Capítulo 149

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O céu é isto, é tão branco, sinto todo o meu corpo dormente, talvez por ter morrido há pouco tempo. Já sinto saudades dos que deixei, não consigo pensar no nome dele, a minha cabeça dói e acho impossível sentir esta dor no ceú. Talvez esteja no inferno. Não importa, fiz o que tinha a fazer. 

Choro, choro arrependida. Não devia, mas era o certo. Sinto que estou deitada, há um peso na minha barriga, vejo coisas nos meus braços, tubos. Não sei o que é isto tudo, não me consigo mexer e se estar no céu é estar sempre deitada eu quero voltar. Eu sinto-me sufocada.

- Bebé?

Ouço aquele voz rouca, não! Ele também acabou consigo? Por favor. Não. Viro a cabeça desesperada e levanto os meus braços abraçando algúem. O peso na minha barriga desapareceu e ele está a abraçar-me.

- Estou aqui. Tu estás viva. - Ele murmura.

Não. Como? Eu senti-me a ir, vi tudo a ficar preto e branco. Sinto-me fraca e cansada apenas por o abraçar. Porque ele me salvou? Já não somos o mesmo, está tudo revirado. Apercebo-me que ainda não o vi e abro os olhos. Não há nada branco como pensei que havia. Não estou no céu, mas sim numa clínica. Na tal clínica. O quarto é escuro e as paredes castanhas, porquê castanhas? Nunca vi os seus olhos tão vermelhos e pequenos, as lágrimas caem pelos seus olhos e as minhas não tardaram a chegar. Ele olha-me desiludido e vejo que ele quer me dizer algo, mas não o faz.

- Porquê?

Pergunto num murmúrio. Ele afasta-se de mim e dá voltas pelo quarto. Olho para baixo e reparo que apenas tenho o lençol no meu corpo. Sinto-me tão cansada.

- Porque o fizeste? - Ele ignora-me. 

- Estou cansada apenas. - Respondo sem demoras.

- Estás com um atraso?

Ele pergunta e olha-me sério. Não quero discutir sobre isso. Sei que provavelmente estou grávida e queria tudo menos pensar nisso há horas atrás. Já não sou menstruada há três meses. Não me preocupei se estava grávida, isso ia-me fazer desistir. E ninguém iria saber, não comigo viva. Se neste momento estou, espero que ele não discuta comigo, não quero discussões.

- Sim. - Digo.

- Não queres ter esse filho comigo? - Ele aproximasse e pergunta suavemente. - Sei que tenho sido um sacana, ficaste três minutos inconsciente. Mais um e perdia-vos.Não te mereço, eu sei, mas quero-te. Preciso da minha menina e do meu filho. Se tivesses ido eu iria matar-me para te encontrar. Não sabes a minha agonia quando te vi, ali. Estou confuso, nada do que digo faz sentido e sinceramente estou feliz por ter chegado a tempo de vos salvar. Eu amo-te. Juro que sim, eu não acredito que tu tentas-te fazê-lo. Eu não sei como acabar essa conversa nem...

- Perdoa-me. - Peço.

O meu coração aperta-se de uma forma muito agoniante e é como se só agora conseguisse ver a asneira que fiz. Eu ia acabar não só com duas vidas como a do rapaz de cabelos encaracolados mais desejado desse mundo e do outro.

Harry Pov

Abraço-a e finalmente posso respirar. Sim, bebé, eu perdoo-te. A clínica fica perto do hotel e isso ajudou imenso. Ela saiu roxa da banheira não me consegui levantar para a tirar de lá. A Nicole entrou no quarto e quando me viu a chorar fez a Lua abraçar-me e disse que a mamã ia ficar boa. Não acreditei, apenas abracei a pequenina sábia e prometi que iria sempre cuidar dela. Acompanhei a Luna na ambulância; os jornalistas não me largavam e eu não os ouvia só os via. Só consegui ouvir a voz da Luna. Não sei o que ela dizia, mas a sua voz acalmava-me. Ouvir a sua voz também me assustava, pensei que ela já estava no céu e por a ouvia, mas não foi isso que aconteceu, felizmente. Ela esteve comigo. A notícia espalhou-se e logo estavam todos os mais próximos ao meu lado chorando arrependidos de algo que, provavelmente, não lhe disseram. O médico chegou:

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