A voz

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Novo dia, mas nada novo... tirando o fato de que mamãe decidiu querer ir ao banco assim que abrisse, precisava sacar dinheiro, e queria que eu fosse com ela...

— Vem comigo? Seu pai saiu cedo pro trabalho e eu não queria ir ao banco sozinha — minha mãe pediu e eu apenas assenti.

Outra coisa curiosa sobre a nova Amanda: Sempre que consegue, fica sozinha, mas não gosta de ver os outros sozinhos. Meio confuso, não é? Mas tudo na minha cabeça é, só que, de algum jeito, ainda assim, faz sentido.

Como o dia hoje estava nublado e ventando muito, agasalhei-me, dei um casaco para minha mãe também, e caminhamos até o banco.

O quê? Não! Amanda, não vai!

De repente, sinto os meus pelos dos braços e da minha nuca se arrepiarem.

Não! Não, pimentinha!

Então, eu parei de caminhar. Era a primeira vez que a minha mente falava comigo assim... ninguém me chamava assim além do...

— Dudu! — Eu gritei, fazendo minha mãe virar para mim assustada.

— Amanda?! — minha mãe correu até mim. — Filha...?

— Mãe... tem alguma coisa errada... — Eu comecei a gaguejar.

— Filha...

— Mãe, não vamos ao banco, por favor...

— Filha... — minha mãe começou a falar com voz de choro.

— Alguma coisa me diz que vai acontecer... Mãe? Você está chorando?

— Filha... você falou, filha! Você está falando comigo! — minha mãe começou a chorar e me abraçou forte.

— Eu tô... Eu tô! — Eu comecei a chorar junto dela.

Ficamos alguns minutos ali, abraçadas, até que ela me soltou devagar e olhou para mim, ainda com lágrimas nos olhos.

— Você gritou o apelido do seu irmão, filha. Tem tanto tempo que não fala dele...

— Ah, é! Mãe, não vamos ao banco, por favor, tem alguma coisa errada.

— Por quê, filha? Vamos só sacar dinheiro, nem é muito alto, e depois vamos pra casa —minha mãe disse e segurou na minha mão, começando a caminhar.

— Eu sinto que alguma coisa vai acontecer, mãe, eu sinto! — puxei-a para que parasse de andar.

— Sente o quê?

— Eu ouvi... ai, não faz sentido, mas eu ouvi o... — Eu ia dizer que ouvi o meu irmão me dizer para não ir, mas fui cortada pelo barulho da viatura da polícia passando pela gente, e entrando na rua onde ficava o banco — não é possível...

— Filha, vamos. Depois conversamos.

A cada passo que dávamos, eu me arrepiava ainda mais. Quando chegamos, encontramos a viatura da polícia, que passou por nós, parada em frente ao banco que a minha mãe iria sacar dinheiro. Eu sabia que tinha algo errado, não estava ficando louca de vez!

Claro que não, pimentinha.

Eu ri com esse pensamento, mas tentei disfarçar para que minha mãe não achasse que estava debochando dela.

— E agora? Como vou sacar? Vai ficar interditado por um tempo até que tudo seja resolvido...

— Eu acho que tem uma outra agência num bairro próximo, poderia procurar — de repente, ouço uma voz masculina falar ao nosso lado. Viro o rosto e deparo-me com um homem alto, branco, de cabelos negros e olhos castanhos, olhando para mim. — Se sua mãe precisa tanto, vocês podem tentar.

— É, mãe... podemos tentar.

— O quê, minha filha? — minha mãe pergunta olhando pra mim.

— O que o moço disse! Talvez tenha um outro banco desse em algum bairro próximo daqui.

— Verdade, vamos pra lá então, lembrei-me de um! — minha mãe começou a andar um pouco, então parou, e virou para mim com o cenho franzido. — Como você sabia? Nunca andou sozinha por lá...

— Eu não sabia, o moço que disse.

— Que moço?

— Ele! — apontei para o moço que estava do nosso lado... e não vi mais ninguém. Ué! Aonde ele foi?!

— Então, tá bom... — minha mãe disse devagar, como se não estivesse entendendo nada.

Caminhamos até o pontode ônibus, a caminho dessa agência que o moço disse, esperando que nadaacontecesse lá e mamãe conseguisse, finalmente, sacar o seu dinheiro.

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CAPÍTULO NOVO AS SEXTAS-FEIRAS <3

Eternamente, Pimentinha - Conto 1 (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora