Capítulo 9

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Zayn Manfor

Entrei na cafeteria na segunda de manhã e me sentei na mesa de sempre, tinham poucos clientes no lugar e, diferente de sexta-feira, hoje a menina morena veio me atender sorridente.

Eu quase enlouqueci durante o fim de semana, Hope não parou de falar sobre como seria a reação da menina ao ler a carta. Minha irmã era extremamente carente porque não podia ter contato com pessoas de fora, então qualquer "boa ação" de terceiros a deixava feliz e animada de forma insuportável.

Hope era insuportável em grande parte do tempo, mas eu também sou. Só que somos em formas diferentes.

— Bom dia senhor. — Ela sorriu, era um sorriso muito bonito, ela na verdade era muito bonita. — O que o senhor deseja?

— O de sempre. — Respondi simples e ela assentiu anotando no celular. Eu costumava repetir meu pedido todos os dias, mas já tinha notado algumas vezes que ela pedia para preparar meus cafés antes de me atender e em algumas vezes já estava até separando os bolinhos quando eu chegava na cafeteria, sabia que pedir "o de sempre" não seria uma surpresa para ela.

— Certo, eu trago em um minuto. — Ela saiu apressada indo para trás do balcão.

Acompei pelo canto do olho ela embalar os bolinhos e colocá-los em uma embalagem de papel juntamente com os dois cafés que haviam sido finalizados pelo novo barista, que sorriu de forma muito alegre ao entregá-los para a menina que eu ainda não sabia o nome.

Desviei meu olhar para meu celular antes que a mesma percebesse que eu a olhava e pudesse surgir um constrangimento para ambas as partes.

— Aqui está o seu pedido, senhor. — Ela sorriu ao colocar a embalagem sobre a mesa enquanto segurava um envelope decorado com adesivos de flores, arqueei a sobrancelha já imaginando o que aquilo significava. — Se não for te incomodar... Poderia entregar essa carta para sua irmã? — Ela parecia sem graça para fazer esse pedido, até gaguejou em alguns momentos.

— Posso. — Assenti enquanto colocava o dinheiro do pedido sobre a mesa. — Hope vai ficar insuportável com essa carta. — Comentei baixo já imaginando a felicidade irradiando da minha irmã e que eu teria que aguentar.

— Desculpa, eu acho. — Pediu confusa inclinando a cabeça para o lado.

— Não é ruim, na verdade. — Dei de ombros levantando, pegando o envelope com e o pedido. — Ela vai ficar feliz.

A garçonete sorriu aliviada antes de dar um passo a frente para pegar o dinheiro na mesa.

— Obrigada, tenha um bom dia senhor, espero que os bolinhos estejam bons. — Eu assenti me virando para ir embora, mas acabei escutando um sussurro dela no meio do caminho. — Um "obrigado" não mata ninguém.

Parei no mesmo lugar e olhei por cima do ombro, ela limpava a mesa e, com certeza, não imaginava que eu escutaria. Balancei a cabeça em negação e um sorriso fraco surgiu em meus lábios.

Hope sempre me falava essa frase e eu nunca me importei.

[...]

Entrei em casa depois de toda a rotina de cuidados que eu precisava ter para não levar nenhuma sujeira que pudesse fazer mal a Hope. Qualquer poeira de fora lhe fazia mal.

Coloquei os bolinhos sobre um prato grande juntamente com os cafés e fui até o quarto da minha irmã. Antes de bater na porta, coloquei a carta da menina da cafeteria no bolso que ficava dentro da minha jaqueta de couro.

— Hope? — Chamei após dar três batidas na porta e abri-lá, encontrei a morena que não era nem um pouco parecida comigo deitada em sua cama encarando as estrelas que haviam coladas no teto.

Amor, Bolinhos E CaféOnde histórias criam vida. Descubra agora