Capítulo 7 - Após o fim - Lado A:

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Josh Beauchamp-





Toda a minha vida... Foi isso que a mentira dele me custou.

Pode parecer exagero da minha parte, mas não é. Eu, realmente, perdi tudo.

Depois de ser levado até a delegacia para esclarecimentos, fui, oficialmente, indiciado e processado por estupro estatutário.

Orientado pelos meus advogados, eu confessei ter tido relações com o Noah, que pela sua idade, foi transformado em vítima, o que fez de mim o predador sexual.

Ele nunca prestou queixa, se recusou a fazer os exames indicados e a colaborar com a denúncia. Contudo, sua resistência não fez nenhuma diferença.

Fiquei quatro meses em liberdade, sem saber o que seria de mim. Aguentando piadas por onde passava, sendo alvo de fofocas maldosas. Enfrentando o julgamento da opinião pública, que é tão ruim quanto o da justiça.

Não voltei para o meu cargo na Universidade Estadual da Califórnia em Los Angeles (CSULA), fui repreendido pela minha conduta e desligado.

Do conselho do MIT, que orgulhosamente fazia parte, fui, educadamente, convidado a me retirar.

Meus advogados caros e conceituados, me venderam que seria um caso fácil, ganho.

Apesar de realmente, ter feito algo ilegal, minha situação estava longe de ser das piores. Com 16 anos, uma pessoa já teria o discernimento necessário para decidir sobre sua vida sexual. Seria muito mais grave se ele tivesse menos idade, ou se a diferença entre nós fosse de 10 anos ou mais.

Os defensores só esqueceram de um detalhe que foi determinante nesse caso concreto, a suposta vítima, era o neto de um juiz que se certificou de que a aplicação da lei fosse o mais dura possível comigo.

Em um julgamento que chocou pelo rigor considerado exagerado, eu fui condenado a 3 anos e 9 meses de reclusão. Quase a pena máxima prevista, que é de 4 anos.

Para piorar, fui registrado como agressor sexual. Esse ponto foi o mais controverso de todos e o que mais me custou.

Minha carreira de professor acabou. Não posso dar aulas ou chegar perto das dependências de escolas e/ou universidades.

Até hoje não sei como a família do Noah, descobriu sobre nosso envolvimento, minha profissão e idade. Tampouco, me importa.

O dia em que fui transferido para o presídio, foi o mais triste de toda a minha vida. De alguma forma, eu sabia que jamais sairia desse lugar.

Estou ciente das inúmeras histórias inspiradores de pessoas que são presas, se reabilitam e conseguem retornar para a sociedade e continuar vivendo, mas esse não é o meu caso.

Não tenho mais nada a perder. Não me restou nada me esperando lá fora.

Minha carreira acabou. Num possível futuro solto, teria sorte se conseguisse trabalho em um posto de gasolina, afastado da cidade.

Perdi todo o dinheiro que tinha e tive que vender meus bens para pagar advogados, custos processuais e uma ação cível movida pelos pais da vítima.

E para complementar a minha desgraça, a única pessoa essencial para mim, foi arrancada do meu convívio...





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Flashback on – (Em algum momento do passado):







Dirijo receoso até a casa da minha mãe e sua nova família.

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