Bianca Andrade Da Silva.
Sabe quando você olha para trás, e vê que tudo que você viveu valeu a pena? Cada sorriso, cada choro, cada pessoa que entrou e saiu da sua vida, até mesmo cada palavra que te machucou valeu a pena, e sabem o por que? Porque nós sentimos tudo, desde o bom, até o ruim.
Você fecha seus olhos, e se lembra de quando era criança, você era feliz, não havia preocupações com nada, você era apenas uma criança, sem maldade alguma. Para nós, o mundo era tão incrível, admiravamos o sol, e deitavamos na rua para olhar as estrelas. Corriamos descalça na rua, e nem nos importávamos que nossas mães iriam nos xingar. Sim, tudo era perfeito, então porque queríamos tanto ser adultos?
A vida passa rápido, e seus sonhos você conquista com o tempo, mas perder eles nunca é o plano.
Com os olhos vermelhos de tanto chorar, segui meu caminho até em casa. Por sorte, Fred não havia chegado. Subi para meu quarto, e me enfiei de baixo d'água, eu queria apenas abraçar minha mãe e me sentir criança novamente.
Me enrolei na toalha, e fui até o closet a procura da camiseta de Rafaella que eu havia trazido para mim. Ao achar ela, vesti, seu cheiro parecia sempre permanecer nela, ou era porque eu havia comprado seu perfume? Não importa, eu apenas a vesti.
Quando fui em direção a saída do closet, uma caixa me chamou atenção, na verdade foi "a caixa" a caixinha onde eu coloquei todas as lembranças de quando eu era apenas uma criança.
Coloquei a caixa rosa em cima da cama, e me sentei em meio às cobertas.
Primeira carta.
Oi, como você sabe eu sou a Bianca, sim a garota que você decidiu quebrar todos os brinquedos dela em apenas segundos. Claro que não estou jogando na cara, longe disso, mamãe sempre me ensinou a não jogar nada na cara das pessoa, a não ser ovos em seu aniversário. Mas enfim, eu quero agradecer por ter me dado seus brinquedos. Realmente não precisava, eu tenho muitos, e acho que tem mais crianças precisando deles do que a mim.
Você foi a primeira pessoa que encontrei ao chegar nessa cidade tão pequena, e sabe?! Rio de Janeiro é tão grande, muito movimentado, acho que você iria gostar de visitar lá, eu prometo que um dia eu te levarei ao complexo da maré.
Por sorte, ou azar, eu descobri que você é da mesma escola que entrei, e a sua irmã, Manoela, é da minha sala. Que sortuda eu sou, não é mesmo?
Eu não vou te entregar essa carta em mãos, pois eu tenho vergonha. Por isso, pedi para que sua irmã lhe entregasse.
Obrigada pelos brinquedos, garota dos olhos verdes.
Limpei meus olhos, que agora estavam cheio de lágrimas. Pronta para abrir outra carta, eu apenas suspirei e fui em frente.
Segunda Carta.
Olá Bianca, recebi sua carta, minha irmã acabará de me entregar. Eu fico admirada que uma garota da sua idade, seja tão prendada em mandar cartas, até porque as pessoas geralmente não mandam.
Você parece ser uma garota muito iluminada, quando olhei para você, vi o quão poderia ser uma amiga excelente.
Seja corajosa e chegue em mim hoje na escola, eu juro que sou uma garota muito legal, você não vai se arrepender.
Obrigada pela carta, garota dos olhos castanhos.
Porque Rafaella tinha que ser sempre tão, carinhosa? Sim, essa é a minha Rafaella, a garota que eu nunca deveria ter deixado de lutar. A minha garota dos olhos verdes.
Dentro da caixa, achei meu diário, sim eu fui uma adolescente prendada como disse Rafaella. Abri a primeira página e li o que eu havia escrito.
Página 1.
Querido diário, hoje eu estou tão feliz. Pera, eu comecei como os filmes adolescente de Hollywood. Enfim, sem papo a mais. Hoje eu saí para conhecer o centro de Minas, eu moro aqui a alguns anos, mas nunca havia ido, mas hoje a garota dos olhos verdes me levou. E nem foi por ver o quão lindo essa cidade pode ser, mas sim por ter tido a oportunidade de pegar na mão de Rafaella, e andar ao seu lado por horas. Sim, eu estou me sentindo apaixonada pela garota dos olhos verdes. Ela é tão perfeita, seus olhos parecem esmeraldas, seu nariz é fino, parece até de boneca, e seus lábios parecem me chamar.
Um dia a garota dos olhos verdes será minha.
F: "Linda?" - Ouvi a voz de Fred, e rapidamente coloquei tudo na caixa e sequei minhas lágrimas.
Eu: "Oi, lindo." - Forcei um sorriso.
F: "Você chorou?"
Eu: "Não, claro que não amor."
F: "Não minta, foi pelo o que fiz né? Me desculpa amor, eu juro que não vou errar mais.
Eu: "Está tudo bem."
F: "Como foi no médico?"
Eu: "Eu estou bem, Bruno."
F: "Amor, me fala o que deu nos exames."
Deixei as lágrimas cair novamente, e abracei Fred o mais forte possível.
F: "Calma, calma." - Ele sussurou várias vezes em meu ouvido.
Eu: "Porque comigo? Porque?"
F: "Amor, fala comigo, o que aconteceu?"
Eu: "Lindo, tudo aquilo que eu sentia era porque eu estou com tuberculose, e eu sei que é uma doença horrorosa, mas nem é exatamente isso que está me deixando apavorada."
F: "Então o que é, linda?"
Eu: "Eu vou ter que ficar afastada do trabalho, tem noção que tudo está começando agora? A Payot não aceitou, marcas querem cancelar o novo lançamento de Boca rosa. Eu demorei tanto para conquistar, eu não posso."
F: "Mas a tuberculose está muito grave?"
Eu: "A médica falou que não muito, mas que como ultimamente eu não tenho me cuidado, estou trabalhando muito, e sem tempo, ela piora com o tempo."
F: Eu sinto muito."
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Grande Amor.
RomanceO tempo passou, e Bianca sofreu calada. Não conseguiu tirar Rafaella do seu pensamento, iria dizer que estava apaixonada, porém recebeu o convite do casamento de Rafaella.