MALU
— Dormindo no serviço, Maria Luiza? — olho para cima, colocando a mão para impedir a claridade do sol em meus olhos. É Nasir quem me encara. — Será descontado.
— Não estava dormindo. — falo, tentando soar com a firmeza que não tenho. — Estou verificando meu trabalho.
— Que não está em nada comparado ao dos outros trabalhadores. Não dormiu? Passou a noite acordada para estar tão cansada?
— O sol está muito quente. — Aaron se intromete. — Deve ser...
— Eu perguntei a Maria Luiza, não a você, Aaron. — Aaron pede desculpas. — Continuando, vamos verificar esse seu trabalho.
Nasir faz um gesto com a mão, mandando me afastar. Levanto do chão e quase caio para trás, mas Nasir segura meu braço. O susto é tanto que puxo meu braço com força.
— Está quase desmaiando. — Nasir sorri, gostando da minha fraqueza. — Ou é pura frescura? — Nasir pede para que os seus dois capatazes verifiquem o trabalho. — Aaron, pode ir!
Aaron concorda com a cabeça e acena na minha direção, depois se afasta.
Não entendo qual é a do Aaron...
Olho para o lado, vendo minha mãe se aproximando. Daqui eu vejo que seu trabalho parece ter terminado, pelo menos, uma parte dele.
Só que minha mãe vem caminhando sem forças, parecendo que cairá a qualquer momento.
Quero ir até ela, quero apoia-la...
— Olha, a garotinha é mais forte. — Nasir chama a minha atenção. — Será que não é a hora de me livrar da mãe e ficar com a filha? Ela é bem mais produtiva que você, Marcela!
Nasir tenta tocar meu rosto, mas eu viro, rejeitando seu toque.
— Um pouco rebelde. — ele dá risada. — Talvez seja um bom atrativo.
Minha mãe finalmente chega e fica ao meu lado.
— O que está acontecendo aqui? — ela pergunta. Aperto sua mão, mas não tanto, pois sei que ela deve estar machucada por conta dos tijolos.
— Pensando aqui como a filha é melhor que a mãe. — Nasir sorri. — Bem melhor, na verdade. — olha para minha mãe, de cima abaixo. — Você era tão linda, Marcela.
— Por que será que fiquei um lixo? — minha mãe solta um riso amargo.
— Mas sua filha não está um lixo, pelo contrário, ela é bem cheinha para uma escrava. — passa a língua pelos lábios quando me encara. Eu desvio minha atenção, mas acabo parando em Aaron, que está por perto.
Obviamente não sei nada sobre sua vida, mas sei que ele trabalha aqui por querer e até um dia desse gostava muito do Nasir. Não sei se mudou de opinião, mas como minha disse naquela conversa, é sair de um senhor para ir com outro. E se Aaron não se defendeu, é isso mesmo que ele quer.
Qual o sentido da escravidão para Aaron? Qual a minha função no casamento com ele? O dinheiro da minha família ou apenas uma mulher para ele fazer o que quiser?
— Poderia me dar mais lucro rebolando a bunda que moldando tijolos. — aperto a minha mão... Deus, como eu queria voar na cara desse homem e quebra-lo ao meio! — Olhando bem para Maria Luiza, ela daria uma ótima puta em algum puteiro na Ásia ou na Europa. Leste Europeu é um ótimo destino.
— Nasir, o que veio fazer aqui? — minha mãe pergunta com os dentes cerrados.
— Vim ver o trabalho, mas Maria Luiza chamou muito a minha atenção, tem meses que não a vejo. Como você tem esse corpo se a comida é escassa?
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(COMPLETO NA AMAZON) Casando com o inimigo - Um contrato para a nossa vingança
Literatura FemininaMaria Luiza Pelegrini nasceu e cresceu no cárcere sendo escrava na fazenda da família Lovren. 20 anos longe da civilização, sem conhecer o mundo a sua volta e tendo a mãe como a única pessoa a quem confia. Agora Maria recebe a terrível notícia que s...