4.Passatempo é p*rra!

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"Diz que eu sou seu passatempo

Passatempo é porra!

Eu passo a mão, eu passo a língua, eu passo a boca
...
E vou continuar passando a vida toda."

Safadão, Wesley.

***

— Quer dizer que eu sou um passatempo pra você? — O aperto nos cabelos da nuca se tornou mais forte, a ponto de arrancar lágrimas que Gojo fez questão de lamber, se projetando acima do corpo quente esparramado na cama.

— Esperava ser o quê? Meu pretendente, futuro noivo? — Zombou Getou, erguendo o queixo apesar do puxão da mão grande de seu acompanhante.

— Esperava que você fosse mais honesto... — sussurrou de volta, a boca indo até o pescoço para sugar com força, deixando hematomas enormes. — Se bem me lembro, você disse que me amava da última vez. Eu acreditei, sabia?

Getou gemeu, arranhando as costas do seu peguete quando a boca dele alcançou seu mamilo e chupou com vontade. Odiou o fato de ser o único nu ali, enquanto Gojo ainda estava completamente vestido.

— Problema é seu — retrucou atrevido, ainda que estivesse derretendo sob os toques.

— Você mente muito mal — zombou Gojo, rindo soprado contra o seu peito, erguendo os olhos para encará-lo. — Diz que sou passatempo, mas você mesmo ama quando eu passo minha mão em você assim — apertou a coxa esquerda com firmeza, deixando uma marca dos dedos. — Ou quando passo minha boca por aqui — beijou um pouco abaixo do umbigo, o ponto fraco dele. — E principalmente quando eu passo minha língua desse jeito — abaixou-se na cama até alcançar a parte interna da coxa esquerda, que lambeu e sugou com gosto, arrancando suspiros de prazer nada discretos. — E você sabe que só eu posso fazer desse jeito, e por isso você me ama.

Gojo ergueu-se novamente até o rosto estar na altura do rosto de Getou, o encarando com intensidade. Os braços estavam apoiados ao lado da cabeça dele na cama, o tronco erguido. A tempestade azul cristalina se elevava sobre a tempestade ônix, olhos falando o que a boca não se atrevia. Aquilo há muito tinha deixado de ser um passatempo, e ambos sabiam disso. Mas saber não era o suficiente: Gojo queria ouvir.

Ele saiu da cama e se aprumou na frente do espelho disposto na penteadeira, ignorando o olhar indignado do outro.

— Vai sair e me deixar assim? — Insistiu Getou, apontando para a ereção que pingava em seu estômago.

— Pode arrumar outro passatempo pra resolver, não? Geralmente, a gente sempre tem mais de um passatempo — Gojo deu de ombros, tentando realinhar a camisa amassada pelos amassos que dera no outro.

— O que você quer que eu diga, hein? — Suspirou Getou, sentando na beirada da cama para encará-lo pelo espelho.

— A verdade — Gojo voltou-se para ele novamente, o olhar intenso atravessando sua alma. — Tudo bem não dizer por aí que me ama e fazer serenatas, mas precisa dizer que sou um passatempo?

— Não sabia que isso te ofenderia tanto, você nunca leva nada a sério — devolveu Getou, o tom igualmente descontente. — E se eu for só mais uma coisa que você não leva a sério, com que cara vou ficar depois? Antes um passatempo que vira algo a mais do que um algo a mais que na real deveria ter sido só um passatempo mesmo.

Gojo piscou, aturdido. Esperava que, àquela altura, suas intenções já estivessem claras. Como assim Getou ainda desconfiava da seriedade de seus sentimentos? Porra, tinha postado foto dele dormindo ao seu lado no Instagram, e nunca fizera isso com nenhum de seus rolos antes! Indignado, marchou até o protótipo de Descartes — cheio de dúvidas e afins — e parou bem na sua frente, agarrando um punhado de seus cabelos mais uma vez e o obrigando a olhar para cima, os olhos mais afiados do que nunca.

— Eu vou dizer bem alta e claramente, olhando bem pra essa sua cara de puta: passatempo é uma porra, entendeu? Eu te amo pra caralho e se não for recíproco, avisa agora que na minha piroca de ouro você não senta mais!

Getou não pôde resistir à súbita vontade de rir. Se pela frase ridícula, pela declaração inesperada ou pela felicidade, ele não sabia dizer. Mas quando enfim se recompôs o suficiente para falar, encarou o outro e lhe deu o sorriso mais radiante e confiante do mundo.

— Então eu vou continuar sentando a vida toda.

50 tons de SatoSugu!Onde histórias criam vida. Descubra agora