10 - M & A

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Hector

Descer do meu quarto para a sala de jantar foi quase como uma luta. Só de pensar em ver o rosto daqueles dois de novo eu sinto que vou enlouquecer.

Suspiro pesado enquanto tomo coragem para sair do meu quarto, pensando em como vou encarar Andrea depois daquele momento no chuveiro e Magnus depois do que aconteceu no pomar. Aquele ciúme dele fofo que veio à tona só porque eu cheguei mais perto de Andrea. É fofo, já que tudo isso é só por minha causa. A porta do meu quarto é aberta por Bianca, sorrindo maliciosa em minha direção.

— Seria bom você bater de vez em quando — Reclamo enquanto procuro uma blusa para vestir.

— Você não vai acreditar no que a mamma falou pra mim! — Ela diz enquanto se senta em minha cama — Ela disse que sabe de mim e do Lorenzo!

A olho assustado. Nem tenho reação para essa notícia tão bombástica. Ela suspira enquanto começa uma trança nos cabelos ondulados. Nem eu sei reagir a isso, fico pensando em como ela lidou com nossa mãe sobre essa situação. Espero que o jantar não fique estranho.

— E aí? — A olhei sorrindo ladino enquanto vestia uma blusa azul — O que ela te disse?

— Nada — Ela me olha sorrindo enquanto termina de enrolar os cabelos na ponta dos dedos — Só pediu pra ficar esperta com o papá. Tentar deixar o menos evidente possível que estamos tendo algo. Já está pronto pra descer?

Concordo com a cabeça, sorrindo nervoso enquanto a olhava. Acho que nunca fiquei tão amedrontado. Meus dedos tremem, apertando uns dos outros enquanto estão colados. Estou com medo de encontrá-los essa noite. Muito medo que até me preocupa acabar deixando-o transparente. Minha irmã abre a porta, vendo Peneloppe sair de seu quarto animada.

— Hector — Bianca me chama enquanto estende o braço em minha direção — Com qual dos dois vai dar uma escapada hoje?

— O que? — A olhei confuso. Pensei um pouco antes de respondê-la — Com o que me chamar primeiro.

Peguei em sua mão sorrindo, me preparando mentalmente para tudo que viria a acontecer. Descemos as escadas depois de Peneloppe, nos sentamos um ao lado do outro na mesa, nas mesmas posições do almoço; é quase como uma tradição nos sentarmos assim. "Uma forma de ficarmos ainda mais unidos". É o que minha mãe sempre fala quando queremos trocar de lugar. Isso só acontece nos jantares importantes, já que Peneloppe vai se sentar com as crianças em outra mesa.

Bianca aperta minha mão por debaixo da mesa, provavelmente sentindo meu nervosismo. Minhas mãos tremem enquanto olho para o prato de risoto na minha frente. Acho que ambos devem estar me olhando agora; nem percebendo o que o outro está fazendo. Céus, isso ainda vai me deixar maluco.

Olho para minha irmã mais velha, brincando com os talheres tentando não olhar para Lorenzo. Dá para saber que ela está tensa, pelo jeito que ela não está querendo comer seu prato favorito.

— Não está com apetite, miele? — Tereza perguntou enquanto colocava um suco de maracujá em seu copo.

— Não muita. Desculpe, sei que fez porque sabe que eu amo risoto — Ela sorri forçadamente para Tereza, olhando para o copo de suco cheio — Posso comer no meu quarto?

— Nunca — Papai diz grosso, apertando o garfo em sua mão — Por que disso agora, Bianca?

— Eu só não estou com fome, pappa. Não quero desperdiçar o risoto maravilhoso que a Tereza faz — Ela diz, vendo nosso pai discordar com a cabeça.

— Você vai continuar aqui — Papai olha de relance para nossa mãe, pedindo uma confirmação.

— Pode ir, Bianca — Mamãe diz calma, discordando da "ordem" do nosso pai. É tão estranho ver eles discordando quando se trata da Bianca.

