De todas as coisas que nojentas que eu pensei que você ia me dar, temo que você me surpreendeu bastante Jeon Jungkook. Na primeira vez que você trouxe algo para saciar minha fome, eu nem acreditei que um maníaco como você trouxe um monte de besteiras como doces e salgadinhos.
Segundo o que você mesmo disse, ninguém nunca te ensinou a cozinhar e você não arriscaria perder seu novo brinquedinho para possível uma toxicação alimentar. Quando não era isso você dava um jeito de pedir comida sabe-se lá na onde, com um dinheiro que você deve ter arrumado na pior forma possível.
Parando para pensar você deve ter praticado muito latrocínio para sobreviver né? Você tinha tudo para se dar bem em um emprego bom, mas decidiu estragar sua vida.
— Olha o aviãozinho! — o moreno fazia manobras estranhas com a colher na tentativa de me fazer comer, pela primeira vez ele trouxe algo saudável p'ra comer, sopa. — Abra bem a boca Tete! Essa é a última colher.
Passaram-se cinco dias desde que eu acordei, só comendo doces e porcarias — bem hoje ele trouxe essa sopa esquisita. Eu vivi como um preso nesses dias, sempre que eu peço para ir no banheiro ele me deixa — nem preciso mencionar que procurei algo que me ajudasse a escapar no banheiro, mas parece que ele pensou em tudo. Ele tirou as correntes do meus pulsos e tornozelos — deixando a do pescoço — só porque eu brinquei de carrinho com ele, parece que eu estou lidando com um crianção.
Uma coisa que eu pensei desde o segundo dia naquele inferno é que eu preciso ganhar a confiança dele se eu quisesse escapar.
Ele deixava as roupas, uma escova de dentes e uma toalha em cima da cama para minha higiene, pelo menos nisso ele é aceitável. O único momento de paz que eu tinha era no banho, porque segundo o que ele disse: Mamãe me ensinou a ter respeito pelos amiguinhos.
— ABRA A BOCA TAEHYUNG! — Ele berra me trazendo de volta a realidade, sua cara puta de raiva me dava um frio na espinha inexplicável.
Apenas abro minha boca fazendo o sorriso dele surgir novamente, logo ele volta a fazer o negócio do aviãozinho com se eu fosse um bebê que não quisesse comer papinha.
— Muito bem! Você merece até brincar Tete — ele deixa o prato na cama batendo palminhas animado.
Essa frase, ele diz isso pelo menos umas quinze vezes por dia, sempre o mesmo: Muito bem! Merece até brincar Tete. Na maioria das vezes que ele dizia isso estava com a faca na mão, a mesma faca que fez cortes em mim quando eu fazia algo que ele não se agradasse, me sentia até como um boneco voodoo.
Já brincamos de tudo, carrinho, boneca, jogos de tabuleiro e essas coisas. Eu digo com total razão que se eu recusa-se a faca estaria pronta para cortar a minha garganta, então aceitava sem pensar duas vezes. Todas as vezes que ele perdia em algum jogo eu ganhava um novo corte, seja pequeno ou gigantesco.
— Fogo, gritos, brinquedos, mamãe, fábrica, papai, quer brincar Tete? — Ele diz de olhos fechados enquanto balançava a perna direita freneticamente, suas mãos tremiam e seu maxilar estava travado. — Fogo, gritos, brinquedos, mamãe, fábrica, papai, muito bem Tete, você merece brincar! Isso! Brincar, vamos brincar Tete!
Jungkook se levantou rapidamente abrindo um sorriso, mesmo sorrindo as lágrimas desciam pelo seu rosto mostrando que aquela expressão animada era só uma máscara. Jeon pega o prato da cama indo diretamente para a única saída daquele cômodo, ele então, põe a mão dentro da própria blusa e puxa um colar com a chave.
Em segundos a porta é destrancada e novamente eu estava sozinho naquele cômodo, até poderia sair se não fosse pelo barulho dele me trancando pelo lado de fora.
Se eu não ficasse tão apavorado com essas crises que ele tinha eu teria percebido que ele estava tentando esquecer o passado dele, aquele maldito passado traumatizante que fudeu minha vida.
Me levanto da cama já melhor do que nas primeiras vezes que eu tentei, em passos lentos eu caminhei na direção da janela sentindo o chão frio sobre os meus pés. Quando eu estava quase na janela eu sinto algo me segurando pelo pescoço e só segundos depois percebi serem as correntes.
Fico na ponta dos pés tentando ver pela janela algum ponto de referência de onde poderíamos estar, mas tudo que eu vejo é o céu e algumas folhas — aquilo seriam árvores? Isso significa que estamos em uma área rural certo? Ou uma floresta sei lá, até agora eu não escutei nenhum barulho urbano.
— Fogo, gritos, brinquedos, mamãe, fábrica, papai, voltei Tete! — Escuto a voz animadamente espantosa do garoto que tinha voltado agora, ele então para me vendo tão próximo da janela e morde o lábio inferior nervoso. — O que está fazendo perto da janela?
— Eu... Eu... Eu estava apenas querendo pegar um pouco de sol — tento arranjar a desculpa mais plausível possível, com certeza ele não ia gostar nada de me ver bolando um plano de fuga.
— Tem certeza disso? É bom não estar mentindo — ele fecha a cara segurando o cabo da faca que estava em um coldre de couro em sua cocha, a outra mão estava com algumas caixas empilhadas, devem ser Jogos de tabuleiro... De novo.
— Sim — tento parecer o mais convincente possível, quando eu vejo que ele não caiu no meu migué eu percebo um novo jogo consigo. — Hey, que jogo é esse Jungkook? — Aponto para caixa tentando dissipar o clima pesado.
— AH, você percebeu! Eu roubei esse aqui especialmente p'ra você! — Ele volta a sorrir animado se aproximando da cama, é logo joga as coisas alí em cima pegando o jogo que eu mencionei. — Vamos jogar?
— Claro, claro — sorrio nervosamente me sentando na cama um pouco distante dele, já que a cama é de casal.
Sei que, quer que eu vire o seu novo bonequinho, mas você que vai cair no meu jogo Jungkook.
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𝐋𝐮𝐱𝐮𝐫𝐲 → ᴛᴀᴇᴋᴏᴏᴋ '
Fanfiction𝐋𝐮𝐱𝐮𝐫𝐲 → ᴛᴀᴇᴋᴏᴏᴋ ' Após receber a correspondência do novo vizinho por engano, Kim Taehyung decide ir entregar pessoalmente as cartas e talvez fazer amizade com o novo vizinho. Pobre garoto, não imaginava que esse simples ato ser...