Capítulo 2 - Começo - Lado B:

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Josh Beauchamp-





A matemática pautou toda a minha vida, portanto, não foi surpresa alguma, quando sua derrocada veio através dela.

Eu sempre quis me tornar um professor, desde a primeira vez que coloquei os pés no jardim de infância.

A ideia de passar conhecimento para quem ainda não tinha, me fascinava. Nesse objetivo, eu fui contra tudo e todos.

A última coisa que meu pai disse antes do acidente de carro que tirou sua vida, foi que lecionar não estava à altura da minha genialidade. Na época, eu tinha 11 anos.

"Você pode ser engenheiro aeroespacial, ou astronauta, ou trabalhar na NASA".

Era assim que ele me via, e o tamanho dos planos que tinha para mim.

Estava com razão em um ponto, eu poderia mesmo desempenhar qualquer um desses papéis, se realmente, quisesse. Não era o caso.

Assim, foquei todas as energias na minha carreira acadêmica.

Fui aceito no MIT, que era minha primeira opção, aos 16 anos. Me formei com louvor, sendo o primeiro de todas as turmas.

Logo em seguida, ingressei no mestrado, que conclui dois anos depois. Estava preparando minha tese de doutorado quando tudo desabou.

Sabendo do que sei agora, me arrependo de não ter seguido outro caminho. Se tivesse feito a vontade do meu falecido pai, aceitado aquele programa especial para jovens matemáticos, estaria seguro na NASA e ainda teria um futuro pela frente.

Vivendo meu sonho, eu mergulhei no mais profundo pesadelo.

Quando Noah Urrea, cruzou o meu caminho, me reconheci nele. Senti uma imediata identificação. Quase como se me olhasse no espelho.

Duas equações foram suficientes para distinguir meu semelhante, dos demais alunos.

Um prodígio reconhece outro, meu pai diria. Também diria para manter distância de qualquer pessoa que estivesse abaixo na hierarquia. Confesso que poderia ter feito uso dessa conselho. Agora é muito tarde...

Nossa conexão se formou assim, na base dos números.

Não era físico, pouco me importava sua boa aparência. Não era químico, nossos gostos e preferências em comum não faziam diferença. Era, puramente, matemático.

Seu método de resolução de problemas me intrigava por ser, surpreendentemente, semelhante ao meu.

Algumas vezes, parecia que dividíamos um mesmo cérebro. E com as duas partes disponíveis, passamos a alçar voos altos e fazer o impossível juntos.





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Flashback on – (Em algum momento do passado):





Na segunda semana de aula, cansado de ver meu aluno resolver os problemas sem dificuldades, resolvi elevar o nível. Coloquei no quadro um que não tinha solução, apenas para testar sua reação.

O garoto passou todo o período olhando para a lousa e ignorando qualquer tema que eu estivesse ensinando.

No fim da aula, deixei a sala e logo em seguida, retornei para buscar um pendrive que esqueci na minha gaveta.

Ele estava no mesmíssimo lugar, encarando fixamente o embaralhado de números.

(Josh) - Urrea, ainda por aqui?

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