Hector
O vermelho sempre foi a minha cor favorita desde pequeno. Se perguntar o porquê, responderei que é por causa dos tomates. Os belos e gostosos tomates da família Castelli.
Minha família é a melhor na produção de tomates de toda a Itália e isso é motivo de orgulho para todos nós; pelo menos é o que deveria ser, já que, não é como se eu gostasse de desperdiçar todo o meu verão coletando e vendendo tomates. Escuto uma batida na porta, deve ser Tereza me chamando para o último café da manhã antes do verão, finalmente, começar. As piores férias que um garoto de dezessete anos poderia querer.
Eu sou Hector Castelli, um de muitos herdeiros do pomar vermelho. Minha mamma costumava dizer que detinha muitos planos e sonhos quando tinha minha idade, mas que desistiu de tudo para cuidar do pomar junto com as minhas zies. E, também, porque acabou engravidando da minha irmã mais velha, a Bianca.
Ela já tem seus vinte e dois anos, mas nunca saiu dessa casa. Também não começou a faculdade e muito menos arranjou um emprego; A vida dela é o pomar.
A minha vida também será resumida a isso se eu não tomar uma iniciativa. Quero ir embora dessa casa cheia de madeiras velhas, metais enferrujados e o vermelho dos tomates. Acho que estou começando a odiar o vermelho. Desço as escadas com um sorriso forçado no rosto, me preparando psicologicamente para conversar com minha família.
— O que passa, amore? — Mamma beija minha bochecha enquanto caminha para a sala de jantar, onde vamos tomar café. Bianca e Peneloppe já estão sentadas à mesa, esperando apenas por mim. Peneloppe é minha irmã mais nova, tem sete anos e é extremamente inteligente para sua idade. Papá não está aqui hoje, foi resolver algumas coisas para o começo da colheita.
— Hoje você acordou tarde, fratellino. — Bianca fala, sorrindo e bebericando um pouco de seu café. — Sente-se logo, temos coisas a conversar.
Andei calmamente até meu lugar na mesa, me sentando ao lado da Peneloppe, ela brinca com duas bonecas por cima do seu vestido rosa com bolinhas. Às vezes, lembro de mim mesmo com essa idade, trocando apenas por carrinhos. Meu pai nunca me deixaria pegar em uma boneca por debaixo da mesa.
— Miele, sabe que não pode brincar no café da manhã. — Tereza estende a mão para pegar os bonecos do colo de Penellope, mas minha querida sorellina faz um biquinho e nega com a cabeça.
— Peneloppe, não dificulte as coisas para a Tereza. — Bianca a repreendeu com o olhar e ela logo cede, dando as bonecas para a nossa "cuidadora".
Tereza cuidou de mim e de minha irmã quando pequenos e agora cuida da Peneloppe enquanto ficamos ocupados com outras coisas. Mama se senta à mesa conosco, em seguida, colocando um pouco de mel em seu chá. Observo Peneloppe brincar com as mãos por cima das coxas antes de começar a beber seu achocolatado. Tereza, então, colocou um pouco de café para mim, juntamente a duas torradas em minha frente.
— Muito obrigado, Tereza. — Sorri antes que ela se retirasse, me deixando sozinho com minhas irmãs e minha mãe. — E o papá?
Perguntei para que uma delas me respondesse e as olho enquanto dou uma mordida em minha torrada. Bianca olha para mamma e Peneloppe parecia não ligar muito para minha pergunta, ela também não saberia responder.
— Foi buscar alguns garotos para nos ajudar na colheita, um deles vem da Califórnia. — Mamma responde, logo tomando um longo gole do seu chá.
— Quem, em sã consciência, perderia as férias de verão na Califórnia por tomates?! — Bianca perguntou enquanto mordiscava seu pedaço de bolo.
— Só as nossas férias são legais, sorellina — Respondo, ironicamente, e mamma me repreende com o olhar. — Imagine todas suas férias de verão em lindos tons de vermelho dos tomates Castelli. Deve ser um paraíso.
Bianca e Peneloppe riem, mas mamma só me olha com uma cara feia e, neste instante, escutamos o barulho do carro no quintal da frente e nos entreolhamos. Tereza caminha até a porta da frente e logo eu e minhas irmãs fazemos o mesmo, correndo até a porta que divide o corredor da entrada da sala de jantar. Papá e mais três garotos aparecem, sorrindo como se estivessem chegado ao céu.
— Venham dar "oi" para os garotos, Bambini! — Meu pai diz da porta da frente enquanto eu e minhas irmãs caminhamos lentamente até sua direção. — Esses são: Andrea, Lorenzo e Magnus.
Magnus.
1. Mamma: Mãe
2. Zie: Tia
3. Amore: Amor
4. Papá: Pai
5. Fratellino: Irmão/ Irmãozinho
6. Miele: Querida
7. Sorellina: Irmã/ Irmãzinha
8. Bambini: Crianças
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Verão Vermelho
RomanceLonge das cidades agitadas da Itália,em uma enorme fazenda de tomates no interior do país,Hector um adolescente confuso terá que tomar uma grande decisão em sua vida:escolher entre Andrea;um belo garoto de cabelos escuros e olhos azuis ou Magnus;um...