Descoberta

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Eu sabia que a Diretora iria ligar para a minha mãe e que eu levaria uma bronca assim que ela chegasse. Tamara me mandou SMS, preocupada:

O que houve? Me responde, por favor, estou preocupada.

Eu apenas mandei:

Tudo piorou de novo.

Apaguei a tela do meu celular e deixei-o na escrivaninha. Quando percebi, havia adormecido.

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Acordei com alguém acariciando o meu rosto. Abri os olhos e vi o meu pai sentado do meu lado, na cama. Ele que acariciava o meu rosto. Abaixo o olhar e encontro a minha mãe, de pé, com um bolo de dinheiro nas mãos.

— Filha, senta, por favor, temos que conversar — minha mãe pediu e eu me sentei. — Bem, você já deve saber que a sua Diretora ligou pra mim. Ela disse que você agrediu um garoto porque ele te chamou de pirralha. Vocês dois estavam num lugar onde não deveriam e, segundo ela, você estava esperando um adulto, que se recusou a contar quem era. Estou errada?

Eu não conseguia emitir nenhum som, minha voz simplesmente não conseguia sair, então apenas assenti com a cabeça.

— Pois é, e eu cheguei em casa, nervosa, preocupada, e encontro você deitada na cama, dormindo. Ligo pro seu pai, conto o que ocorreu e, enquanto o esperava chegar, tentei encontrar algo no seu quarto que nos levasse a esse tal adulto misterioso. Desde quando você esconde coisas de nós, Amanda? — Ela me perguntou, e eu comecei a respirar rápido. — Talvez, desde quando começou a fazer isso — Ela mostrou o bolo de dinheiro. Agora entendi o que era. Ela encontrou o dinheiro que era pra eu pagar o psicólogo, mas guardava porque não ia mais pra lá. — Que dinheiro todo é esse, Amanda? Não minta!

— É... seu — Eu disse. — Todo esse dinheiro você me deu pra pagar o psicólogo, mas eu não vou mais, mãe... eu não quero...

— Espera! Esse dinheiro todo esteve aqui com você todo esse tempo? Amanda, você tem noção do quanto custa um psicólogo? É muita coisa...!

— Está tudo aí, mãe, é seu... leva... é pra vocês usarem caso precisassem pra alguma coisa útil...

— Útil? Seu tratamento é útil! E quando pretendia me contar?

— Eu não sei... não pensei nisso... eu ia contar, mas esqueci...

— Não acredito nisso!

Minha mãe não me disse mais nada, apenas levantou e saiu do quarto, segurando o bolo de dinheiro com ela. Meu pai me deu um beijo na testa e saiu logo em seguida.

Por mais que eu tivesse levado bronca, sentia-me aliviada por não ter que esconder mais isso, mas eles poderiam ter descoberto de outra forma...

—Poderiam mesmo...

Eternamente, Pimentinha - Conto 1 (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora