15 - Muitas coisas em nossas cabeças

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Hector

Já se passaram algumas horas, todos estão para fora do lago, descansando até decidirmos subir para começar a se arrumar. Magnus, Bianca e Lorenzo conversam à beira do lago, rindo de alguma piada besta que Lorenzo deve ter contado para eles. Ele tem um senso muito bom para animar os outros; Bianca que me disse isso.

— Está a fim de ir a um lugar? — Pergunto inocente para Andrea, sorrindo enquanto me levanto. Ele concorda enquanto me segue até dentro da casa de madeira, subindo comigo até o segundo andar. Aconchegante, quentinha e pequena; esse é o motivo de mim e minhas irmãs gostamos tanto desse lugar, não precisamos andar muito para nos acharmos.

Andrea segura em minha mão, me impedindo de continuar subir as escadas. O olho sem entender enquanto ele sorri se aproximando cada vez mais. Ele toca com a mão direita em minha bochecha, me puxando para um beijo afoito me prensando no corrimão de madeira. Levo minhas mãos até sua nuca, espetando a ponta dos dedos nos fios de cabelos recém-cortados. Escuto a porta da frente bater com força, fazendo com que ele se distancie de meu corpo rapidamente.

Observo seu rosto assustado, com medo de que alguém tenha nos visto e que conte aos meus pais. Isso também me assusta, mas prefiro não deixar transparente para ele. Não quero que ele fique mais assustado do que está agora. Espero que não tenha sido ninguém. Rezo por isso. E ele também deve estar fazendo isso. Pelo menos é isso que eu espero.

— Hector! — Bianca me chama, aparecendo na porta toda molhada — Vamos dar um último mergulho antes de subir. Vocês vem?

— Claro! — Sorri grande começando a descer as escadas em direção a porta, rindo para tentar afastar o medo de meus pensamentos. Quero deixar isso de lado, não quero preocupar Bianca. Não quero ficar mais estressado do que já estou. Me dá muito medo de quem pode ter visto aquilo.

Desejo do fundo do meu coração que não seja o Magnus.

Horas depois

Arrumo as mangas de meu terno em meu punho, suspirando pesado por não conseguir fazê-lo. Ouço uma batida em minha porta, gritando um "pode entrar" em alto e bom som. Peneloppe é quem abre a porta, sorrindo tímida em minha direção.

— Ocupado, fratello? — Nego com a cabeça, sorrindo doce em sua direção. Observo seu vestido verde esmeralda liso, apenas com algumas listras finas brancas e um laço de cintura um pouco mais escuro, o qual ela segura em seu braço. Eu a chamo com a mão para chegar mais perto de mim — Desculpe por te atrapalhar, mas preciso de ajuda com o laço. Mamma e Bibi estão ocupadas se arrumando.

— Pode deixar comigo — Ela sorri grande enquanto deixa a fita em minhas mãos, se virando em seguida. Passo a fita por sua cintura fina, fazendo um laço grande e bem apertado — Prontinho. O que achou?

— Você é o melhor fratello do mundo! — Ela se vira para beijar minha bochecha e sai correndo, me deixando sozinho no quarto. Quando me viro para me ver no espelho, outra pessoa entra no quarto, me dando um sustinho quando a porta é fechada.

— É tão estranho assim eu vir te ver? — Andrea sorri me olhando do espelho, se aproximando cada vez mais de mim — Você fica ainda mais lindo de terno...

— Você também ficou affascinante — Ele ri baixinho no pé de meu ouvido enquanto coloca a mão em minha cintura — Preto combina com você.

Ele vira meu corpo em sua direção, fazendo com que nossos lábios estejam a poucos centímetros de distância. Aqueles lindos olhos avelãs que miravam os meus passeiam de meu nariz até meus lábios, rindo sem perceber. Puta merda, ele consegue ser ainda mais fofo a cada segundo em que está comigo.

— Deveria ser um pecado ser tão lindo assim — Ele sussurra apertando de leve as mãos em minha cintura, fazendo com que eu tomasse um sustinho.

Um selinho delicado é deixado em meus lábios, demorando um longo tempo no completo silêncio do quarto. Ele se distancia um pouco, me olhando como se eu fosse a joia mais rara do mundo. Andrea me olha suspirando antes de negar com a cabeça, indo em direção a porta.

— É uma merda não poder fazer isso o tempo todo — Ele fala enquanto saia pela porta cabisbaixo, reclamando de alguma coisa que eu não conseguia mais escutar. Ele fica ainda mais fofo a cada vez que nos vimos.

Aperto minha gravata enquanto caminho até a porta, suspirando pesado enquanto tento tomar coragem. Alguém me viu naquela escada. Alguém me viu beijando Andrea. E esse alguém vai usar isso a seu favor. Eu sei disso. Eu sinto isso. Tenho total certeza que vou enlouquecer. Lorenzo me olha enquanto desce as escadas do sótão, sorrindo forçado em minha direção. Será que foi ele? Como ele usaria o fato de eu ter beijado Andrea a seu favor? Eles são amigos, seria muita crueldade se ele fizesse isso. Eu desejo muito que não seja você, cunhadinho.

Enquanto andava lentamente pelo corredor, observando um pouco das nossas fotos de família nas paredes. Olhando para elas, até parece que somos unidos. Quem me dera. Meu pai nunca seria tão próximo de mim quanto o das fotos. Percebo minha mãe no fim da escada, respirando fundo, provavelmente irritada com alguma coisa da festa. Ela me olha forçando um sorriso, tentando me passar tranquilidade, esquecendo de como eu percebo quando ela está preocupada com uma coisa.

— O que houve, mamma? — Pergunto enquanto toco sua mão direita — Está preocupada com alguma coisa da festa? — Ela nega com a cabeça enquanto arruma as sobrancelhas com a mão livre — Então o que é?

— Seus nonnos querem me deixar maluca — Ela ri baixinho enquanto nega com a cabeça — Se não fosse seu zio Thiago eles nem viriam hoje. Sua nonna Helena está impossível.

— O que ela aprontou dessa vez? — Pergunto enquanto solto um risinho. Ela me vira, me deixando cara a cara com ela.

— Quer se mudar. Ir para Milão — Ela fala enquanto arrumava minha gravata preta e minhas abotoaduras — Vejo que está usando as abotoaduras que seu papà te deu.

— Não tenho muitas oportunidades de usá-la. É bom fazer algo para agradá-lo às vezes — Rimos baixinho enquanto nos afastamos, ela indo para o andar debaixo e eu ficando no corredor — O que vamos fazer com a nonna?

— Espero que eu e seu zii convencemos ela a ficar — Ela sorri antes de piscar seu olho direito na minha direção, descendo as escadas em seguida.

Quando me viro para voltar ao meu quarto para dar os últimos retoques em minha roupa, dou de cara com Magnus. Ele me olha sério, logo desviando os olhos esverdeados de meu rosto. Me pergunto se foi ele. Estamos aqui, com uma grande oportunidade para voltarmos a nos beijar loucamente em meu quarto. Mas ele mal se move, não me olha, quase não respira.

— Me dê licença, Hector — Sua voz rouca está baixa, mas o suficiente para que eu consiga ouvir — Você está na frente da escada.

— Magnus. Está tudo bem? — Pergunto no mesmo tom de sua voz, me aproximando levemente de seu corpo.

— Estou ocupado. Pode por favor sair da minha frente? — Sinto como se tivesse levado uma facada ao ouvir aquilo saindo de sua boca — Colabora, Hector.

Dei de ombros irritado, batendo com meu ombro em seu braço enquanto caminho em direção ao meu quarto. Verrà fregato, Magnus. Eu sei que foi você.

Merda, foi o Magnus.

*

Fratello: Irmão

Mamma\Papà: Mamãe\Pai

Affascinante: Encantador

Nonnos\Nonna: Avós\Avó

Zio\Zii:Tios\Tio

Verrà fregato: Vai se ferrar

Verão VermelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora