Gustavo
Não pensei que meu coração pudesse doer daquele jeito, então é assim que a pessoa se sente quando tem o coração partido? Parece que eu sou a pior pessoa do mundo que não merece ser amado por ninguém. Passei pelas portas giratórias do hotel bruscamente ignorando completamente o cumprimento de alguns membros do meu grupo de viagem, não estava com paciência para praticar a boa educação.
Apertei repetidas vezes o botão do elevador do hall de entrada como se isso fosse magicamente fazer o elevador chegar mais depressa, na minha cabeça a cena da Leticia virando as costas e correndo em disparada pela Times Square continuava ali firmemente assombrando meus pensamentos me fazendo sentir ainda mais sufocado. Olhei meu celular na falsa esperança de ver uma mensagem sua, nem que fosse uma mensagem me xingando dizendo que eu era a pior pessoa do mundo, juro qualquer coisa seria melhor do que aquele silencio doloroso.
Finalmente as portas do elevador se abriram, entrei na cabine e por um segundo congelei diante dos botões dos andares. Eu queria ir para o meu quarto, aliás eu precisava dormir e esquecer que aquele dia realmente tinha acontecido. O que está acontecendo com o meu cérebro? Apertei o botão do andar do spa e área das piscinas do hotel, acho que não estava pronto para encarar a minha mãe e ter que explicar o que eu estava fazendo na Times Square até aquela hora e ainda por cima ouvir os intermináveis elogios a Leticia e sua família, eu só queria desaparecer por mais algumas horas e aceitar a minha insignificância nesse mundo.
O andar estava vazio, já tinha passado da hora de uso das piscinas tenho a impressão que eu não tinha permissão para estar ali, me certifiquei de que estava realmente sozinho e apressei meu passo até chegar nas enormes portas que davam para o terraço moderno do hotel. As portas se abriram na primeira tentativa me liberando uma onda de alivio, senti o ar congelante pinicar as minhas bochechas e mesmo assim continuei andando em direção a sacada que ia me permitir ter uma visão privilegiada da fria e movimentada Manhattan.
Senti meu celular vibrar no meu bolso, meu coração disparou como uma metralhadora no meu peito, peguei o celular do bolso em um ato tão rápido e desengonçado quase deixando meu celular voar pelas frestas da sacada. Nem acreditei quando vi sua foto na chamada, parecia até mentira quando atendi e disse alto sem esconder a minha surpresa – Leticia?
--Oi Gustavo... eu acho que precisamos conversar...
--SIM! -- Respondi alto demais, queria demonstrar que estava menos desesperado por isso pigarrei repetindo – Sim... seria legal se a gente pudesse conversar...
--Onde você está? -- Perguntou com a voz cansada.
Meu estupido coração estava disparado a milhão no meu peito só com a possibilidade da nossa conversa, eu até queria não me iludir, mas já era tarde demais – E-eu estou no Spa, quer dizer não no Spa em si porque está fechado, mas na sacada... sabe onde é certo?
--Sim sei... te encontro aí daqui a pouco...
Se o Gustavo de alguns dias atrás estivesse assistindo essa cena deprimente com certeza ia dizer que eu fui abduzido! Eu nunca fui o cara iludido que corre atrás da garota, na verdade sempre tive tudo tão fácil na minha mão que não me lembro de ter me sentido assim na vida. Claro que ser popular e fazer parte do B.O.I sempre foi uma vantagem na hora de conseguir uma chance com as meninas, agora depois de hoje percebi o quanto eu sou patético.
Não precisei esperar muito em poucos minutos lá estava Leticia entrando pela porta da sacada com os olhos inchados sem disfarçar nem um pouco que tinha chorado. Meu coração doeu na mesma hora só de imaginar que o motivo daquelas lágrimas poderia ser eu e a minha péssima mania de transformar tudo em um grande caos.
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Nada é por acaso
RomanceLeticia é obcecada por organização e planejamento, enquanto Gustavo é o oposto deixando sua personalidade um tanto egocêntrica ser sempre o centro das atenções. Depois do desastre na viagem de formatura Leticia e Gustavo cortam relações de vez, mas...