Primeiro passo para a OSM

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     Eu sentia a brisa marítima em meu rosto, o som das ondas me davam uma sensação de paz e tranquilidade, um aroma familiar e um tanto quanto agradável tomou o local em que eu estava, abri os olhos e me vi em uma praia, o calor do sol competia incansavelmente com o ar frio que vinha do mar, mas, o que eu estava fazendo ali? Me lembrava perfeitamente de estar correndo em um campo, atrás de alguma coisa.

     Comecei a ter lembranças do que havia acontecido antes de acordar na praia. Lembranças essas que foram interrompidas quando eu a vi. Estava sentada a poucos metros ao meu lado, levantei e andei até a mesma, que quando percebeu minha presença, acenou calmamente.

     Sentei ao lado da mesma, de frente ao mar, eu havia me entregado ao momento, mesmo que no fundo eu soubesse que não era real. Fechei meus olhos e respirei fundo, então notei que algo havia mudado, o aroma agradável havia sumido, em seu lugar um cheiro de ferro, abri meus olhos e me vi em um quarto, a moça em meus braços estava a beira da morte.

     -Me desculpa, eu não devia ter feito isso. - Eu disse chorando.

     -Está tudo bem, ainda vamos nos ver em algum momento, você vai viver pra sempre, não vai? - A moça perguntou quase sem forças.

     -Sim, eu vou, eu prometo.

     -Eu vou esperar o momento em que nos reencontraremos, vou esperar ansiosamente. - Ouvi a moça dizer e fechar seus olhos claros que me fitavam pela última vez.

     -Viver para sempre é? Acho que vou conseguir. - Sussurrei.

...

     Quando acordei, ainda estava no campo, Helena estava ao meu lado, olhando fixamente pra mim com cara de preocupada.

     -O que pensa que está fazendo? Se morrer aqui, toda a sua jornada em busca do Polium terá sido em vão. - Helena disse.

     -Seria uma pena e ao mesmo tempo um alívio se isso me ocorresse. - Disse me levantando. - Esperarei ansiosamente... - Pensei.

     Já de pé, pude perceber que a neblina havia se dispersado. Olhei ao redor com esperança de ver o Lagarto ou a Mulher que o acompanhava, mas, não obtive resultados.

     -Você viu alguma coisa Helena? - Perguntei caminhando para uma direção qualquer. - Quando corri atrás daquele ser, você viu mais alguma coisa?

     -Vi você correndo para o campo igual um louco atrás daquela criatura que sumiu e logo depois você desmaiou, só isso.

     -Só isso... - cochichei.

     Caminhamos até encontrar pessoas e pedir informações sobre a localização da biblioteca. Após isso fomos até a mesma procurar toda informação que podíamos sobre a destruição de Tirty e o repentino crescimento de Grande Okakeva. Quando entramos na biblioteca, vimos um lugar enorme, haviam várias estantes de livros, todas agrupadas e organizadas com muita cautela, livros estudantis separados de contos, ou livros de ficções, entre vários outros, algo que me deixou muito feliz foi que a sessão de livros históricos também eram separados e todos os livros estavam organizados por cores, um gradiente de cores incríveis, dignas de alguém com um perfeccionismo muito elevado, detalhista demais, paciente, com falta do que fazer e por consequência, tempo de sobra. Encontramos vários livros que nos diziam apenas coisas que já sabíamos, como o fato de que Tirty era o maior centro comercial do país, e que com sua queda, o segundo lugar, que era ocupado pela Grande Okakeva, subiu para primeiro.

     Eu já estava ficando desesperançoso quando Helena finalmente encontrou algo.

     -Kaler, vem ver isso aqui. - Ela chamou animada.

     Ela me mostrou uma pintura das muralhas de Tirty, assinada no dia que aconteceu o incidente. A pintura mostravam vários seres humanoides, pareciam estar presos  nos portões, mesmo eles estando abertos, como se uma barreira os impedisse de passar, outros desses mesmos seres pareciam tentar passar por cima das muralhas.

     -Vê isso brilhando nas mãos e em alguns corpos deles? Como se isso estivesse bloqueando a passagem - Eu disse apontando para a pintura.

     -Uma barreira? - Helena perguntou - Você acha que por isso apenas Tirty foi afetada?

     -É possível que sim, a hipótese de uma barreira não pode ser descartada, mas teríamos que confirmar, isso está assinado, não está? - Perguntei.

     -Sim, Ashley Samantha Diaz, datado de 25/02/16. Foi o dia do incidente, Kaler, acho que já sei o próximo passo. - Helena disse - Aqui é onde você vai atrás do Polium e eu dessa tal Ashley, obrigada por me ajudar até aqui, se não fosse você, eu não saberia da participação da OSM na queda de Tirty.

     -Eu vou atrás da Ashley com você! Primeiramente, é perigoso você andar por aí sozinha...

     -Na vinda pra cá, você quem foi pego pelo cara da OSM e ficou com uma faca no pescoço, no caminho até aqui, o lagarto apareceu, você ficou paralisado enquanto eu quebrei o esqueleto na porrada, no campo quem desmaiou foi você, acho que tá mais perigoso pra você do que pra mim essa nossa pequena jornada, não acha? - Helena me interrompeu.

     -Segundamente - Eu disse mudando de assunto - Se essa tal Ashley souber de algo relacionado a queda de Tirty, então ela sabe da OSM, logo as chances dela estar morta ou não te falar nada, são enormes, ainda que ela te diga algo sobre a OSM, vale lembrar que o Polium também está com a OSM, então se ela te levar até eles, eu quero ir junto.

     -Mas você assume que quem está protegendo a gente aqui sou eu não é? Kaler.

     -Tanto faz. - Eu disse indo na direção da recepção. - Vocês tem a ficha de Ashley Samantha? - Perguntei.

     -Temos, mas você deve imaginar que as informações são confidenciais. - Um homem que estava no balcão da recepção disse.

     -COL$ 500 paga a quebra de silêncio? - Helena perguntou tirando o dinheiro do bolso.

     O homem retirou um livro debaixo do balcão e começou a vasculhar o mesmo.

     -Ashley Samantha Diaz, Rua da biblioteca, 753. É nessa mesma rua a esquerda, mas vocês nunca falaram comigo assim como eu nunca falei com vocês. - O homem disse pegando o dinheiro.

     Fomos na direção da casa de Ashley, a rua não era muito movimentada, as casas eram bem elegantes, uma variação de cores que quase me davam dores de cabeça. 

     Esse seria nosso primeiro passo a caminho da OSM, eu me sentia cada vez mais perto do Polium. Chegando na casa da mesma, chamamos. Uma mulher alta, de cabelo curto e azul e olhos verdes, abriu a porta.

     -Bom dia, o que desejam? -  Ela perguntou.

     -Você é Ashley? - Perguntei e a moça assentiu com a cabeça - Vimos uma de suas pinturas na biblioteca e gostaríamos de fazer algumas perguntas sobre o acontecimento no quadro.

     A moça olhou para baixo, um tom triste surgiu em seu rosto.

     -Eu não quero falar sobre aquele dia. - Ela disse.

     -Por favor - Helena disse - Eu sou a única sobrevivente de Tirty. Eu preciso descobrir o que aconteceu com a cidade.

     Ashley fitou Helena seriamente, olhou a rua, como forma de conferir se não havia ninguém nos seguindo ou observando.

     -Entrem, rápido. - Ashley disse.

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