Capítulo IV

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O jantar também foi maravilhoso. Havia sopa, crepe, cereal, suco, leite, café, torrada e outros alimentos. Óbvio que eu escolhi uma tigela grande de cereal. Coloquei umas frutas bonitinhas e misturei com leite. A invenção ficou tão boa que até Maíra decidiu me imitar, achando graça do meu prato.

O que vamos fazer agora? – Clarissa perguntou após comermos.

Não sei – Kaio e eu falamos em sintonia. Corei instantaneamente, desviando o olhar pro chão.

Podemos assistir algum filme – Maíra sugeriu, ignorando o ocorrido.

Então vamos! – Clarissa animou, levantando-se da mesa. 

Ainda era 18h30. Eu podia inventar qualquer desculpa e me trancar em meu quarto, não é?

Seguimos em direção ao elevador. Subimos em silêncio. Maíra e Kaio foram em direção a sala, mas Clarissa continuou me esperando andar. 

O que foi? – ela perguntou. – Você não vai? 

Eu acho que vou ficar no meu quarto mesmo. Deu aquele sono, sabe? – menti.

Mas você não pode dormir. Vai perder o horário da ligação – ela disse, apontando pro relógio que havia acima do elevador. Eu o encarei. Eram 18h35. Por que quando queremos que o tempo passe voando parece que ele tá parado? E quando queremos que ele pare ele resolve passar voando? Que vida cruel! – Você assiste um pouquinho e depois vai pro teu quarto. Não me deixe ficar de vela com aqueles dois, por favor! – Clarissa implorou fazendo bico e tudo. 

Eu suspirei e concordei com a cabeça. 

Tá bem. Mas aviso logo que não vou ficar muito tempo, ok? Tenho que ler aquele livro ainda, sabe?!

Até parece que você vai ler aquele livro.

Mal entramos na sala e já ouvimos um berro da Maíra.

Acredita nisso?! De novo esse filme maldito! – exclamou.

Dei uma olhada na tela. Estava passando um filme que eu não conhecia.

Nossa! – Clarissa respondeu, jogando seu corpo num amontoado de almofadas ao lado de Kaio.

Que filme é esse? – perguntei sem entender a situação. 

Maíra me analisou detalhadamente, da cabeça aos pés.

Tu tais falando sério? – ela perguntou. 

Claro que tô! O que tem de demais? – retruquei.

Não creio! – Kaio disse, fingindo um falso espanto, com sua mão tapando a boca aberta.

É sério! – eu continuei, olhando mais uma vez o filme. Os personagens do filme não estavam dando a mínima pra nossa discussão. Na realidade, eles estavam se beijando.

Nooossa, Sarah! – Clarissa disse, tapando sua boca e rindo. – É "A Lagoa Azul". Tu jura que tu nunca viu? – ela continuou a tentar reprimir o seu riso, mas não estava funcionando. 

Me sentei ao seu lado, com os braços cruzados. 

Não tinha televisão no orfanato – expliquei.

Quê? Tu é orfã? – Maíra estava animada com o rumo da conversa. – Nossa, que legal! – ela disse, sentando-se ao meu lado e dando um tapa no controle que desligou o filme. A sala ficou escura. A luz do cinema se acendeu. Tava um frio gostoso que eu nem me incomodei de ficar ali.

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