Capítulo 16

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Aretha Anders

— A semana foi horrível. — Desabafei para Hope que estava do outro lado da janela do próprio quarto. Era sábado de manhã e eu estava na casa da morena, dessa vez sozinha, pois Jammie estava fazendo algum cursinho por aí.

Durante os outros quatro dias, o movimento da cafeteria tinha continuado mínimo. Harry e Archie estavam tentando se manter firmes, mas todo mundo sabia que eles estão muito preocupados, principalmente agora que eles fizeram investimentos em máquinas melhores e na contratação do Noah.

— Zayn sempre repete duas frases que nosso pai falava... — Sorriu fraco pegando um porta retrato da escrivaninha perto dela. — "As dificuldades trazem experiências e conhecimento" e "Mudar dá medo, mas a gente deveria ter medo é de ficar no mesmo lugar". Acho que combina com o que vocês estão passando. — Comentou passando os dedos suavemente por cima do vidro que cobria a foto. — Vocês vão ter que ter coragem e mudar pra trazer os clientes de volta.

Suspirei desviando o olhar para o céu azul e com poucas nuvens. Hope não estava errada, mas não era fácil simplesmente mudar algo que deu tão certo durante anos, não tem como fazer isso do nada. Teria que ser feita toda uma pesquisa e estratégia que provavelmente iria propor mudar a ideia principal do meu irmão e Harry.

— Quem são? — Perguntei mudando de assunto levantando da minha cadeira e me aproximando da janela, Hope sorriu virando o porta retrato na minha direção.

A foto era da família dela em um quarto de hospital, uma mulher de olhos azuis segurava um bebê recém nascido, que eu imagino ser Hope, e um homem moreno estava ao seu lado juntamente com um menininho moreno sorridente. Não era difícil de reconhecê-los.

— É a única foto que eu tenho com a minha mãe. — Sorriu fraco e eu arqueei a sobrancelha olhando a foto melhor.

O homem mais velho me parecia familiar e não é só por ser muito parecido com o Zayn. Eu tinha certeza que já tinha o visto, mas meu cérebro bloqueava qualquer lembrança.

— O que foi? — Hope perguntou notando minha expressão, neguei com a cabeça forçando um sorriso.

— Vocês são muito parecidos com seus pais. — Respondi dando de ombros, sem nenhuma vontade de faltar que eu achava que conhecia o pai dela.

— São nossos pais né. — Riu deixando o porta retrato sobre a mesa novamente. — Estranho seria se não nos fossemos parecidos.

— Tem razão. — Dei risada voltando para a minha cadeira.

— Sabe com o que o Zayn trabalha? — Perguntou e eu neguei. Nunca me interessei em saber isso, achava que ele nem trabalhava. — Com marketing e consultoria empresarial.

— Ele trabalha com isso? — Perguntei cruzando os braços com um sorriso debochado. — Zayn não parece o tipo de pessoa que gosta de pesquisar o que as pessoas gostam e aplicar isso em empresas. Isso parece mais coisa da versão feminina dos Manfor. — Falei me referindo a ela, o que trouxe uma risada sincera da menina.

— Você tem uma péssima impressão sobre minha pessoa, Aretha. — Falando no diabo. Zayn falou entrando no quarto de Hope com alguns remédios na mão e um copo de vitamina.

— Tenho meus motivos. — Dei de ombros, ele negou com a cabeça entregando os comprimidos e o copo para a irmã, afirmando que ela não deveria reclamar ou fazer careta ao tomá-los.

— Você fala isso porque não é você que tem que tomar esses negócios com gosto de morte. — Ela resmungou antes de colocar tudo na boca e engolir fazendo uma careta engraçada, o que me fez apertar os lábios para não rir.

— E só pra você saber Anders. — Zayn destacou meu sobrenome ao falar. — Eu sou ótimo no que eu faço.

Fechei os olhos com força, me odiando por tanta falta de inocência, eu sempre acabava vendo malícia em coisas bobas como a que ele havia falado.

— Já sei! — Hope exclamou animada chamando nossa atenção. — Por que o Zayn não faz um estudo na cafeteria de vocês? Talvez ajude. — Deu de ombros.

— Eles já devem ter alguém pra fazer isso. — Ele comentou indiferente se sentando na cama dela.

— Realmente, os meninos contrataram um empresa desde o começo do café pra fazer isso. — Expliquei e ela fez uma expressão de desânimo.

— Mas uma segunda opinião não mata ninguém né? — Ela perguntou e eu acabei concordando, uma segunda opinião poderia não resolver a situação, mas também não prejudicaria ainda mais. — O que você acha Zayn?

— Se eles quiserem e me pagarem pelo serviço... — Deu de ombros deixando a frase no ar, dei risada com sua forma de falar.

— Eu vou falar com eles e te aviso depois. — Falei o olhando, o mesmo assentiu olhando no fundo dos meus olhos.

Não entendi o que estava acontecendo, mas eu simplesmente não conseguia desviar o olhar e ele parecia na mesma situação. Observei o mesmo engolir em seco sem deixar de me olhar, senti algo dentro de mim revirar.

Não, não, não...

Não queria acreditar que eu estava sentindo borboletas no estômago em uma troca de olhares com o gatinho misterioso.

Não queria acreditar que eu estava gostando daquela sensação.

O toque do meu celular infelizmente estourou a bolha em que estávamos naquele momento, engoli em seco olhando para Hope que estava mexendo em seu celular, alheia ao que tinha acontecido a poucos segundos atrás. Peguei meu celular vendo brilhar o nome de minha melhor amiga e os corações que o acompanhavam.

—  Coloquei no viva-voz Jam. — Avisei após atender e apertar a opção, coloquei o aparelho sobre a perna.

— Onde você tá? — Perguntou rapidamente e eu franzi o cenho.

— Na casa da Hope, eu te avisei por mensagem. — Relembrei.

— Tinha esquecido. — Lamentou. — Oi Hope, tudo bem? — Perguntou em um toma mais alto, ela e a morena conversaram rapidamente antes da minha amiga voltar a me chamar. — Aretha, sabe quem voltou?

— Quem? — Perguntei curiosa, mas me arrependi profundamente no momento em que ela respondeu.

— John...

_____________
Continua...

John...

Quem vocês acham que é?

Amor, Bolinhos E CaféOnde histórias criam vida. Descubra agora