O sol não era o mais belo ou apresentável para o dia, mas a neve cessou. Não está chovendo também, mas isso não deixa o clima mais ameno, falta algo eu acho, creio que falte um pouco de luz para o dia, e talvez a estrada esteja um pouco escorregadia, mas acho que vai dar certo, ou estou pensando positivo demais.Prefiro ser pessimista, pois aí, não irei me decepcionar com nada, e tudo ficaria mais fácil de lidar caso nada dê certo. Mas é difícil fazer isso quando acordo já dando de cara com Hinata dizendo que vai dar certo, e me oferecendo motivos que comprovam a teoria dela, de que não há razão para dar errado. Eu não poderia dizer coisa alguma além do que ela concordasse, sendo assim, me mantive quieto e fiz toda a minha rotina pela manhã. Pintei um pouco, não a ponto de completar um quadro, pois não houve tempo. Fui até o ateliê, coloquei quadros novos e conversei com Yamato, ele havia dito para passar lá mais vezes e cuidar das coisas, já que metade do lugar pertence a mim, e o mesmo iria viajar por uma semana.
Tanto faz. Fiz tudo o que era necessário, dei água para as plantas, comprei novas e deixei nos cantos de todo o local, as mais belas. A verdade, é que enchi a parte da manhã toda, graças a minha ansiedade para vê-la durante a tarde. Arrumei as bicicletas de última hora para aquele gostinho ansioso tomar conta da minha língua, mas com o pote de água ao lado, que seria as horas passando e já dando por fim os minutos incontáveis que passei desde o acordar, até este momento, onde estou de frente a casa de Sakura, aguardando que venha.
Mulheres costumam se atrasar. Foi o que pensei, já que cheguei aqui às duas horas da tarde, e já são duas e meia. Me sentei na calçada, e aqui estou desde então, apenas esperando e esperando o momento em que ela atravessará aquela porta, e virá até mim com um sorriso, e pronta. Não deu tanto trabalho trazer as bicicletas, coloquei na carroceria do carro e deixei estacionado aqui na frente. Enquanto ela não vem, me lembro do que Hinata havia me dito, sobre ter contado a ela quase tudo sobre o que tivemos, e os detalhes ruins, deixado camuflado com um "não me lembro bem" quando nós dois sabemos que é difícil esquecer.
Aquele lugar... mesmo tão gravado na maioria das minhas pinturas, ainda tenho pesadelos com eles ao fechar os olhos, mas ficar sem dormir estava sendo cruel com a minha cabeça, então é necessário que eu faça.
Ao menos ultimamente, desde que a vi, não venho sonhando com aquele inferno, apenas com Sakura, isso quando consigo dormir com ajuda dos remédios. Bom, quando ela aceitou falar comigo no primeiro dia, não precisei deles, ainda assim... não quero ficar mais dependente do que já estou. Karin havia me dito para tomar cuidado com todo esse sentimento, de acordo com ela, eu pareço um obcecado. Diria que ela não sabe o que fala, pois não está na minha pele e não foi ela a viver um inferno dentro daquele lugar e perder a única coisa boa naquilo tudo.
— Sasuke-kun, já estou pronta. Me desculpe mesmo o atraso, eu tive que terminar algumas coisas.
Finalmente.
Me levantei, vislumbrando-a com um macacão azul escuro, e uma blusa pequena de bolinhas coloridas com mangas. Linda. Inegavelmente linda.
— Não há problema. Vamos?
Assentiu, sorridente, o sorriso que eu gosto de apreciar ao imaginá-lo pela manhã.
Caminhei até o carro e tirei as bicicletas de lá. Entreguei a com cesta para ela, e peguei a maior pra mim.
— Aquele lugar não tem um morrinho? Vamos ter que ficar parando o tempo todo.
— É naquele morrinho que eu vou te ensinar andar de bicicleta.
Cruzei os braços com um sorriso pequeno, e Sakura olhou de mim, para a bike, incerta com certeza, mas não reclamou, apesar da testa estar franzida. Abriu a boquinha pra falar alguma coisa, mas fechou em seguida.
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Uma nova chance (Além da realidade 2T)
Roman d'amourApós voltar a realidade, Sasuke acreditava que a personagem por quem se apaixonou, tivesse ficado mesmo no passado. Ele apenas não contava, que anos depois, a encontraria parada de frente a pintura em homenagem a ela. "Em meio a uma galeria, você s...