three

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Já era quase a hora de sair do trabalho e eu estava extremamente nervoso, nem tinha motivo, mas só de pensar em ficar a sós com Taehyun depois de tantos anos era motivo o suficiente. 

Não que fosse rolar alguma coisa entre a gente, como se fossemos para algum tipo de beco e começassemos a nos pegar ali mesmo para matar a saudade e do que não conseguimos "viver" naquela época. 

— Kai! — Alguém gritou meu nome me assustando, eu estava me assustando muito ultimamente. Olhei pro lado com os olhos arregalados encontrando Taehyun parado ali. Foi quando percebi que tinha me distraído de novo, acontecia com frequência também. — Está tudo bem? É hora de sair. 

Olhei ao redor vendo que tinha apenas nós dois e outra pessoa ao fundo dentro do escritório, olhei para meu relógio e me levantei apressado. 

— Ah sim! Estou bem, vamos? — Indiquei a saída com a cabeça e peguei meu sobretudo que estava em cima da cadeira. 

— Vamos sim. — Ele tomou a dianteira e seguiu até o elevador. Assim que entramos eu voltei a me sentir nervoso, mas tentei me acalmar. — Vamos passar em um café primeiro?

— Claro. — Assim que saímos do elevador e posteriormente da empresa, percebi como clima estava frio naquele quase final de tarde. Entendi logo o por quê dele querer ir a um café. 

Chegamos no estabelecimento, Taehyun pediu algum café que não faço questão de saber e eu pedi um chá, café não era a minha praia, sinto muito amantes de café. 

Decidimos não ficar no local, conversar lá não era muito legal, seja lá o que fossemos conversar. 

Eu tava lá todo tranquilo degustando meu belo chá enquanto observava a paisagem quando senti alguém me puxar com uma certa agressividade. Será se eu estava sendo assaltado? Fiquei aliviado quando vi que era apenas Taehyun mas o alívio logo passou quando fui prensado em alguma parede. 

— O qu… — Nem tive tempo de terminar quando o loiro chocou sua boca contra a minha, eu fiquei sem reagir por breves segundos. 

Quando finalmente me toquei eu retribui, não pensei que eu precisava beijar Kang Taehyun até beijar Kang Taehyun. Passei minhas por sua cintura e o girei, prensando-o na parede. Soltei um suspiro de nem sei mais o que, talvez fosse alívio, saudade, desespero, qualquer coisa se encaixava, até minha boca na dele. 

Essa hora meu chazinho tinha ido parar no chão, vou sentir sua falta, campeão. Por outro lado, — ou por outra boca — minha boca foi preenchida com o sabor de café assim que minha língua encontrou a do outro. Confesso que não era meu sabor de beijo preferido, mas se fosse o de Taehyun eu aguentava qualquer coisa. 

Naquele momento senti alguma espécie de deja vú.

Nos beijamos por um longo tempo, mas eu não tinha todo o fôlego do mundo — sedentário sim, viva os sedentários — e nos separamos. Aposto que minha boca estava tão vermelha quanto a dele, me deu até uma vontade de beijar ele de novo, mas me segurei. 

Ele tinha voltado a, literalmente, um dia e eu já tava com minha boca grudada na dele, nem pra esperar uma semana.

— Me desculpe — Ele disse envergonhado soltando seus braços que estavam ao redor do meu pescoço que eu nem tinha percebido. 

— Tudo bem — Respondi e dei um passo para trás olhando ao redor, nós estávamos em um beco. Não sei se era destino ou ele estava lendo minha mente, eu tinha medo que fosse os dois. 

Voltamos a caminhar com um clima leve mas um pouco desconfortável, mas deixei essa parte de lado. Chegamos a um pequeno parque que tinha ali e sentamos no banquinho de madeira. Lembrei do meu chá e fiquei com saudade, estava frio e ele estava quentinho. 

— Me desculpe — Me virei para ele confuso. — por ter ido embora sem dizer nada. 

Era por isso. 

— Naquela época meu pai foi promovido e tivemos que sair do país. Apesar de ter um relacionamento bom com ele, ele não se importava muito com minhas amizades. Então não tive tempo suficiente para me despedir e nem consegui já que naquele mesmo dia eu estava indo para outro país. 

Eu estava sem palavras, ainda tentando assimilar o que ele disse. Queria socar meu sogro, digo, o pai dele. Não deixar nem o filho se despedir dos amigos, que tipo de pai era esse!? 

— Eu ia mandar mensagem, mas ele pegou meu celular e eu acabei perdendo seu número. Não pude voltar para o país, só agora, depois de três anos e à trabalho. 

Eu continuei quieto, era muita coisa para assimilar, mas eu estava feliz por ele ter me falado. Não que eu não fosse perguntar uma hora ou outra, mas ele falar por livre e espontânea vontade me deixou feliz. 

Soltei um suspiro baixo e levantei minha cabeça para olhar pra ele que estava de cabeça abaixada e olhar triste no rosto. 

Me aproximei e levei uma de minhas mãos até seu cabelo fazendo um carinho leve ali. 

— Não se preocupe, não ficamos com raiva de você, apenas triste. Ok, talvez com um pouco de raiva sim, mas o que importa é que está aqui agora. — Falei lhe mostrando um dos meus charmes, meu sorriso, óbvio. 

Ele soltou uma risadinha fofa enquanto se virava no banco de frente pra mim, e me abraçou. Queria ressaltar que ele ficou mais forte, por que o abraço foi tão apertado que senti que estava com falta de ar. 

— Eu senti tanto sua falta. — Ele falou baixinho enquanto afrouxava o abraço — ainda bem — e deixou apenas sua cabeça pousada no meu ombro. 

— Eu senti sua falta também. — Fui sincero, por que sim, eu sentia muita falta dele, mesmo seguindo minha vida eu ainda pensava nele. 

— E Beomgyu? Ainda são amigos? — Questionou quando se afastou de mim. 

— Infelizmente sim, ele ficou mais insuportável com os anos. — Suspirei derrotado, garoto chato, mas eu o amava. 

Taehyun riu novamente, eu adorava sua risada, ele sabia o quanto meu amigo era insuportável, apesar dele não ser alvo do Beomgyu, já que o moreno adorava bajular Taehyun tanto quanto eu. 

Ficamos até o anoitecer colocando a conversa em dia e ocasionalmente falando mal de seu pai — confesso que foi minha parte preferida, não que eu falasse mal das pessoas pelas suas costas, mas o cara levou a pessoa que eu amava para longe e quer que eu leve na boa!? Jamais.

Após isso fomos até o apartamento de Beomgyu, meu amigo merecia ver Taehyun também. 

Bati na porta esperando Beomgyu abrir, ao fundo ouvi um "já vou!" dele. Assim que ela foi aberta eu vi sua cara de choque seguido de um grito, tampei meus ouvidos nessa hora. 

— Taehyun! — Meu amigo falou com uma voz chorosa, eu pude ver lágrimas enchendo seus olhos, confesso que até eu fiquei com vontade de chorar. — Que saudade de você! — Beomgyu pulou em Taehyun que o segurou. 

— Senti sua falta também. — Ele disse com sua calmaria característica, seus olhos também estavam cheios de lágrimas. Não me segurei e me juntei ao abraço, eu senti tanta falta disso. 

Após nosso momento meloso e choroso entramos finalmente no apartamento, e Beomgyu estava super empolgado perguntando sobre tudo e qualquer coisa para Taehyun, que nem ao menos tinha tempo de responder pois já era bombardeado com mais cinco perguntas. 

— Por que você foi embora sem se despedir? — Sua voz era triste, meu coração doeu. 

Taehyun voltou a repetir a história para Beomgyu, que ficou com raiva e triste ao mesmo tempo.

— Não acredito! — Ele falava muito isso. — Se eu encontro esse velho na rua, eu saio no soco com ele. — Beomgyu falou dando um soco no ar, como se fosse o homem. E eu ri, pois faria o mesmo.

the one  •  tyunningOnde histórias criam vida. Descubra agora