Linguagens do amor - ShiIta

IV - Gesto de serviço

Notas iniciais:

Esse é o meu cap preferido, espero que gostem também! Boa leitura!

...

— Não importa que tipo de humano somos, é somente na hora da morte que descobrimos nossa verdadeira natureza, a verdadeira razão de nossa existência.

— Itachi! – Sasuke o olhou desacreditado. — A loja de dangos da rua de casa fechou, mas tem muitas outras. Não seja dramático!

— É como a morte 'pra mim. – Ele falou tão sério que Sasuke sentiu vontade de esbofetá-lo. Seu olhar estava distante, como se tivesse perdido algo que ama verdadeiramente.

Ambos andavam de volta à sua residência e o caçula temia que o outro não sobrevivesse sem seus doces. Não sabia ao certo há quanto tempo ele não comia dangos, mas dada a expressão desolada dele quando viu a placa na frente da loja, imaginava que tivesse passado muito tempo, talvez uma semana ou algo assim.

(...)

Shisui nunca se sentiu tão motivado na vida. Em todos os seus 21 anos, nunca enfrentou tamanho desafio: ele estava fazendo dangos. Não pôde resistir, a voz tristonha de Itachi no áudio que ele mandou, dizendo que a loja de dangos da rua dele havia fechado e que ele nem ao menos pôde se despedir cortou seu coração.

Então naquele momento, estavam ele e Sasuke que, após muita insistência, aceitou ajudar o rapaz, tentando fazer os doces que Itachi tanto amava.

— Não entendo o porquê disso. – Sasuke resmungou, observando Shisui colocando uma touca nos cabelos e um avental, enquanto ele permanecia sentado no banco perto do balcão, apenas observando o outro separar os ingredientes. — Por que você não foi em outra loja comprar? Tem uma a algumas ruas daqui!

Os rapazes estavam na casa de Shisui e tinham acabado de voltar do mercado, onde compraram os ingredientes para a receita. O de cabelos curtos foi pessoalmente na residência de Sasuke solicitar sua ajuda para cozinhar, já que conhecia a si mesmo suficientemente para saber que a possibilidade de conseguir sozinho era quase nula. Aproveitando que Itachi estava fora por algumas horas por conta de um curso, os dois se puseram a preparar os dangos.

Sasuke, na verdade, estava ali mais para dar um apoio moral e alertar Shisui quanto à temperatura do fogo e coisas do tipo, já que eles tiveram uma experiência bem desagradável tentando cozinhar um bolo de aniversário para Itachi há alguns anos, o que resultou em um forte cheiro de fumaça na casa que chamou a atenção de todos os vizinhos e um bolo extremamente queimado.

— É muito mais especial se nós fizermos os dangos! – Shisui respondeu animado para o adolescente na sua frente. — Tenho certeza que ele vai amar.

— Isso se der certo, não é? – Sasuke respondeu. — E se ele gostar. – Ele pontuou. — Já que ele já provou dangos de inúmeros lugares e... – O garoto se interrompeu ao ver o sorriso murchar no rosto do outro Uchiha e se arrependeu imediatamente do que disse, querendo estapear a si mesmo. — Esquece o que eu disse, Shisui! – A voz saiu abafada pelas mãos em seu rosto. — Tenho certeza que ele vai amar, afinal, estamos fazendo isso com nossas próprias mãos, certo?

— Você acha mesmo? – Shisui murmurou, um tanto desanimado.

— É claro! Vamos logo com isso. – Sasuke se levantou, colocando uma touca também, mas dispensando o avental. Disposto a acabar logo com aquilo para voltar para as suas anotações.

(...)

Não é preciso dizer que Sasuke se arrependeu amargamente de ter recusado o avental. Ele e Shisui estavam cobertos de farinha de arroz da cabeça aos pés. Felizmente, seus cabelos estavam a salvo, mas isso não diminuía sua irritação.

Shisui estava tão feliz como se tivesse ganhado um prêmio. Depois de muitas tentativas, eles conseguiram fazer bolinhas perfeitas com a farinha de arroz e o tofu. E agora o rapaz limpava um pouco a cozinha enquanto Sasuke secava os doces que haviam acabado de serem tirados da água com gelo.

As tentativas de fazer o caramelo foram igualmente tensas. Erraram o ponto pelo menos três vezes e desperdiçaram muitos ingredientes. Sasuke jurou para si mesmo que nunca faria algo do tipo caso se apaixonasse por alguém e nunca mais aceitaria ajudar Shisui na cozinha, em hipótese alguma.

Sasuke notou no meio da tarde que o ato de Shisui se encaixava perfeitamente com outra linguagem do amor descrita no livro que estava estudando: a do gestos de serviço. A pessoa que se identifica com essa linguagem, em geral, procura agradar o outro realizando ações que este aprecia, como cozinhar uma boa refeição, por exemplo. Fez anotações mentais de reler essa parte do livro, pois pensava que a ação pudesse ser descrita como presente também.

Alguns minutos já haviam se passado do horário que Itachi deveria chegar em casa, e Shisui tinha acabado de jogar a calda sobre o último espeto de dangos.

Acabado o serviço, os rapazes suspiraram satisfeitos, limpando minimamente as roupas esbranquiçadas pelos ingredientes e se dirigindo à saída da casa, Sasuke na frente, sendo seguido por um Shisui radiante segurando um pote de dangos frescos nas mãos.

(...)

Chegaram na residência de Mikoto e Fugaku sendo recepcionados pela matriarca que, com um sorriso orgulhoso perguntou se tinha dado tudo certo, tendo como resposta um sorriso ainda mais largo de Shisui.

Poucos minutos depois Itachi aparece no cômodo e o Uchiha de cabelos curtos sente um nervoso repentino, e fica alguns segundos atordoados sem saber o que fazer, o que causa um risinho em Mikoto e prende a completa atenção de Sasuke que já estava com caneta e livro na mão, anotando tudo que via com afinco.

— Shisui? – Itachi chama surpreso pelo amigo estar ali, já que não lembrava de ter marcado algo com ele.

— Oi, Tachi. – O rapaz estende os braços, entregando o recipiente com os doces para Itachi. — Eu trouxe dangos!

Os olhos de Itachi brilharam e ele abriu o pote sentindo o cheiro doce invadir suas narinas, acalmando seu coração e seu estômago que há muito sofriam com a abstinência de sua comida preferida. Antes que pudesse agradecer, o de cabelos longos observa atentamente Shisui que ainda tem as roupas sujas de farinha de arroz e o cabelo envolto pela touca, embora não lembrasse desse fato.

— Você que fez? – Perguntou e havia tanta emoção na sua voz que até mesmo Fukagu que estava na cozinha, começou a prestar atenção na conversa.

— Tive ajuda do Sasuke. – Ele respondeu depois de assentir. E Itachi sorriu de uma forma tão ampla que até Mikoto se surpreendeu, tendo visto aquele sorriso pouquíssimas vezes nos lábios do primogênito.

E Sasuke entendeu que não era mais sobre os dangos. Shisui poderia até mesmo ter colhido uma flor e entregado a Itachi, que seu aniki ficaria imensamente agradecido pelo melhor amigo ter feito algo sabendo que o agradaria.