— A marca é algo que passa por gerações na nossa família — disse Yago com uma tranquilidade além do normal ao se sentar na poltrona. — Mas nem todos os nossos familiares possuem.
— Tá, mas o que isso tem a ver com todo o resto? — questionei já prevendo a perda de tempo. — Tenho uma marca azul no quadril, grande coisa! — Revirei os olhos com irritação.
— Promete que vai ter a mente aberta? — Yago se inclinou na minha direção.
— Só de eu estar aqui conversando com você já me considero a pessoa com a mente mais aberta do mundo. — Cruzei os braços e abri um sorriso debochado. — Agora desembucha porque estou de saco cheio dessa enrolação.
— A marca vermelha corresponde aos regressores como seu irmão Alex — soltou como se aquela definição fizesse algum sentido. — Já a marca azul corresponde aos progressores como você.
— Que tal você falar na minha língua? — Levantei uma sobrancelha e fiquei irritado por não ter entendido de primeira o que ele queria dizer, já que eu era a pessoa mais inteligente que eu conhecia.
— Todos que possuem a marca podem viajar no tempo — pronunciou as palavras como se realmente acreditasse nelas, o que me deixou um tanto chocado porque por mais que eu soubesse da existência de pessoas birutas na minha família, eu não esperava que Yago fosse uma delas. — Os regressores podem viajar para o passado e os progressores podem viajar para o futuro.
Fiquei um bom tempo olhando pra cara dele esperando que desmentisse o absurdo que acabou de falar, mas Yago continuou calmo e sereno, bem firme naquela explicação sem pé e nem cabeça.
E foi só então que eu comecei a rir porque era a coisa mais patética que eu tinha escutado na vida. Yago se encolheu no assento pouco confortável enquanto eu praticamente me tremia de tanto rir.
— Você disse que manteria a mente aberta — falou, soando bem ofendido com a minha crise de risos.
— A maconha que você usou era boa mesmo, Yago. — Sacudi a cabeça com descrença e me levantei do sofá porque eu queria dar o fora dali antes que a maluquice dele recaísse sobre mim. — É melhor eu ir, mas foi muito boa essa conversa — tirei sarro apenas para descontrair e não acabar dando um soco nele por ter me feito perder tempo.
— Se eu provar que estou falando a verdade, promete que vai me ouvir? — Ficou de pé e foi na minha direção antes que eu alcançasse a porta.
— Ah, claro! — Semicerrei os olhos com um ar desafiador. — Me prove que pode viajar no tempo por causa de uma marca de nascença horrorosa que escuto o que você quiser.
Tive vontade de rir de novo, mas o riso ficou preso na garganta quando Yago começou a tirar a camisa num movimento rápido e preciso. Eu não sabia muito bem qual era o nível de loucura dele, mas eu me recusava a ficar e descobrir.
— Você disse pra eu provar — lembrou quando fiz menção em sair pela porta antes que ele me atacasse sexualmente ou algo assim.
Como um cara completamente pirado podia ter um consultório médico? Ele devia estar preso num manicômio ou algo assim. Era um absurdo que vivesse em sociedade atendendo pessoas doentes.
— E-E-Eu vou embora, pra mim chega... — tentei soar firme e decidido, mas me encolhi contra a porta quando ele me cercou. Abri a boca para gritar, mas não saiu som algum.
— Relaxa. — Segurou a minha mão e percebi que ela estava tremendo muito. Nunca tive muita intimidade com o Yago, talvez por isso eu estivesse tão apavorado com aquela aproximação absurda. É claro que a falta de roupas colaborava e muito para o meu pânico se agravar ainda mais.
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Love Yourself [DESGUSTAÇÃO]
Science FictionPLÁGIO É CRIME! É proibida a distribuição e reprodução total ou parcial desta obra sem autorização prévia do autor. 🏆VENCEDOR DO PRÊMIO WATTYS 2022 NA CATEGORIA FICÇÃO CIENTÍFICA🏆 Evan Tramontini sempre foi narcisista ao extremo. Após uma série d...