Capítulo 3

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Notas iniciais:
Olha quem chegou com um capítulo novo pra vocês!
As notas finais têm algumas informações que julguei pertinentes colocar.
Texto mais ou menos revisado por mim. Qualquer absurdo, avisem, por favor.
Boa leitura!

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A luz do Sol entrava sutilmente por uma fresta da cortina. Acordado há algum tempo, Shiryu permanecia deitado na cama, perdido em pensamentos. Desde a conversa, aparentemente desastrosa, da noite passada não tinha visto Ikki. Não que tivesse tentado algum contato depois que deixara a cozinha. Tinha saído do quarto apenas para escovar os dentes antes de dormir, encontrando a casa silenciosa e escura, a não ser pela claridade que escapava por baixo da porta do quarto do outro. 

Não estava nos seus planos fazer Ikki se sentir pressionado. Por tudo que há de mais sagrado! Tinha ponderado tanto, pensado tanto para pôr tudo a perder em menos de vinte e quatro horas. Queria tanto ajudar os dois irmãos que, empolgado pela receptividade demonstrada por Ikki, acabou metendo os pés pelas mãos. Ele só queria, só precisava tentar consertar algo que julgava estar ao seu alcance.

Um suspiro frustrado escapou dos lábios de Shiryu. Estava ciente de que permanecer deitado não iria resolver nada, mas a perspectiva do que provavelmente lhe aguardava quando, enfim, encontrasse com Ikki novamente não era animadora. Não havia o que fazer de qualquer forma, entre resignado e decidido, levantou-se. Após arrumar a cama, trocar de roupa e fazer yoga (bons e velhos hábitos não devem ser abandonados, afinal) seguiu para o banheiro. 

A casa encontrava-se tal qual a noite anterior, silenciosa, mas as cortinas abertas deixavam a luz natural da manhã entrar, aliviando, ao menos um pouco, o sentimento pesado que tinha se instalado no ambiente e no peito de Shiryu desde que ele presenciou as reações que suas palavras tinham desencadeado. 

Pretendia ir à cozinha preparar algo para comer, mas foi surpreendido ao se deparar com o café da manhã posto na mesa de jantar. Duas garrafas térmicas, um açucareiro, pão, queijo, geleia, manteiga e um apenas um prato e uma xícara… Sem entender exatamente o que aquele gesto poderia significar, ou se sequer havia um significado por trás daquilo, Shiryu sentou-se para comer, lavando e guardando tudo assim que terminou.

[...]

A manhã parecia se arrastar. A inquietação que o atingiu à noite e tinha amenizado um pouco ao acordar voltava em picos à medida que as horas avançavam sem que tivesse notícias de Ikki. Por sorte, o livro, retirado da pequena coleção que encontrara no rack da sala, servia parcamente como distração desde que o encontrara há coisa de duas horas, talvez; isso até Shiryu conferir, novamente, o relógio que trazia no braço. Já passava um pouco das onze e mesmo sem a certeza de que Ikki voltaria para casa, faria o almoço para os dois. 

Com uma ínfima esperança de que Ikki retornasse para comer, Shiryu decidiu tomar um banho ao terminar de preparar a refeição. Não tinha a menor ideia de como se dariam as coisas entre eles quando ficassem cara a cara, mas fugir da situação não era mesmo uma opção viável. O almoço era uma ótima desculpa para testar o terreno e a partir daí resolver que rumo tomaria. Duvidava que Ikki pudesse expulsá-lo, mas se sua estadia ali significasse a fuga dele da própria casa pelos dias que se seguiriam, partiria para o Japão na primeira oportunidade. Para sua total frustração, acabou almoçando sozinho.

[...]

Sentado no banco de pedra que havia embaixo da árvore no jardim da casa há um bom tempo, Shiryu já cogitava ir embora dali, deixando um bilhete de desculpas e agradecimento pelo acolhimento (apesar de achar essa uma das piores alternativas dentre as disponíveis) quando sentiu o cosmo de Ikki. Viu-o fechar o portão e imaginou que ele seguiria direto para dentro da casa, mas, ao que parecia, Ikki tinha outros planos.

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