Dia dos Namorados

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— Eu te amo!

— Agradeço, eu me amo também! — Tony falou, com um sorriso de lado olhando para o meu reflexo no espelho.

— Deixa de ser enxerido! Não estou falando com você!

— Está falando para Bloody Mary, que mora aí dentro?

Revirei os olhos, e sai do banheiro passando por ele na porta. Seus passos me seguiram, junto de sua risada grave.

— Não acha mais fácil falar isso na cara dele?

— Eu terminei! Eu disse para ele ir embora da minha vida! Eu preciso consertar as coisas. Nisso tudo, onde está o fácil?

— Tina, é o Gustavo! Se você falar: mudei de ideia. Automaticamente ele vai supor que você o quer de volta.

— Esse é o problema! Sei disso, quero que seja especial. Quero pegá-lo de surpresa!

— Tem alguma ideia do que fazer?

— Nenhuma, sou péssima com surpresas... — Murmurei caindo de costas na cama.

— Eu não sei o que você fará, mas sei que hoje beberei muito! — Ele falou se deitando ao meu lado. Encarei meu amigo. Fazia um tempo que ele estava solteiro, o que parecia bem estranho.

— Não vai convidar a Vanessa?

Ele me olhou com sarcasmo, e pude tirar minhas próprias conclusões: o romance havia acabado.

— Estou sem tempo para pessoas problemáticas... Será que existe alguém que saiba lidar com as próprias merdas hoje em dia?

Dei de ombros.

— Eu não sou bem o melhor exemplo de perfeição então...

Tony riu.

— Você é o pior tipo de pessoa Tina.

Soltei uma risada e concordei.

— Obrigada gato, eu sei!

— Mas sério, será que existe?

— Provavelmente não, e acredito que esse é o normal. Ninguém é bem resolvido em tudo. Penso que o importante é sempre tentar melhorar — Olhei para ele com atenção, e perguntei: — Ela quer melhorar?

— Talvez... — Ele falou depois de alguns segundos. — Talvez ela me assuste também...

— Por quê?

— Ela é bem decidida em tudo. Nunca precisa da minha ajuda, mas, ao mesmo tempo, quando se trata de nós ela não sabe o que quer!

— Não é só ela aparentemente...

Tony bufou, e eu dei uma risadinha.

— Não importa! Hoje ela preferiu sair com os amigos a ficar comigo, então hoje será o oficial feriado da desilusão!

— Desilusão, sério? — Perguntei com uma risada. — Parece tão patético, quanto encher a cara devido à bira, e espera... Você não bebe!

— É! — Ele se levantou, e me estendeu a mão: — Valentina Canela, quer se juntar a mim no nosso primeiro porre?

— Não valeu.

— Por que escolhi você para ser minha melhor amiga mesmo?

— Não sei, talvez porque ajudei você a passar em física no segundo ano, ou a ter o primeiro beijo, e não se esqueça que essa barba só existe porque cuidei dela...

— Ei, isso não deve ser mencionado em voz alta! — Ele sussurrou, fechando a cortina do meu quarto. — Ok! Então vou com o velho Pinheiro, ele com certeza vai me acompanhar nessa vida de cachaceiro!

O feriado da desilusão (Conto)Onde histórias criam vida. Descubra agora