Prólogo

132 10 7
                                    

Pequeno e pálido amor...

Por quanto tempo durará?

Até quando terei que segurar em sua mão?

Você consegue se lembrar de quando já

foi jovem e grande?

Eu tenho minhas lágrimas escolhidas a dedo

para chorar em teu caixão

Ele é de madeira de ressentimento

Polido com lembranças doces

e que hoje, são amargas

Meu pequeno e pálido amor...

Consegue se lembrar do quanto você queimava?

E quando você se apagar

Apertarei em minhas mãos, as flores que colhi

e que estão murchando, enquanto eu vejo você definhar

Mas, saiba

Meu pequeno e pálido amor

Que carregarei dentro de mim

a lembrança de que você já

foi jovem e grande

E se por acaso, desistir de morrer,

se apegue a lembrança de que um dia

você já esteve em chamas.

Jay Roslyn

Prólogo

— São quase oito da manhã!

— Ótimo. Com a sua ajuda, não precisarei comprar um relógio.

Eu respirei fundo, me controlando para não pegar a xícara de porcelana em cima da mesa. Se eu a pegasse, seria para jogá-la na cabeça do imbecil que estava na minha frente.

— Onde você estava?

— Saí com alguns amigos...

— E amigas!

— Se você sabe, por que está perguntando?

— Inferno! Porque você é meu esposo e estou cansada de ver você chegando em casa como se nada tivesse acontecido, depois de virar a noite com outras mulheres e entupido o nariz de cocaína — eu gritei.

Ele já não era mais o homem por quem me apaixonei. Havia se tornado o retrato dos caras que eu desprezava. Tinha olheiras escuras, o cabelo desgrenhado, a camisa amarrotada por fora da calça jeans e a barba desleixada.

— Talvez, se eu não tivesse uma mulher fria na minha cama, eu não precisasse me aquecer no corpo de outra.

Aquelas palavras foram duras. Tão duras quanto uma rocha lançada no meu coração, espedaçando tudo a minha volta, desde os meus sentimentos, até minha alma.

— Se... — minha voz começava a embargar — se você não estivesse sempre chapado...

— Qual, é? Vai ficar mentindo para si mesma até quando? Você não consegue me olhar porque toda vez que me vê, lembra dele e do que eu fiz.

— Não toca nesse assunto...

— Ele está morto, merda!

Eu me assustei com o soco que ele deu no armário. Me assustei com sua voz alta e com a forma que ele cuspiu as últimas palavras.

InstáveisOnde histórias criam vida. Descubra agora