13. Grande Amor.

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Bianca Andrade da Silva.

Assim que saímos do hospital, Rafaella não se convenceu da minha história sobre não está escondendo nada dela. Não consigo negar o quanto a Rafa não mudou nem um pouco, ela sempre foi desconfiada, e sempre soube quando estou mentindo.

Mas o que eu posso fazer? Eu não consigo dizer a verdade para ela, nem para ninguém.

Perder as marcas não foi uma mentira, realmente aconteceu, e eu realmente estou mal, sei que eu deveria esta pior pela minha doença, mas eu não consigo não pensar nos meus sonhos.

R: "Você vai dizer logo o que está escondendo de mim?"

Eu: "Não estou escondendo nada, Rafaella."

R: "Olhe para mim, Bianca." - Ela parou o movimento do carro, e encarou meus olhos. - "Olhe no fundo dos meus olhos, e me diz que não está escondendo nada."

Eu: "Rafaella, por favor."

R: "Você nunca mentiu pra mim, porque está fazendo isso agora?"

Eu: "Eu não estou mentindo para você, Rafaella." - Abaixei meu olhar para sua barriga, onde ela apertava o tecido de sua blusa.

R: "Então diz olhando nos meus olhos." - Sua mão foi para o meu queixo, onde ela levantou lentamente.

Eu: "Eu só não posso dizer."

R: "Porque não pode, Bia?"

Eu: "Você tem problemas demais, e a minha família também. Eu não quero e não posso ser mais um problema."

R: "Você nunca será um problema para mim, entendeu?"

Eu: "Me desculpe."

R: "Não peça desculpas." - Me puxou para um abraço. - "Eu ouvi a sua conversa com a médica." - Sussurrou.

Eu: "Você o que?" - Me separei rapidamente dela.

R: "Eu ouvi, me desculpe, mas quando me pediu para sair do quarto eu sabia que você estava me escondendo algo."

Eu: "Rafa..."

R: "Me fale, qual é a sua verdadeira doença?"

Eu: "Leucemia."

R: "Como?" - Ela perguntou sem acreditar, e eu me encolhi no banco.

Eu: "Isso que você ouviu, e eu não vou repetir."

R: "Porque não falou a verdade?"

Eu: "Imagine como a minha família iria ficar diante disso tudo, Rafaella?" - Me alterei.

R: "Eles iriam cuidar de você, assim como estão fazendo. Mas não, você preferiu enganar todos."

Eu: "Essa não é a questão, a minha mãe não pode passar por isso. Eu só iria cuidar, me tratar, até tudo ficar bem."

R: "Então você prefere que a qualquer momento sua mãe perca a filha, e fique sem entender nada?"

Eu: "Ela não vai me perder, eu vou fazer o tratamento."

R: "Bianca, pare com isso, você está pensando só em si mesma."

Eu: "Eu estou colocando todos que eu amo a frente disso. Eu perdi a minha marca, entendeu?"

R: "Pare de pensar na porra da sua marca, Bianca Andrade. Esqueça a Boca Rosa, esqueça trabalho, agora o importante é sua família e sua saúde."

Eu: "Eu sustento minha família com isso, Rafaella."

R: "Você tem que pensar em você, por favor."

Eu: "Então não conte para minha mãe."

R: "Se você não contar, eu conto."

Eu: "Você não tem esse direito, isso é um assunto meu."

R: "E de todos que te amam, e que querem o seu bem."

Eu: "Eu não consigo, Rafa." - Me entreguei ao choro, e ela me abraçou.

R: "Eu vou te ajudar." - Sussurrou.

(...)

R: "Preste atenção, sua família está na sala nos esperando, você vai contar e vai ficar tudo bem."

Eu: "Claro, vai ficar tudo bem." - Falei mais para mim mesma.

R: "Pronta?" - Assenti.

Rafaella me acompanhou até a sala, onde mamãe me esperava ansiosa. Ela parecia mal com tudo que estava acontecendo, parecia esperar uma notícia nada boa, e ela não estava errada.

Talvez a ideia de ter mentido foi horrível, eu não deveria ter feito o que fiz, talvez a dor seria menor, contar de uma vez.

Mas eu preferi inventar uma mentira em cima da outra, e agora tudo teria que ser esclarecido.

Não estou preparada para ver todos me olhar com pena, novamente.

R: "A Bianca tem algo a dizer a todos vocês." - Apertou minha mão.

Eu: "Eu menti." - Foi a primeira coisa que consegui dizer. - "Eu não estou com tuberculose." - Mamãe pareceu esperançosa. - "Eu não queria dizer a verdade, pois sei que vocês não merecem sofrer e ter trabalho redobrado comigo."

I: "Então o que é, Bianca?" - Íris perguntou impaciente.

B: "Leucemia, eu não queria, me desculpem." - Me entreguei ao choro, e nunca vi mamãe tão arrasada.

Se eu achei que antes eu a vi mal, agora eu a vi pior.

I: "Como conseguiu mentir? Isso não é brincadeira, Bianca."

Eu: "Eu estava disposta a tratar isso sozinha, está no começo, não tem muitos ricos."

I: "Calma, mãe ." - Íris abraçou mamãe.

Eu: "Está vendo? Era sobre isso, é ter que ver a minha mãe mal, por saber. Eu não queria que isso acontecesse, Rafaella."

R: "Elas mereciam saber, Bianca."

B: "Mas não mereciam sofrer."

M: "Filha, eu estou mal, porque você é a minha filha, qualquer mãe ficaria assim. Mas vamos tratar, eu confio na sua força."

B: "Me desculpe, mamãe."

M: "Eu entendo, você não queria preocupar todos. Mas nunca invente uma doença, para não contar a verdade, seja ela pior que seja."

B: "Me desculpe, eu fui imatura."

M: "Sim, você foi. Mas agora vamos cuidar disso, vamos todos cuidar de você."

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O tombo veio, enfim pessoal. Quem acompanhou quando lançou, ela mudou o contexto de alguns acontecimentos, mas o enredo vai continuar.

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