Burning High School era a imagem perfeita de excelência acadêmica, conhecida por seus métodos educacionais rigorosos e disciplina exemplar. Esse prestígio, no entanto, começou a ruir quando um blog de fofocas, administrado por um aluno recluso e ast...
Cai no chão tentando pegar o celular, mas ele escorregou de minhas mãos pelos meus dedos estarem sujos de sangue e por estar tremendo demais. Eu não iria conseguir discar o número da polícia, então apertei rapidamente algumas vezes o botão de desligar a tela e nela apareceu o botão de SOS de Emergência, e apenas o arrastei para o lado, conseguindo finalmente fazer a ligação. Mas o aparelho caiu da minha mão quando senti meu calcanhar sendo segurado e fui puxado para trás. Sophie me olhou com seus olhos fervorosos, e eu pude ver que tudo o que ela queria era arrancar minha vida, em um surto que estava tendo. E não sabia o que fazer, mas tinha certeza que minha vida estava por um triz.
— Socorro! — pedi alto, tentando me livrar de suas mãos que me seguravam e me puxava para perto, e vi que a polícia tinha atendido a ligação. — Ela vai me matar!
— Seu mentiroso, desgraçado! — minha ex namorada rosnou, e gemi de dor ao sentir ela me acertar com alguma coisa.
***
A enfermeira passava aquela lanterna na frente dos meus olhos, me pedindo para seguir com o olhar, enquanto meu corpo ainda tremia mesmo que eu estivesse coberto por uma manta térmica que os bombeiros haviam me dado. O cheiro de queimado estava forte no ar, e ainda me fazia tossir. As vozes das pessoas me deixavam confuso, e tudo o que queria era ir embora daquele lugar, mas parecia que eles não me deixariam ir embora.
— Como ele está? — um homem magro e alto perguntou ao seu aproximar.
— Aparentemente bem, apenas abalado. Sem queimaduras e fraturas, apenas alguns cortes, nada grave. — A enfermeira contou, mas eu não os olhava para saber o que estavam fazendo naquele momento, e preferi fechar meus olhos, tentando me esquecer de tudo o que aconteceu nos últimos dias.
— Certo, obrigado. — Agradeceu, e ouvi seus passos ficando mais próximo. — Senhor Payne, você está bem para responder a algumas perguntas? — apenas neguei com a cabeça repetidas vezes apertando ainda mais meus olhos, sentindo eles ficarem molhados.
— Tudo bem. Mas preciso que vá a delegacia assim que possível. Precisamos averiguar os fatos ocorridos desde o seu desaparecimento — informou, e eu apenas concordei com a cabeça, não querendo falar nada. — Passar bem. — Sua voz era fria, e me fez tremer ainda mais.
Logo em seguida ouvi a voz de minha mãe me chamando, e tudo o que fiz foi abrir meus olhos e levantar, tentando ir até ela, mas minhas pernas falharam e eu acabei caindo de joelhos no chão, chorando em desespero agora. Senti seus braços me envolverem com força, e suas mãos me seguraram, fazendo com que eu me levantasse e com certa dificuldade consegui fazer isso. A abracei de volta, chorando ainda mais e soluçando. Ela me levou para o carro e finalmente saímos dali rapidamente.
***
Meus pés batiam no piso de forma impaciente esperando ser chamado pelo investigador da outra noite. Eu já tinha repassado mentalmente umas mil vezes tudo o que deveria falar para ele, mas ainda assim me sentia extremamente nervoso. Minhas mãos suavam frio e sentia meu corpo todo tremendo. Olhei para minhas unhas, e ainda tinha resquício de sangue embaixo delas, e por mais que tivesse esfregado, aquilo não saía de forma alguma, parecia que estava impregnado ali para fazer com que me lembrasse exatamente o que aconteceu. Aquilo que queria nunca mais me lembrar, mas continuava me assombrando todas as horas do meu dia. Parecia que Sophie estava em todos os lugares que eu olhava, me perseguindo como uma sombra, mudando de posição todas as vezes que me virava para encará-la. Se existia o inferno, eu estava nele agora, e minha ex-namorada era minha carrasca.