Minha irmã se levanta, suspirando pesado enquanto pega o prato com risoto e o copo com suco, logo subindo as escadas em direção ao quarto dela. Ela ficou muito tensa depois da conversa com a nossa mãe. Deve ter medo do nosso pai descobrir e mandar Lorenzo para longe dela. Qualquer um ficaria preocupado. Eu fico, mesmo não sendo comigo.

Olho para Magnus rapidamente. Suspiro baixinho, querendo que ele me convidasse para sair. Apenas um beijo; é tudo que eu queria dele agora. Andrea me observa, me olhando cuidadosamente com aqueles olhinhos castanhos. Sinto meu rosto corar. É tão estranho gostar dos dois ao mesmo tempo?

— Todos acabaram? — Tereza pergunta enquanto todos concordam com a cabeça. Eu e Peneloppe a ajudamos a recolher os pratos e talheres, levando para a mesa um pudim de leite condensado que ela havia feito —Uma amico me falou que essa receita é muito boa.

— Pelo cheiro de caramelo deve ser muito bom mesmo — Magnus fala sorrindo, observando o doce sendo colocado em sua frente. Eu o olho rapidamente, sentindo minhas bochechas queimarem.

— Depois me digam seus pratos e sobremesas favoritos para que eu faça um dia desses — Tereza fala sorrindo doce na direção dos três homens na mesa, olhando para o meu pai em seguida — Não é mesmo, Sr. Bergalez?

Meu pai concorda com a cabeça, olhando para minha mãe em seguida. Ao mesmo tempo que parecem ter brigado, eles ainda permanecem unidos. Meu pai sempre disse que nossa mãe é quem toma a decisão final sobre as coisas. Às vezes ela discorda das coisas que ele quer, mas eles não brigam quando isso acontece. É fofo, queria que isso acontecesse comigo também.

— Quero que se sintam em casa aqui — Minha mãe fala enquanto come o pudim — Sei que trabalhar o dia inteiro e não ser a cama de vocês deve ser difícil. Eu já colhi muito tomate ao longo da minha vida — Ela sorri nostálgica. Deve se lembrar de quando tinha a idade de Peneloppe, brincando no grande pomar com meus zii. É fofo pensar que eu também tive isso.

— É da família da senhora que vem os tomates? — Andrea perguntou sorrindo. Minha mãe concordou com a cabeça sorrindo. Ela olhou para Lorenzo rapidamente, tentando parecer doce. "Tentando" porque eu sei que ela está tensa. Ela faz a mesma careta que Bianca quando fica neste estado. Tal mãe, tal filha.

Depois de comer, subo a escada, indo em direção ao banheiro para escovar os dentes. Sorri bobo me lembrando do que aconteceu a algumas horas atrás. Foi tão bom que eu sinto meus pelos se arrepiarem. Céus, só de lembrar eu poderia enlouquecer.

— Hector — Magnus me olha da porta do banheiro, soltando um risinho quando me vê com a pasta de dente escorrendo pela boca. Ele passa o dedão por aquela região, limpando delicadamente antes de abrir a torneira e limpar o dedo — Quer...sair comigo? Lorenzo me contou que tem um jeito de escapar a noite.

Sorri enquanto termino de limpar minha boca, murmurando um sim enquanto concordo com a cabeça. Ele sorri, se aproximando mais de meu corpo. Ele me olha antes de chegar mais perto para sussurrar em meu ouvido

— Vou passar no seu quarto quando der meia noite — Toco em seu braço perto de meu corpo — O que foi? Está com medo? — Nego com a cabeça enquanto olho — Você já deve ter feito isso antes. Com outros caras.

Ele me olha, sorrindo sarcástico enquanto segura minha cintura. Ele dá um beijo na bochecha antes de sair fechando a porta. Ele tem um poder sobre mim sobrenatural.

*

Mamma: Mamãe

Papá: Papai

Miele: Querida

Amico: Amigo

Zii: Tios

Verão VermelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora