala, ele havia trocado de roupa e seu cabelo estava levemente úmido. — Parece que um caminhão te atropelou.

Dei de ombros sorrindo com a sua provocação, Archie tinha uma maneira estranha de fazer elogios. Audrey sempre falava coisas bonitas quando gostava da minha roupa, já meu irmão era diferente, quando usava palavras convencionais para elogiar eu sabia que estava horrível.

— Foi o mesmo caminhão que passou por cima de você. — Sorri falsa para ele que assentiu se jogando no sofá.

Fui até a porta que dava acesso a parte de trás da casa, suspirei olhando o simples jardim, com um balanço triplo enferrujado, uma casinha de cachorro abandonada e algumas flores secas. Fazia muito tempo que nenhum de nós frequentava aquela parte, Harry era o único que abria a porta de vez em quando, para o "ar circular" por dentro da casa segundo ele.

Balancei a cabeça tentando afastar todos os pensamentos que ameaçavam chegar, fechei a porta e encostei a cabeça nela.

— Hoje não, por favor... — Implorei para meu subconsciente que ainda trazia leves flashbacks

— Você sabe que não foi sua culpa... — A voz da minha irmã me faz dar um pulo, a olhei negando com a cabeça.

— A gente não vai ter essa conversa... De novo. — Declarei respirando fundo, odiava a forma que ela estava me olhando, com dó. Forcei um sorriso segurando mais forte a alça da minha bolsa. — Vamos? Eu tô com fome.

— Tudo bem. — Concordou passando o braço por cima dos meus ombros. — Vamos, Harry e Archie já estão no carro.

Caminhamos em silêncio até o carro, Audrey é o pilar que sustenta todos ao seu redor, talvez por ser mais velha que os demais, não sei dizer. Porém, às vezes, ela queria resolver tudo para todos e eu não gostava disso.

— Shawn Gostoso Mendes ou Justin Lindo Bieber? — Audrey perguntou mexendo no som do carro, Harry estava dirigindo, ela ao seu lado, Archie e eu no banco de trás.

— Justin Lindo Bieber. — Archie falou e eu fiz careta.

— Shawn Gostoso Mendes. – Falei como se fosse óbvio e ele me olhou negando freneticamente.

— Harry Perfeito Styles. — Harry falou tentando evitar uma discussão desnecessária sobre qual música colocar.

— Vai ser Ed Maravilhoso Sheeran então. — Minha irmã deu de ombros colocando Shape of you para tocar.

— Gente o que vocês acham sobre o tráfico de anões? — Meu irmão perguntou depois de alguns minutos que estávamos só cantando/gritando as músicas que tocavam.

— Ah não Archie... Cala a boca. — Audrey reclamou.

— Respondam ele, tadinho. — Falei sorrindo quando pensei em uma ótima resposta. — Eu acho que o tráfico de anões é uma atitude baixíssima. — Harry gargalhou enquanto minha irmã balançava a cabeça apertando os lábios para evitar rir, Archie me olhava sorrindo orgulhoso.

— Que orgulho, maninha. — Me abraçou de lado. — Esse é o senso de humor que eu gosto.

— Um mais bobo que o outro. — Audrey riu nos olhando pelo retrovisor — Eu tenho uma melhor...

— Fala amor. — Harry sorriu animado e minha irmã gargalhou antes de começar a falar, me senti representada.

Eu sempre dou risada antes de contar uma piada.

— Como a galinha vende drogas? — Questionou, todos ficamos em silêncio nos entre olhando, mas ninguém sabia.

— Como? — Perguntei e ela voltou a rir, respirando fundo antes de responder.

Pó, pó, pó... — Nós ficamos alguns segundo em silêncio para entender, mas quando isso aconteceu começamos a rir igual doidos.

— Eu tenho outra. O que é uma maconha enrolada em um jornal? — Harry perguntou

— Todo mundo sabe que é um baseado em fatos reais. — Archie disse antes de dar um tapa na cabeça do amigo, que fez um bico mostrando estar chateado.

Fomos contando piadas sem graça e cantando o resto do caminho até o simples restaurante italiano que havíamos escolhido em uma votação.

Eu gostava e valorizava muito os momentos em que passava com a minha família, me sentia leve e feliz por poder compartilhar pequenos e grandes momentos com eles. Nós sempre fomos unidos, coisa que encantava nossos pais e todos ao redor.

Mesmo que no fundo nossas personalidades fossem um tanto conflitantes, não era difícil saber que deixaríamos tudo de lado para ajudar quando alguém precisasse.

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Continua...

Amor, Bolinhos E CaféOnde histórias criam vida. Descubra agora