41 - O pai de família e seu capacho

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Gojo andava tranquilamente pelo bairro, até trombar com uma garotinha que corria desesperada. A encarou, vendo os olhinhos brilhantes de lágrimas.

— Ah, me desculpa — ela fungou, antes de encará-lo. — Tio Satoru, é você?

— Mimiko! — Gojo exclamou, se abaixando para pegar a garota no colo. — O que tá fazendo andando sozinha por aqui? É perigoso!

— Eu me perdi... — respondeu chorosa. — O papai tava andando mas eu me distrai com uma vitrine e depois não achei ele mais.

— E a Nanako?

— Ela tá em casa, tá doente. Por isso a gente saiu, pra comprar coisa pra ela melhorar. Tio, eu quero o meu pai! — choramingou Mimiko.

— Ah, eu quero seu pai também — replicou de forma travessa, gargalhando quando a garotinha lhe lançou um olhar cortante. — Calma, não precisa me olhar assim. Vou mandar mensagem pra ele avisando que tô contigo e te levar em casa, okay?

Gojo fez como prometido, e combinou de encontrar seu melhor amigo na casa dele. Chegaram lá juntos, e ele logo entregou uma Mimiko chorosa que se agarrou ao seu pescoço, sendo consolada com carinho nas costas e promessas de que estava tudo bem. Observando a interação deles, ficou meio emotivo, mas tentou disfarçar.

— Bom, eu vou indo — anunciou, se preparando para partir.

— Mas já? Não vai ficar pro almoço? — Getou perguntou, estranhando. O amigo era mestre em se convidar para permanecer mais tempo que o desejado nos lugares.

— É, fica, tio! — pediu Mimiko.

— Eu não quero atrapalhar, você tá cuidando da Nanako, não tá?

— Sim, mas uma ajuda e companhia seria bem vinda. A não ser que não queira, né — Getou sugeriu delicadamente, sem querer forçar nada.

— Fica, tio! Você não tinha dito que queria meu papai também? Aproveita! — aconselhou feliz.

— Ele falou isso, é? — um sorriso preguiçoso se espalhou pelo rosto do pai. — Mimiko, pode ir entrando lá em casa pra ver como a Nanako está, por favor?

A garotinha assentiu efusivamente antes de sair correndo para portão adentro assim que seu pai a colocou no chão. Ele se virou para encarar Gojo, que coçava a nuca de forma envergonhada.

— A pirralha me dedurou... — sorriu sem graça. — Eu tinha só pensado alto, sabe.

— Entra logo — Getou o puxou para dentro e sorriu ao parar perto do rosto do melhor amigo. — Sua sorte é que tem eu pra todo mundo, sabe... pode me querer à vontade.

Gojo riu incrédulo da postura arrogante do melhor amigo, mas o seguiu para dentro de casa a fim de ajudar no almoço, com as palavras ecoando em sua mente.

— Mas eu vou só querer? — perguntou depois uma longa pausa, encarando o melhor amigo de soslaio enquanto lavava as mãos na pia.

— Bom, você pode ter... desde que se comporte — Getou piscou travesso.

— E como eu preciso me comportar?

— Me ajuda na louça e a cortar os legumes e eu penso no seu caso — declarou, andando pela casa com seu paninho de prato no ombro enquanto separava os ingredientes que seriam necessários.

Gojo fez algum drama sobre estar sendo feito de capacho, mas sorriu largamente enquanto ajudava nas tarefas. E Getou sabia que não precisava pensar coisa nenhuma: já tinha decidido há muito tempo...



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