Capitulo sete

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Não dei a eles o prazer de me verem com medo, pelo contrário; Encarei cada um ali presente, o rosto de alguns estavam tensos e pálidos, outros me encaravam alerta. Meu orgulho era a única coisa que me impedia de sair correndo dali.

- Vejo que está se sentindo bem melhor Bryana. - Falou o senhor, o qual tinha uma barba. - A propósito, me chame de Nicolás. -Acrescentou ele.

- Rei Nicolas. -Corrigiu a mulher me encarando com seu olhar penetrante. - Sou Freya, a Rainha; Suponho que já conheceu um de meus cavaleiros. -Referiu-se a Lian. - Mackenzie se apresente- Disse lançando um olhar ao jovem de armadura preta.

- Meu nome é Ethan Mackenzie. - Disse ele.

-Ethan! -Exclamei. Me recordo as palavras de Jenna ' Estará segura com Ethan ' - Jenna Falou de você

-Não duvido disso. Sou o braço direito da rainha. - Foi tudo o que ele disse, a voz baixa, quase inexpressiva.

Sorri descaradamente ao ouvir isso.

- Algum problema? - Os olhos de Freya se semicerraram. - O que é de tão engraçado? -Questionou ela, supostamente aborrecida.

- Rei, rainha, cavaleiros, piratas ... - Sorri novamente, não me importava se ela se ofendia com isso. - O que falta mais pra esse circo? Um bobo da corte?

- Uma princesa. -Respondeu Ethan me lançando um sorriso.

Surpresa tomou conta de mim e me fez acreditar que eles não estavam brincando. ' Confie em Ethan' .

Ele sorriu ironicamente ao vê minha cara e depois voltou o olhar para a Rainha. Ethan seria aquele com quem devesse tomar cuidado mas confiar ao mesmo tempo. Quando olho para ele sinto um frio na barriga que me corrói o intestino.

- De onde conhece Jenna? - Uma pergunta direcionada a Freya.

- Nos éramos irmãs. -Respondeu ela, seu olhar parecia rodopiar, como fumaça sob vidro.

Irmãs. - Uma informação que Jenna me escondeu a vida toda. A semelhança das duas era muito perceptível e não duvidei quando ela falou isso, já pressupunha.

- Eu, eu sinto muito. -Gaguejou ela cabisbaixa- Chegamos tarde demais.

Tentei admitir pra mim mesma que já sábia disso, que Jenna estava morta mas no fundo eu tinha uma pitada de esperança que isso fosse mentira. Marvin abraçou minha perna chorando, talvez ele também acreditava nisso; talvez acreditasse mais que eu. E o olhar de tristeza de Freya me tocou profundamente.

Eu só queria ir para casa chorar e cuidar de Marvin; queria ter tempo para sofrer meu luto mas eu estou... Eu não sei onde estou!

- Falem o que são e o que querem logo. -Ordenei rispidamente a quem quer que seja.

Freya estremeceu.

- Você está no reino de Larybrook. - Contou ela. - Um reino secreto ao qual ninguém de fora tinha ouvido falar. Somos um povo que preza alguns costumes antigos,  por isso a monarquia. Nós mantemos escondido do mundo por conta das nossas várias riquezas que habitam em nossas terras. -Freya engoliu seco. - Talvez para você isso pareça loucura mas não é.  Bryana, eu sou sua mãe!

Mais uma vez a palavra desceu rasgando minha garganta e eu não tinha certeza absoluta que respirava.

Mãe .
Mãe.
Mãe.

Ela era minha mãe; não tia como Jenna, mas mais que isso. Algo tão profundo, tão permanente... Eu me dei um minuto, apenas um minuto para digerir toda essa informação.
Não dava para simplesmente absorver aquelas palavras e acreditar nelas. Isso tudo é uma loucura.

