Capítulo 14

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Noëlle e Sabrina seguiram pela estrada vendo as fazendas de Grof à direita e à esquerda. A Fênix Corvina realmente achou que a caminhada para Grof seria mais curta, mas ainda assim não se arrependeu de ter recusado o convite da Karolina.

A noite estrelada estava muito bonita e a brisa fresca que soprava era um alívio tremendo em meio ao calor constante de Istkor. A secura ainda fazia as narinas arderem de vez em quando, mas era uma sensação com a qual Noëlle já estava se acostumando.

A muralha de Grof era enorme, digna de uma cidade tão grande quanto a capital. A diferença era que a estrutura parecia muito malcuidada, passando bem menos confiança. Além disso, mesmo ainda estando longe, era visível que os portões da cidade estavam escancarados. Talvez eles fossem fechados mais tarde, mas a Fênix Corvina se lembrava bem que encontrara os portões da capital fechados em plena luz do dia quando chegara a Istkor com os Lobos Negros. Talvez, a preocupação com a segurança fosse menor em Grof do que em Blaskogar.

— Esse ventinho está gostoso, mas eu mal posso esperar por uma boa refeição e um banho. Espero que a gente arrume um lugar legal para passar a noite — comentou Sabrina.

— Estava pensando em procurar uma taverna quando entrarmos na cidade. Não deve ser muito difícil encontrar uma com hospedaria — respondeu Noëlle.

— Eu tinha a mesma coisa em mente. Não acho que a gente tenha condições de ficar em uma hospedaria mais sofisticada que a de uma taverna. Só espero que o lugar seja limpo.

— Eu só espero que aceitem o Kyrios — comentou a elfa, acariciando o arkanvolf.

Finalmente, as duas alcançaram o portão de Grof. Havia dois guardas posicionados em cada lado da entrada, mas eles mal olharam para as mulheres. Noëlle já não estava muito interessada em chamar atenção, então aproveitou a ausência de perguntas e entrou com Sabrina na cidade sem hesitar.

Já do lado de dentro, a primeira coisa que Noëlle viu foi a placa com os dizeres Avenida Rei Zanok. Mesmo de longe, o monarca claramente não perdera a oportunidade de deixar o nome dele marcado em algo grande localmente. Ela sentiu uma leve vontade de rir, mas se conteve.

Como era de se imaginar em uma cidade que encolhera muito rapidamente, muitas das casas próximas da muralha eram moradias abandonadas. O estado péssimo de conservação denunciava o fato. Algumas tinham o telhado já desabado, outras estavam com a grama do quintal na altura dos ombros da Noëlle.

As moradias mais distantes que pareciam ainda habitadas eram pequenas e simples. Quintais modestos e pouco espaço eram o padrão, que lembrava um pouco a região mais pobre de Blaskogar, a primeira que vira na capital.

À medida que Noëlle e Sabrina adentraram a cidade, foi perceptível a mudança de padrão. Quanto menos periférica a área, melhor a qualidade das casas. Moradias maiores e jardins mais vistosos faziam até mesmo com que a travessia se tornasse mais agradável.

Foi há quatro ou cinco quarteirões do centro de Grof que Noëlle avistou o que procurava. Na placa, lia-se "Caneca Real", com uma coroa dentro da letra R. Uma olhada pela janela e Noëlle viu um lugar razoavelmente cheio, mas não lotado, e que parecia ter comida decente. Se eles não expulsassem o Kyrios, aquele parecia um bom lugar para se hospedar.

A Fênix Corvina abriu a porta e sentiu o cheiro de hidromel invadindo suas narinas. Homens gritavam em jogos de carta ao passo que uma banda tocava uma música animada. O ritmo agradável fez até com que Noëlle se pegasse batendo a mão contra a coxa no compasso da melodia.

— Tem uma mesa vazia bem ali — comentou Sabrina.

A humana seguiu direto para o local que havia apontado e se sentou. Noëlle seguiu a amiga, sendo acompanhada por Kyrios. A mesa escolhida era bem favorável, pois ficava perto da parede e da porta, tendo junto a ela um espaço razoável para que o arkanvolf se acomodasse. Inevitavelmente, vários olhares foram desviados em direção ao lobo elemental, mas ninguém se aproximou para dizer qualquer coisa que fosse.

O Inferno de IstkorWhere stories live. Discover now