Capítulo 5

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MALU

Juan Pablo sai do quarto. Sento na cama, ainda agarrada ao travesseiro, e começo a chorar.

Quero gritar, quero brigar... Eu não tenho culpa de nada! E pensar em tudo o que minha mãe contava da família me faz ficar com mais raiva.

A família maravilhosa, aparentemente, nunca existiu.

Nasir nos manteve em cárcere, nos fez de escravas com os tijolos, nos ameaçou... E, no fim, talvez foi apenas uma vendeta, vingança sobre algo que meu pai e meu avô começaram. Querendo passar drogas!

Choro mais e mais.

Pagar o mesmo que suas parentes.

Se for verdade, eles ofereceram a troca e meu pai e avô os enganaram, ou seja, preferiram nos perder do que dar as mulheres... Do que admitir derrota.

Ser estuprada, vendida... Ser a puta de outro alguém, ou de vários.

Que merda de família que vim nascer.

Juan Pablo tem a vingança muito forte dentro dele, acho que suplicar de nada mudará. Isso só comprova que meu fim é esse...

Será que Aaron sabia de tudo, e, por isso, quis casar comigo? Me tirar daqui antes que o pior acontecesse?

Não, Nasir nunca aceitaria nada disso, só se Aaron fugisse comigo e com minha mãe.

— Se parou de chorar, preciso de você lá embaixo! — Juan entra novamente no quarto, não olho para ele. — Não sei por que chora tanto, era óbvio que isso aqui não seria sua salvação.

— Não imaginei que fosse algo tão ruim.

— Marcela é uma lunática, sempre foi. Anos de psiquiatria deveria ter surtido efeito, mas ficou pior...

— Não há nem um resquício de que essa vendeta é sem sentido? — olho para ele.

Juan Pablo até sorri um pouco, mas ele logo volta a ficar sério.

— Resquício. — bate palmas, depois cruza os braços. — Bem que meu pai disse que Marcela saberia alfabetizar a filha.

— Por que demorou a saber sobre mim?

— Tinha que viver minha vida, tinha que ganhar dinheiro. Sou o único herdeiro, já que seu pai tirou a minha mãe das nossas vidas. Yasira era o amor da vida do meu pai, primeiro e único amor. Se esse homem é um poço de ignorância, rispidez, sem sentimento algum, é culpa do Alberto. Ele tirou a única mulher que meu pai amou...

— E seu pai tirou o amor do meu pai...

— Oh, Maria Luiza, tão ingênua... — seu riso é perverso. — Alberto não ama Marcela. Ninguém amou a mulher depressiva e viciada, ela era a única herdeira que poderia juntar os negócios da família. Essa era a serventia. Eles só não querem perder, mas sobre amor? Não, nunca foi amor. Diferente da minha família.

— Se são tão amorosos, deveriam...

— Deveríamos continuar nisso aqui. — interrompe minha tentativa de mudar sua opinião. — Porque agora seus parentes vão correr para ganhar, para pegar vocês e ter a vitória. O egocentrismo é grande, a megalomania e a vaidade. Eles são um bando de filhos da puta psicopatas. E quando eles vierem, atacaremos. E conseguiremos a nossa vingança. Então será, adeus, Maria Luiza, suma da minha vida. Mas, até lá, você vai pagar pelos crimes da sua família.

Eu não sei argumentar, suplicar de nada adianta.

— Ah, mais uma novidade. — levanta um dedo. — Sabia que seu tio, Clayton Pelegrini, era tão filho da puta que casou com minha tia somente para irritar o Khalil? Esse é o nível da perversidade da sua família. E ele só não a engravidou porque minha tia ficou estéril. Eu caso com você, te engravido e seu pai ficará puto da vida. É um negócio sem sentido algum, graças a sua família de gente doente. Você conhece sua mãe, lunática, é a genética. Espero que não seja como eles, e se for, foda-se, não me importo.

Sai novamente.

Minha mãe é iludida, não diria lunática. Sei que teve problemas com drogas...

Por que fico pensando no que esse homem fala?

Deixo o travesseiro de lado e desço a escada. Juan Pablo está sentado no sofá, um copo na mão, bebendo sei lá o que.

— Quer o roteiro do seu castigo? — pergunta.

— O que te difere do meu pai, avô e tio? — atrevo-me a perguntar, ficando a sua frente. — O que difere, Juan Pablo?

— Difere? Fala difícil mesmo...

— Sem piadas! Você pinta a minha família materna e paterna como monstros, mas não há diferença alguma entre vocês. Eles usaram inocentes, você fazem o mesmo. Ainda com uma doente, como você mesmo disse. Qual a porra da diferença, Juan Pablo?

É muito rápido. Juan Pablo já está de pé a minha frente, segurando meu pescoço, ele não me estrangula, não aperta com força, apenas fica com a mão ali.

Seu rosto fica vermelho, em raiva, suas veias ficam evidentes...

Tenho pavor, mas não vacilo, eu o atingi, sei disso.

— Só fale quando eu mandar! — agora coloca a boca muito próxima ao meu ouvido. — Você me pertence, você é minha. — beija meu rosto. Eu me arrepio de medo. — Só fale se eu mandar...

— Te atingi, não foi? — sorrio. — Você sabe que se iguala a eles...

— Só fale se eu mandar!

— Vai me bater? — enfrento mesmo! Isso aqui não faz qualquer sentido. — Esse é o começo da porra da sua vendeta...

Ele solta o meu pescoço, levanta a mão, fecho os olhos...

Ele vai me bater, ele vai me bater!

Abro os olhos.

Juan Pablo está com as mãos na cabeça, olhando para o teto.

— Você não quer ser como eles, Juan Pablo. — agora tento convencê-lo de que ele pode ser bom. — Sabe disso...

— Eu sei que em breve eu vou foder você, isso significa enfiar meu pau em você...

— Você não é um estuprador. — Deus, que ele não seja um estuprador!

— Eu não queria você e agora quero, posso fazer o que quiser, Maria Luiza. Agradeça por dormir com a cara intacta. Agora, vá para a porra do seu quartinho e só volte quando eu mandar!

— Você não é assim, Juan Pablo...

— Você nem me conhece, Maria Luiza.

— Mas eu vejo que não é. — mentira, não vejo nada! Quer dizer, eu só vejo minha vida no fim e eu quero sair disso aqui viva com minha mãe. — Se é contra o que meu pai, avô e tio fizeram, por que seria a favor de fazer o mesmo comigo?

— Por que vendeta na cidade de Qetta é assim. Bem vinda a dinastia Borghi, onde as famílias tem vendeta por porra nenhuma! — se aproxima de mim. — Você não é tão medrosa quanto pareceu, será interessante foder você.

Ele me beija. Quer dizer, coloca a boca na minha rapidamente e depois se afasta.

— Tenha uma boa noite, Maria Luiza. — aponta para a porta. — E não esqueça de rezar para que seu pai apareça logo, porque aí seu sofrimento será mais curto.

Saio correndo da casa e corro para a outra, já que os capatazes armados me encararam.

Fecho a porta, giro a chave, caio sentada no chão, chorando, quase gritando.

Deus, sei que esse pedido é super errado, mas, por favor, que meu pai, avô e tio apareçam logo. Não me faça pagar pelos crimes deles, por favor.

(COMPLETO NA AMAZON) Casando com o inimigo - Um contrato para a nossa vingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora