13 - Café e torradas

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Magnus

Hoje é um sábado. Um sábado silencioso e ainda escuro. Suspiro olhando da janela do sótão, esperando o relógio alertar que são duas horas da madrugada, o horário perfeito. O Sr. Bergalez nos informou ontem enquanto trabalhávamos, que haveria um jantar importante hoje. Hector e Bianca parecem nervosos com isso. Por isso é importante que eu veja Hector essa hora, para acalmá-lo um pouco.

Desço as escadas do sótão, olhando para o corredor atentamente antes de entrar silenciosamente no quarto de Hector. Ele está sentado no recamier branco que fica perto da janela, observando as árvores balançarem por conta do vento forte. Ele se vira, sorrindo grande enquanto me chama com a mão.

— Adoro quando você vem me visitar — Ele fala sorrindo enquanto arruma a blusa grande e larga em seu corpo — Ninguém te viu, não é?

— Não se preocupe. Eu sou bem silencioso quando eu quero — Pisquei o olho direito em sua direção enquanto me sentava ao seu lado, observando a grande área verde — Sabe, eu nunca te recompensei por aquilo na cachoeira.

— Já disse que não precisa — Ele sorri, levando sua mão para minha coxa, a apertando logo em seguida — Mas eu gostaria de fazer de novo.

— E eu já disse que não quero receber mais um se eu não retribuir o favor — Me aproximei de seu corpo, deixando alguns selinhos em seu rosto — Vamos para a sua cama?

Ele concorda com a cabeça sorrindo, subindo em cima de meu colo enquanto suspirava baixinho. Ele é muito cauteloso, até nos mínimos detalhes quando faz isso. Ele pisca várias vezes enquanto olha em meus olhos, colocando seus braços em volta de meu pescoço. Fodidamente fofo.

— Hector — Eu o chamo enquanto colocava suas pernas em torno de minha cintura, me levantando em seguida — Eu adoro absolutamente tudo em você.

Ele sorri bobo antes de me puxar para um beijo afoito, cheio de desejo e coragem. Enquanto eu apertava suas coxas com certa força ele arranhava minha nuca com as unhas curtas. Ele suspirou contra meus lábios enquanto eu o deitava na cama, apertando meus ombros com força.

— Magnus — Ele me chama baixinho, puxando de leve os fios de meus cabelos — A gente pode...ir dormir? Estou cansado.

Concordei com a cabeça lhe dando um selinho demorado enquanto me deitava ao seu lado na cama, sorrindo bobo enquanto nos olhávamos. Ele arruma uma mecha bagunçada que estava em minha testa, sorrindo enquanto brinca com o dedo indicador em minha bochecha, afundando em uma de minhas covinhas.

— Sua mão está quente — Digo enquanto ele observa meu rosto calmamente — Nervoso?

— Seu rosto também — Ele concorda com a cabeça enquanto sorri fraco — Minha mãe disse que teremos convidados importantes. Eu não sei nem que terno vestir.

— Problema de garoto rico? — Ele concorda rindo enquanto passa uma de suas pernas em minha cintura — Amo quando você faz isso.

— E eu amo fazer isso com você — Ele sorriu me puxando para um beijo lento e demorado. Faço carinho em sua coxa apertando vez ou outra quando ele inventava de sugar minha língua. Eu amo fazer tudo com ele. Queria poder dizer isso em voz alta.

— Você não estava com sono? — Digo baixinho enquanto olho para seu rosto sorridente. Quando ele me olha assim, eu sou capaz de enfrentar o mundo todo por ele.

— Boa noite, Magnus — Ele sussurrou contra meus lábios, dando um selinho estalado antes de fechar os olhos e descansar a cabeça na curva de meu pescoço.

— Boa noite, Hector— Beijo a ponta de seu nariz antes de adormecer abraçado aos seus braços — Eu detestaria que alguém te tirasse de mim, loirinho.

Abraço seu corpo com força, suspirando antes de adormecer junto dele.

Hector

Quando eu acordo, Magnus não está mais no meu quarto. Queria ter aproveitado mais. Queria ter feito mais. Mas o medo foi maior do que tudo. A culpa disso tudo é de Valentim. A culpa é toda dele.

Valentim já foi muito parecido com Magnus e Andrea. Já foi um homem que eu gostei muito. A palavra certa nem seria gostar, e sim amar. Eu já amei muito o Valentim. Não gosto nem de escutar seu nome. Quando eu falo, parece doer menos. Eu o odeio, odeio muito.

Me levanto, arrumo minhas roupas e escovo meus dentes antes de descer as escadas para ir tomar café. Vejo meus pais sentados na mesa, organizando os temas que conversariam no jantar.

— Bom dia, amore mio — Mamãe sorri enquanto toma um pouco de seu chá — Já decidiu qual terno irá vestir?

— O azul marinho — Sorri enquanto me sentava em minha cadeira — Quem virá para a festa?

— Nossas famílias e alguns amigos. Quer chamar algum colega? — Neguei com a cabeça sorrindo. A única pessoa que eu quero já está aqui.

Miei cari! — Mamãe sorri grande vendo minhas irmãs descerem as escadas, ainda meio sonolentas.

Buongiorno mamma! — As duas falam sorrindo, se sentando em suas cadeiras.

— Os meninos estão atrasados — Meu pai fala, me fazendo engolir seco. Ele não deve ter conseguido dormir muito.

— Nos desculpe pelo atraso, a porta do sótão emperrou — Lorenzo entra na sala de jantar sendo seguido por Magnus e Andrea, que me olham rapidamente.

Enquanto os três se sentam, Tereza coloca algumas torradas no meio da mesa e uma jarra de vidro com leite. Ela se senta, sorrindo enquanto olha para Peneloppe quietinha ao meu lado. Eu a ajudo a pegar uma torrada e colocar leite em sua xícara, ela sorri me agradecendo. Mamãe nos olha sorrindo, observando aquele pequeno contato de irmãos.

— Bem — Meu pai fala antes de bebericar um pouco de seu café — Como vocês sabem irá acontecer uma festa em nossa casa hoje, espero que todos estejam devidamente arrumados. Receberemos alguns convidados muito importantes além de nossa família, então espero que sejam educados com todos.

Este recado é para todos, tanto para os meninos quanto para nós; as crianças da casa. Eu lembro da última vez que nossos pais inventaram de dar uma festa em casa. Peneloppe deveria ter uns dois anos, eu tinha 13 e Bianca 17. Eu lembro de Penny puxar uma toalha de uma das mesas e sujar todo o vestido rosa bebê de nossa mãe, Bianca pegar o irmão de Valentim e todos da festa descobrirem, e eu comi tantos doces naquela noite que vomitei no meio da nossa sala de estar. Todos nós odiamos lembrar desse dia.

— Espero que todos tenham entendido meu pedido — Nosso pai sorri amarelo, se levantando em seguida — Eu e Isabel vamos sair para terminar de organizar as coisas da festa, vocês têm o dia livre. Tenham um bom dia.

Ele curvou a cabeça rapidamente, saindo de nossa vista quando atravessou a porta da frente. Minha mãe termina de tomar seu chá, pegando uma maçã da fruteira em cima da mesa. Ela passa a mão nos ombros de Bianca, dá um beijo no topo da cabeça de Peneloppe e bagunça de leve meus cabelos, sorrindo enquanto saia pela porta atrás de meu pai.

— O que vão fazer depois do café da manhã? — Bianca perguntou sorrindo antes de dar uma mordida em sua torrada. Os meninos deram de ombros enquanto se serviam — E você, fratello?

— Pensei em nadar um pouco no lago — Sorri fechado enquanto tomava um gole de meu café — Que tal todos irmos? Não temos nada para fazer mesmo.

Todos concordam sorrindo enquanto comem o café da manhã. Este me parece um dia promissor.

*

recamier: Espécie de sofá de janela

amore mio: meu amor

miei cari: minhas queridas

Buongiorno mamma: Bom dia mamãe

Fratello: Irmão

Verão VermelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora