Ragnarok - Astrid Seier

3

Pov's Astrid

Magne estava estranho de manhã, mais desligado que o normal, um pouco agitado também. Suas respostas eram curtas e grossas, ele se recusou a usar os óculos, se levantando rapidamente da mesa e saindo de casa.

- Presta mais atenção nele hoje? - apenas peguei uma torrada e concordei seguindo pra escola.

O clima mais agradável, como se o céu quase não tivesse caído ontem, de tão forte que foram os raios.

Chegamos juntos, tive que correr grande parte do caminho, então respirei fundo enquanto Gry se aproximou.

- Ei. Ta tudo bem com você? - ela parecia preocupada com ele, algo aconteceu? Mas Magne não me falou nada, como ela sabe?

- O que aconteceu ontem? 

- Eu não sei. 

- Por que subiram, a estrada tava bloqueada. - Saxa estava séria, olhei pra ele, tentando entender o que estava acontecendo.

- A gente tava só...

- Por que você deixou ela sozinha? - comecei a juntar as peças, cadê a Isolde? Eles estavam juntos na montanha, mas ela não está aqui. Magne não sabia o que responder.

- Hum, a gente tem que ir. Vamos. - nos guiei até a sala, avistando flores e velas sobre a mesa da Isolde. Não, ela..

Meu irmão estava abalado, estava estampado em seu rosto quando se sentou no seu lugar ao fundo.

Não era nosso primeiro luto, mas sempre doia como se fosse.

A diretora entrou na sala se pondo na frente do quadro,  seu vestido preto em destaque na sua pele pálida. Mesmo a vendo pôr um rosto triste, alguma coisa me dizia que não era verdadeiro.

- Caros alunos. Normalmente esse seria o horário de história, mas por motivos óbvios o professor Erik não vem hoje. - ela suspirou tentando passar um ar triste, mas seus olhos não pareciam dizer o mesmo. -  Eu quero que saibam que vocês...

O professor Erik abriu a porta, todos voltaram sua atenção pra ele, estava acabado, seu rosto abatido.

- Oi. Eu não suportei ficar em casa. - caminhou até sua mesa e sentou na beira, suas mãos esfregaram nervosamente em sua calça. - Eu estou bem

- Tem certeza?

- Tenho, tenho sim. - eu sei que não era verdade, a dor de perder um filho deve ser horrível, ainda ficava abalada quando pensava no meu pai.

- Mas a festa de primavera de sexta-feira está obviamente cancelada por...

- Não, não. Vamos continuar com a festa sim. Eu tenho certeza que a Isolde preferia assim.

Erik deu sua aula normalmente, às vezes parava encarando através da janela, perdido em pensamentos, mas se desculpava e voltava a explicar.

Olhei várias vezes sobre o ombro, Magne tinha o olhar fixado nas flores ao seu lado, tremendo sua perna embaixo da mesa.

...