Já havia se passado algumas semanas desde que Any resolveu vender a casa, tudo estava uma correria por aqui na pousada, já havia anunciado nas redes sociais do local que em breve iriamos ter uma segunda unidade, pela repercussão da notícia percebi que iriamos ter uma alta demanda entre turistas durante as férias de julho dos outros países, apesar de não ser muito grande a Moon's Way é uma referencia aqui em Los Angels, por isso sinto tanto orgulho deste lugar.
Mesmo estando tarde da noite eu estava trabalhando, não sentia sono e muito menos cansaço, confesso que estou extremamente ansioso para começar a trabalhar na casa em si. A única coisa que me incomodava era que Gabrielly parecia estar se sentindo mal por alguma coisa, mas toda vez que perguntava ela dizia que estava bem e que não era nada demais, mas eu sabia que ela não estava bem. Escuto leves batidas na porta e olho no relógio, que marcava exatas 2:30 da madrugada, antes de responder algo.
- Entra. - Respondo em um tom alto o suficiente para a pessoa que está atrás da porta escutar, em seguida a porta é aberta com cuidado para que não cause nenhum barulho, e de trás dela há uma Any com uma feição cansada e triste, me levanto e vou até ela preocupado.
- Any, o que aconteceu? - pergunto e ela não fala nada, apenas me abraça e eu retribuo prontamente. Á alguns dias ela havia me falado que se sentia cada fez mais segura quando me abraçava, então muitas vezes ela não precisava falar muita coisa, só apenas vinha e me abraçava e eu entendia que estava precisando de apoio e carinho.
- Josh... A gente pode conversar? - ela pergunta com a voz abafada pelo abraço, que em seguida é desfeito.
- Claro, pequena. - falo a guiando para sentar na cama. Me sento apoiando as costas na cabeceira e cruzo as pernas em forma de indiozinho, ela repete o gesto, mas estando na minha frente, com os olhos fixos em mim.
- E-eu preciso te contar sobre... Bem sobre meu passado, sobre o que fez eu estar daquele jeito que você me encontrou. - me atento mais ainda nela, e não mentirei, eu fiquei surpreso, apesar de saber que uma hora ela iria dizer, e de certa forma fico feliz dela conseguir finalmente me contar.
- Certo, mas só 'pra saber, você realmente se sente confortável pra fazer isso, porque não quero que você faça isso se não se sentir bem. - pergunto apenas para garantir.
- Quero, estou fazendo isso porque me sinto que vai ser bom te contar. - assinto e ela puxa um ar considerável antes de começar. - Tudo começou á um ano atrás, eu tinha acabado de terminar a faculdade, estava namorando com o que parecia ser o cara dos sonhos, e com tudo aparentemente "perfeito". Depois de algum tempo o cara que namorava me chamou pra morar com ele e eu aceitei, e bom, depois de alguns meses ele começou a ficar grosso comigo, ás vezes chegava em casa alterado e me batia quando tentava ajudar. - ela respira fundo e vejo a primeira lágrima cair, já sentia um ódio absurdo desse cara sem ao menos saber quem era. - Eu não contei para ninguém o que fazia, pensava que era só uma fase. Foram alguns meses assim, no final do ano passado descobri que estava grávida, e bem, ele não gostou muito da notícia, me expulsou da casa dele e terminou tudo, em um primeiro momento eu me senti desolada, mas depois vi que foi uma coisa boa ele sair da minha vida, tinha me descido a cuidar do meu bebê sozinha. Voltei para casa dos meus pais, que receberam de braços abertos, e tudo voltou ao estado mais agradável, o que eu não sabia era que meu pai tinha se afogado em dividas para poder manter a casa e a empresa que ele tinha. Só fiquei sabendo quando aconteceu o maior desastre da minha vida. - Mais uma pausa, e suas lágrimas já desciam sem dó, e com elas as minhas que antes estavam presas ao canto dos olhos. - Eu tinha acabado de completar cinco meses de gestação, não poderia estar mais feliz. Naquele mesmo dia tinha uma festa de noivado para ir de uma das minhas colegas de trabalho, fui e me diverti bastante, mais uma ligação me tirou o chão. Meus pais tinham acabado de sofrer uma acidente de carro gravíssimo enquanto voltavam de um jantar. Fui o mais rápido que pude para o hospital que eles estavam sendo levados, quando cheguei lá a ambulância tinha acabado de chegar, meu pai já havia sido levado para dentro, e eu corri para acompanhar a maca da minha mãe, eu chorava e gritava para que ela não me deixasse ainda, que eu amava ela e que a netinha dela ainda queria conhecer os avós, mas eles se foram, não só meus pais, minha menininha também se foi naquela noite. Com todo estresse que passei... Eu tive um aborto espontâneo, eu perdi minha bebê... Meu mundo desmoronou. - Abracei a cacheada e deixei suas lágrimas me banharem, enquanto as minhas banhavam ela, a dor que sentia no coração não é nada comparada a que Any sentiu, e sentia.
Não sei quanto tempo ficamos ali, um nos braços do outros, mas em um momento nos acalmamos e nos separamos um pouco, mas não completamente.
- Obrigado por me contar, e eu sinto muito por você ter passado por isso, você não merecia, Any. Você é o ser mais magnifico que eu já conheci. Você apareceu do nada em minha vida, e rapidamente se tornou alguém extremamente importante nela. Você, garota, se tornou o meu tudo. - acaricio seus cabelos e limpo as pequenas gotas que persistiam em cair dos seus olhos.
- E você, garoto, é meu anjo, minha lua, aquilo que não sabia que precisava, até te conhecer. Eu nunca vou conseguir ser grata o suficiente por tudo que estava fazendo por mim. E sei que de qualquer lugar que meus pais e minha menina estejam, eles sabem que estou sendo cuidada e estou nas mãos da melhor pessoa que poderia existir. - a felicidade de escutar aquilo me fazia transbordar. Eu amo essa garota!
- Eu nunca, mas nunca mesmo, vou te abandonar! Saiba que até o meu último suspiro, eu vou estar aqui com você e por você. - Falo e ela aproxima seus lábios dos meus e os deposita ali, iniciando um beijo carinhoso e repleto de sentimento. Sendo infelizmente finalizado pela nossa falta de ar. Aconchego a morena em meus braços e a nino sentindo sua respiração ficar cada vez mais calma.
Já adormecida em meu colo, deito Any de forma confortável na cama e quando a solto, a mesma resmunga o que me faz sorrir e me juntar a ela naquela noite sono cheia de emoções.
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𝐓𝐚𝐥𝐤𝐢𝐧𝐠 𝐭𝐨 𝐭𝐡𝐞 𝐌𝐨𝐨𝐧 | 𝙨𝙝𝙤𝙧𝙩 𝙛𝙞𝙘 | ✅
FanfictionAny Gabrielly perdeu tudo que tinha na vida, e procurou refúgio nas bebidas e nas suas estranhas conversas com a Lua. Até que um loiro aparece em sua vida e traz a possibilidade de querer viver de novo. Inspirada na música Talking to the Moon, Brun...