Conforme recuperei o fôlego e pensava em alguma coisa para quebrar aquele silêncio e o que me saiu foi isso:

- Como posso acreditar em você? -Indaguei negando sua afirmação que poderia muito bem ser falsa. - Você pode ser irmã da Jenna mas quem me garante que é minha mãe?

Os lindos olhos daquela mulher se arregalaram contra a minha pergunta. Ela deu um longo suspiro antes de começar a falar novamente.

- Você sabe que sou. Desconfiou assim que me viu. - Disse ela rispida- Acho que você gostaria de saber que Marvin é seu irmão legítimo - Adicionou ela.

A arrogância e agressividade tinham sumido de minhas feições ao escultar tal frase. Me peguei dando um sorriso e todos perceberam mas eu não me importava. Eu nunca me importei com o sangue, desde que vi Marvin o amei mas essa notícia era incrível mas se acreditasse nisso também teria que acreditar que ela era a minha mãe.

-Você é minha mãe? -Perguntou Marvin escondendo metade do rosto em minha coxa.

- Sim. -Disse Freya com um sutil sorriso no rosto antes de voltar o olhar para mim. -Você sabe que tudo o que estou falando faz sentido, só está adiando essa confirmação.

- Idai que seja minha mãe, eu não me importo. Não pretendo ficar aqui. -Disse. -Eu e Marvin vamos partir.

- Pros piratas a pegarem de novo? Boa sorte lutando sozinha. - Disse Ethan revirando os olhos.

-O que eles querem? -Uma pergunta inofensiva já que eles também não gostavam dos piratas.

- Você é filha do rei, não prescisa de mais motivos. Existe uma cidade chamada Clyntia; é lá onde eles habitam. Aqueles que invadiram sua casa não chega nem perto do exército que existe em Clyntia.

Exército.

Todas as palavras me golpearam, mesmo que tivessem alisado alguma ponta irregular em minha alma.

-Isso tudo é loucura. E mesmo se for verdade -Algo que eu me recusaria acreditar. -Existem autoridades que podem resolver isso. Eu não pretendo ficar um minuto a mais nesse lugar.

Eu ia sair dali e embora que Jenna estivesse morta eu tentaria seguir minha vida; Arranjaria um trabalho para sustentar eu e Marvin e esqueceriamos que isso tudo um dia aconteceu.

-Eu não posso deixar você fazer isso. -Disse Lian segurando meu ombro. - Você prescisa de nos o quanto precisamos de você. Se for serei obrigado a tomar medidas radicais por ordem da rainha.

O ódio me dominou de novo e tive dificuldade para controla- ló. Em um jesto rápido empunhei a espada contra seu pescoço.

-Eu não preciso de ninguém e não serei ameaçada por homens fracos!  É de mim que os homens fracos têm medo.

Percebi o que estava fazendo e naquele instante percebi todos me olhando. Se eles tinham algum carinho por mim tinha acabado ali; Morta, eles poderiam ter me matado.

Recuperei o controle e tirei a espada do pescoço de Lian devagar.

-Mandou bem, eu nem vi chegar. - Falou Lian sem nenhum rancor nos olhos.

-Fique Bryana, por favor. -Pediu o senhor que se chamava Nicolas, meu pai. - Só por mais alguns dias.

- Até quando?

-Até matarmos todos os piratas. -Falou ele como se aquilo fosse uma promessa.

Eu não podia me dar o luxo de tentar a sorte lutando sozinha, não enquanto segundo eles eu ainda estava correndo perigo. Se quisessem ter me matado já tinham feito isso e mesmo depois de eu apontar uma espada para um de seus amigos ou sei lá o que... eles não me atacaram.

Controlei a respiração irregular controlando o sentimento de ansiedade.

-Certo.

Todos olharam surpresos para mim. Ficaria até ter certeza que não corria mais perigos. Não ficaria aqui por muito tempo... não podia simplesmente aceitar aquela história. Talvez quando a poeira abaixar eu possa encontrar outa forma de voltar para minha vida normal.

Larybrok: O Reino SecretoOnde histórias criam vida. Descubra agora