11.Diligente

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Diligente: 1. que tem ou denota diligência; ativo, aplicado, zeloso, cuidadoso.

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 A fama de Satoru sempre fora de alguém irresponsável, impulsivo e que cedia facilmente aos caprichos. Quase ninguém sabia o quão diligente ele podia ser quando estava disposto. Não que ele não zelasse pelos seus, mas a questão era raramente permitir-se demonstrar esse zelo e cuidado tão descaradamente quanto demonstrava sua despreocupação e idade mental de dois anos.

Mas havia alguém que conhecia bem essa diligência, alguém que zombava disso quando estavam juntos, mas se permitia derreter de amores quando Satoru partia. E esse alguém era Suguru Getou, e estava sorria irônico para a grande figura que adentrava a casa, cheio de sacolas de compras e de uma aura radiante que o circundava.

— Será que um dia eu vou saber como ninguém desconfia de toda essa alimentação saudável que você compra sendo alguém nada saudável? — Indagou de braços cruzados, começando a ajudá-lo com as compras.

— Não é como se monitorassem minhas compras, Suguru — devolveu Satoru, revirando os olhos.

— Ah, é que você era sempre tão famoso... talvez não seja mais tão poderoso quanto antes, né? — Riu maliciosamente, jogando os braços ao redor do pescoço do outro ao fazê-lo largar um saco de batatas no chão da cozinha.

— Às vezes penso que devia ter te estrangulado quando tive chance — brincou Satoru, deixando-se ser levado pelo beijo lento e sensual de seu amante secreto.

A verdade é que o feiticeiro mais forte tinha simplesmente se apaixonado pelo segundo feiticeiro mais forte e mais procurado do mundo Jujutsu. E quando se deparou com a segunda chance de acabar com aquilo, percebeu que era exatamente como tentar apagar uma linha errada no esboço de um desenho e traçá-la erroneamente de novo, como um erro que não pode ser extinguido a menos que você aprenda com ele. Em sua segunda chance, Satoru soube que não poderia matá-lo, mesmo ele tendo atentado contra seus queridos alunos, porque o amava. E foi exatamente o que disse a um quase morto Suguru, a quem curou e escondeu num lugar secreto, planejando mantê-lo assim até se livrar dos sentimentos tolos. Infelizmente — ou não —, aquilo se mostrou impossível com o passar do tempo.

Obviamente, Suguru não tinha simplesmente se rendido, ainda que as palavras tivessem sido chocantes e lhe causado profundo impacto. Apenas vira uma chance de se recuperar e se aproveitar de uma fraqueza de seu oponente. Mas, com o tempo, aquelas pequenas diligências, — desde comprar comidas que sabia agradarem Suguru até cobri-lo melhor quando estava supostamente dormindo — nunca notadas antes foram lhe cativando até o ponto em que não pôde negar seus sentimentos semelhantes. Talvez fosse um sentimento nascido quando se conheceram, que preferiu interpretar como inveja ao invés de reconhecer como ressentido amor platônico ou que, pelo menos na época, pensou ser platônico.

Enfim, tinham uma relação estabelecida e estavam em posição de grande risco se descobrissem que Satoru não só falhou numa missão como se enroscou com o inimigo. E, assim como ele disfarçava seu lado diligente com piadas, Suguru disfarçava sua preocupação com zombaria. Estava preocupado com Satoru. Mas ambos estavam juntos naquela jornada por tempo o suficiente para reconhecerem essas sutilezas um do outro, então os olhos azuis apenas miraram o fundo de sua alma enquanto a mão esquerda procurava a sua para enlaçar os dedos numa promessa.

— Eu sou o mais forte — Satoru afirmou pela milésima vez, sério. — Mesmo que descubram, mesmo que me cacem, mesmo que tentem me matar, eu vou continuar vivo e vou garantir a nossa segurança, entendeu? Já quase te perdi uma vez e essa porra doeu o suficiente pra eu decidir que não vou passar por isso nunca mais.

— Doeu mais do que dar o cu pra mim? — Suguru voltou para a zombaria a fim de amenizar o clima e conter a emoção que quase o fez soluçar diante das palavras bonitas que lhe foram ditas.

— Idiota! — Rezingou Satoru, gargalhando baixo enquanto puxava o parceiro para um abraço apertado.

Seriam eles juntos contra o mundo. A melhor dupla que jamais poderiam separar. Porque Suguru Getou era o único que conhecia o lado diligente de Satoru Gojou e Satoru Gojo era o único que entendia as emoções por baixo das zombarias de Suguru. Seriam eles juntos para sempre

***
Curiosidade sobre esse capítulo que ninguém liga: surgiu de uma ideia pra conseguir internalizar melhor as palavras que não conheço. Quando eu só acho uma palavra nova, grifo e pesquiso o significado, acabo me esquecendo. Mas se eu faço algo com essa palavra, ela se grava mais facilmente. Taí uma dica pra vocês também ;)

Amo tanto esses dois 🤧 enfim, vejo vocês em breve, até mais!

50 tons de SatoSugu!Onde histórias criam vida. Descubra agora