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Sangue na Parede


Outubro havia chegado e, junto dele, uma friagem úmida que invadia o castelo. Jean e Madame Pomfrey passavam todo o tempo ocupadas com alunos e professores que entravam pelas portas da enfermaria resfriados. Um dos vários alunos havia sido a pequena Weasley, Gina. Jean pediu a Poppy para ficar responsável pelo monitoramento da menina.

-Merlin, Gina! Você está tão pálida que é quase translúcida. Quer competir com Sir Nicholas?- A ruiva deu uma risada cansada, o que preocupou mais ainda a corvina. Afinal, Jean era experiente em resfriados o suficiente para saber que o que a menina tinha era bem mais que isso- Gina, qual o problema?

-Nenhum...é só que... Ah, deixe para lá!- Jean tocou a testa da mais nova, que realmente estava com febre. Fez a menina deitar na maca e a cobriu depois de dar uma poção para febre e uma para ajudar com o resfriado suspeito que fez fumaça sair pelos ouvidos da ruiva. Jean e Gina riram.

-Escute, mini Weasley! O primeiro ano não é fácil, sei bem disso. No começo, os professores nos deixam adaptar a tudo, mas, depois, parece que uma pilha de deveres cai sobre nós- Jean sentou na cadeira ao lado da maca e acariciou os cabelos ruivos- Mas se torna mais fácil quando compartilhamos o peso. Tudo se torna mais fácil.

Gina ponderou. Eram sim as atividades e correrias de Hogwarts que a deixavam um pouco nervosa, mas havia algo a mais.

-Não quero ficar a sombra dos meus irmãos, Jean- A ruiva sussurrou. Se havia algo que Jeanine Snape sabia era como estar a sombra de algo podia ser desgastante. Ela podia não ser conhecida como uma Lestrange, mas ainda estava ali, impregnado na menina, junto com os olhares de cobrança que Lucius a direcionava ou a forma como o nome dos pais biológicos sempre surgia nas férias.

-Sabe, quando se tem irmãos mais velhos, isso é um pouco difícil eu suponho. Mas, Gina, você é incrível. Que Ronald não me escute, mas tem uma astúcia Sonserina que é difícil de se ver em qualquer um, é a grifinória mais corajosa que eu já conheci e tem essa mente brilhante que, sinceramente, muitos corvinos invejam. E tem sua gentileza, a forma como você se aproxima das pessoas e trás uma luz consigo, como os lufanos fazem.- Jean sorriu, os olhos tempestuosos brilhando- Não existe a menor possibilidade de que você se torna a sombra dos seus irmãos, ruivinha.

Ginevra Weasley já gostava de Jean antes, quando passaram a trocar cartas nas férias. A forma como a mais velha se empolgava na escrita e contava sobre Hogwarts, sobre pegadinhas e sempre se preocupava em perguntar como Gina estava, o que tinha feito. Mas agora, naquele instante, na enfermaria de Hogwarts, depois de uma quantidade absurda de fumaça sair de seus ouvidos e sob os cuidados da Snape, Gian se sentiu acolhida, amada e, principalmente, valorizada. Era um super poder da corvina, pensou a ruiva, saber o que dizer e quando dizer. 

-Obrigada, Jean!-  A morena deu de ombros, fez a grifinória beber mais uma poção, dessa vez para dormir e deu-lhe um beijo na testa. 

Enquanto Jean saia com um aceno da enfermaria, percebeu que, enquanto a maioria dos alunos se escondia nas comunais com medo de se molhar ou pegar o resfriado, o time de quadribol da Grifinória saia de mais um de seus treinos cheios de lama. Era sábado, véspera do Dia das Bruxas e lá estava o time, Oliver Wood, Angelina Johnson, Alicia Spinnet, Harry Potter, Fred e George Weasley e Katie Bell. 

Os gêmeos não levaram nem meio segundo para encontraram a corvina saindo da enfermaria e andaram em sua direção com sorrisinhos nada bondosos. Era como se a pegadinha estivesse grudada neles. Foi quando Jeanine se deu conta do que os garotos queriam fazer que começou a correr para longe, passou pelo time acenando.

Sweet CreatureOnde histórias criam vida. Descubra agora