A Justiceira Carmesim

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Após um tempo a garoa fina começou a respingar no jovem guerreiro. Joe observou o orvalho brilhando na pelagem negra de sua montaria. O frio intenso já congelava seus ossos e sua carne logo seria a próxima. Cauteloso, o guerreiro decide procurar um lugar para ambos se protegerem do frio implacável. Olhou atentamente ao redor da estrada procurando algum refúgio grande o suficiente para servir de abrigo. Avistou uma fumaça no horizonte onde uma fogueira se apagava aos poucos com a chuva serena. Uma grande carroça estava parada ao seu lado, havia vários barris caídos no solo. Então o arguto guerreiro salta rapidamente de sua montaria sacando suas duas lâminas. Seu amigo, treinado e inteligente, fica imóvel aguardando a ação de seu dono.

- Tem alguém aí!? – Grita o britoniano.

Estava escuro e a chuva começava a engrossar, suas botas resvalavam na grama escorregadia dificultando seus passos. Logo avista um homem desacordado caído na lama. Lampejos clareavam o céu negro ajudando o guerreiro a enxergar melhor a sua volta. A chuva, já em sua plenitude, caia do céu em forma de laje d'água, pesada e sonora. Joe aproximou-se do corpo e pode notar que era um homem de idade avançada, seus olhos estavam inchados e havia muito sangue escorrendo livremente dos cortes em seu rosto e nariz.

- Ei senhor, acorde! – Grita o soldado britoniano.

Sem obter respostas o guerreiro se abaixa cravando suas espadas no chão, se aproxima e checa a respiração do velho homem. Para sua alegria o homem estava vivo. Os ferimentos eram apenas hematomas e cortes superficiais. Sem muito esforço, o viril guerreiro pega o homem desacordado com seus musculosos braços e o deita sobre a carroça. Enquanto limpa o sangue de seu rosto tenta acorda-lo sem sucesso.

- Ora, parece que hoje não foi seu dia de sorte em. – Diz o jovem para o homem desacordado.

Fúria estava vigilante e como era muito esperto percebeu movimentos suspeitos vindos de trás das árvores. Relinchou advertindo seu dono da eventual ameaça que o cercava. Joe, atento, ouve seu amigo e corre rapidamente para pegar suas armas que estavam fincadas no solo e, de repente, nota uma sombra que salta como um gato de uma árvore nas suas costas e num instante sente a ponta de ferro fina e fria perfurando superficialmente sua nuca.

- Não se mecha, ou não terá tempo de ver a morte chegar. – A voz feminina soou autoritária e sem brechas para um diálogo.

Joe deposita suas espadas no chão e abominou sua estupidez, pois era a segunda vez que fora pego desprevenido quebrando uma regra essencial para sua sobrevivência.

- Assim está melhor. – Retrucou a voz.

- Voltou à cena do crime sem seu bando? Que estupidez. – Prossegue a mulher com a voz cheia de raiva, pressionando ainda mais sua lâmina contra a carne do guerreiro abrindo um pequeno corte que o fizera sangrar. Joe, com a garganta seca, sente seus batimentos cardíacos acelerarem até ficarem rasos e, temendo por sua vida, decide reagir. Confiante em sua destreza, dá um passo comedido para frente e em um giro veloz fica cara a cara com sua oponente. Um relâmpago clareia o céu negro revelando um pouco de sua eventual inimiga. Era uma mulher de beleza rara, tinha estatura média, com músculos delgados e bastante atléticos. Os longos cabelos ruivos estavam emaranhados pela chuva e eram vermelhos como carvões quentes num braseiro. Seus olhos eram esverdeados. Seu olhar era frio e penetrante. Cuidadosamente, o guerreiro da três longos passos para trás ficando fora do alcance da bela justiceira. Mas antes que ele pudesse piscar, a guerreira salta atacando-o novamente. A lâmina do florete cintilou no crepúsculo, seu corte estava inimaginavelmente afiado e descia como um raio na direção do britoniano. Ele, muito ágil, cruzou suas espadas bloqueando o ataque.

Joe Baldrol - Luz e SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora