2. Epifania.

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Epifania: sensação profunda de realização, de considerar algo como completo.

⚠️🔞 | Antes de começar, esse capítulo contém gatilhos para: tentativa de aborto e momentos sensíveis para alguns leitores. Se você se sentir afetado, por favor, pare a leitura!

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Boa leitura!

"O que eu devo fazer sem você? É tarde demais para catar os pedaços ou muito cedo para me desfazer deles? As rachaduras não vão se consertar e as cicatrizes não irão desaparecer, então acho que eu deveria me acostumar com isso ou me sufocar com mi...

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"O que eu devo fazer sem você? É tarde demais para catar os pedaços ou muito cedo para me desfazer deles? As rachaduras não vão se consertar e as cicatrizes não irão desaparecer, então acho que eu deveria me acostumar com isso ou me sufocar com minhas más decisões."

[🎵: Always – Gavin James] 

𝛂 · 🍼 · ω

20ª Lua da Grande Myeon, ano de 2014. Seul, Coreia do Sul.

Taehyung correu.

Correu entre o silêncio que se impôs em meio àquela escuridão, carregando nas costas o peso de uma tristeza imensa. Tremenda infelicidade que escorria por seu corpo, água escura e grossa, grudando em sua pele como uma cola. Uma segunda camada. Precisaria garimpar para encontrá-lo daquela vez, arrancar a carapaça de angústia, cavar fundo para puxá-lo de volta à vida. Sem saída, era como se sentia, preso no meio de tudo aquilo, sem ter a chance de lutar para encontrar seu caminho em meio à mata fechada de seus labirintos.

Correu e embrenhou-se na brisa mansa, sentindo o abraço do vento tentando pegá-lo, embora sua direção o empurrasse à frente, mais rápido, forçando músculos e pés. Doendo corpo, matando alma, massacrando coração. Doía que queimava e gelava e arrefecia, moldando um Taehyung que ele mesmo não conhecia. Que sentia na pele a dor da perda, mil facas cravadas, em um luto sem fim. Nem começo, nem meio. Um luto que sempre seria dele e estaria preso em seu peito como um outro coração, bombeando negação, raiva, aceitação.

Correu em meio ao remorso da própria consciência. Um encargo que o aprisionava em um peso adicional que lhe esmagava as costelas e lhe desacelerava o passo. Criou essa culpa como um filho, domesticando e cuidando até que florescesse o sentimento no fundo da alma, tornando-se sua. Raízes, caule e folhas cresciam fortes, subindo por sua garganta, sempre tentando sair.

Precisava da luz do sol para sobreviver por mais mil anos.

Taehyung desacelerou a corrida, cortando passos até conseguir frear. Já não corria mais. Seu corpo tremia de exaustão em uma fraqueza intrínseca que sempre esteve ali, curtindo sob a epiderme dourada, esperando o momento certo para entrar na corrente sanguínea e o intoxicar. Veneno bruto de sua robustez, dias de grande tristeza, cólera da brava que sempre o acometia. Pôs as mãos nos joelhos, curvando-se em seu próprio torso, sentindo o suor banhar sua face como lágrimas, águas de um rio que não conseguia mais desaguar.

Ready To Love 🍼 (reescrevendo)Onde histórias criam vida. Descubra agora