Capítulo 50

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Jennie

O fato é que me senti mil vezes melhor depois de ter feito aquilo com Lisa. É claro que o que eu fiz não foi grande coisa, foi apenas o que ela merecia naquele momento. Não podia deixar Lisa me tratar como um pedaço de carne. Sei que as vezes gosto quando ela me trata praticamente como uma submissa na cama, mas não é tão bom quando ela age desse jeito vinte e quatro horas por dia. Existe um momento certo pra isso, e me insultar em um jantar familiar não é um deles.

Pela próxima uma hora, Lisa me encara como se estivesse tentando bolar algum tipo de plano maligno para me dar o troco pelo que eu fiz com ela.

Sei que ela é o tipo de pessoa que não gosta de perder, e tenho certeza que ela não está acostumada a perder contra uma mulher com quem transa, porque também sei que elas praticamente se ajoelham para conseguir ficar com ela. Mas no momento não me importa o que ela acha, só estou feliz por ter vencido uma batalha, e acho melhor deixar as coisas como estão por agora.

Continuo a ignorando pelo resto do jantar, mas não posso me impedir de provocá-la de vez em quando. Quando vou passar perto dela, faço questão de empinar meu traseiro para encostar nela ou ficar mais saliente, porque sei que ela fica louca quando faço isso.

Converso com os convidados da festa sempre analisando seu comportamento e seu corpo, para saber como se sente enquanto eu tento provocá-la. Lisa coloca as mãos no bolso, dá uma enorme golada na sua bebida e sempre desvia o olhar quando olho para ela. Em alguns momentos ela afrouxa a gravata e respira fundo, sabendo que não importa o que fizer esta noite, nada vai acontecer entre a gente.

Quando percebo que ela está olhando para mim, eu jogo meus cabelos para o lado e deixo o decote dos meus seios e das minhas pernas mais aparentes. E quando faço isso, eu a vejo se afastando e olhando para outro lugar, tentando não se sentir tão excitada. Talvez eu também tenha vencido essa.

Sei que eu usar meu corpo como um objeto é errado, mas essa é possivelmente a única forma de irritar Lisa, então talvez compense.

Depois de alguns minutos, quando me canso de ficar em pé conversando com os convidados, eu faço um sinal para minha mãe a avisando que vou ir para a cozinha — onde não tem ninguém a não ser os cozinheiros e garçons — para descansar meus pés e minha paciência por um momento.

Quando chego lá, os funcionários ainda estão trabalhando. Alguns estão servindo algumas outras porções de comida para os convidados e outros estão limpando a cozinha. Me sento em um banco alto e tiro o salto que está matando meus pobres pés, então estico minhas pernas no outro banco e assisto meu vestido escorregar pelas minhas pernas. O ajeito de volta para a posição correta e estico minhas costas.

"Deixe do jeito que estava, o vestido caído, mostrando suas pernas, a visão era melhor," diz Lisa se aproximando de mim.

Ao invés de entrar pela porta da sala, ela entra pela porta de trás que dá passagem ao jardim, onde ela provavelmente estava.

"Agora você também decide o que é melhor ou pior?" Pergunto, abaixando meus pés do outro banco. "Ah é, você sempre faz isso, porque sempre opina em tudo, mesmo quando não tem nada a ver com você."

Lisa ri e coloca o copo que segurava na bancada.

"Só estava te elogiando, Jennie. Já disse, você tem pernas bonitas," ela diz, ao colocar sua mão na minha frente. Ela fica tão próximo de mim que seu corpo quase encosta no meu.

"Não, não estava. Você não faz nada sem segundas intenções Lisa, sei que você quer..." olho em volta para os cozinheiros distraídos e aproximo minha boca do ouvido dela. "Transar."

"E isso seria ruim?"

Penso por um instante, então coloco minha mão no peito dela e a empurro levemente. Abaixo para pegar meus sapatos e fico na frente dela, ainda próxima.

"Na verdade não, não seria. Mas... você sabe, ainda estou brava com você." Respiro fundo e penso um pouco sobre de onde ela veio. "Desculpa se te deixei desapontada, sei que você queria isso mais do que tudo, já que teve que ir pra varanda pra tentar parar de se sentir tão tentada por mim," digo com um sorriso.

"Não é só isso que as pessoas fazem na varanda, Jennie. E não fugi de nada, só queria um pouco de silêncio."

"Claro," falo ironicamente. "Apenas silêncio, porque é isso que idiotas procuram quando estão excitadas."

"Como é?" Pergunta ela, com as sobrancelhas surpresas por eu sugerir tal coisa. Mas não fala mais nada, já que era verdade.

Ignoro sua pergunta e me viro para sair da cozinha, mas Lisa puxa meu braço e encosta sua boca no meu ouvido. Uma mão sua segura meu braço com firmeza e a outra se encaixa na minha cintura, onde ela desce e quase chega na minha bunda.

"Eu vi como você queria isso a alguns minutos atrás, não se faça de difícil, Jennie." Ela sussurra.

Talvez seja verdade. Quando a vejo me olhando daqueles jeito tudo o que eu quero é beija-la, mas não vou fazer isso agora.

Eu viro minha cabeça levemente em sua direção e solto um sorriso vitorioso. Agarro sua mão sutilmente e a tiro do meu braço, então vou até a sua outra mão na minha cintura e faço a mesma coisa.

"Isso é o que você ganha por ser uma babaca, Lisa." Digo. "Agora, me dá licença que eu preciso ser gentil e paciente com mais algumas pessoas, se eu ficar mais tempo com você não vai sobrar mais nenhuma paciência para o resto dos convidados."

Eu me afasto dela e volto para a sala, e percebo que Lisa me observa até me perder de vista. Me sento em uma cadeira na sala, onde calço de volta meus sapatos, e logo continuo conversando com as pessoas que insistem em falar o quanto eu cresci desde a última vez que me viram.

Lisa fica mais afastada de mim pelo resto do jantar, e quando todos vão embora, ouço as notícias da minha mãe que deu tudo certo e que eles vão assinar o contrato no dia seguinte.

Quando vou para o meu quarto, me troco e olho ligeiramente pela a janela, para o quarto de Lisa. Foi por um triz que eu não me rendi a seus lábios carnudos e seus olhos castanhos, mas não me arrependo de ter feito isso hoje, não se foi isso que precisou para Lisa entender que ela não pode me tratar mais daquele jeito.

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