Capítulo V

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Eu não conseguia pensar em mais nada. Saí do quarto, alvoroçada, pensando em fazer um escândalo no portão do mesmo corredor que entrei quando me esbarrei com Melani. Sim, a própria. Ela estava me encarando como se dissesse "Você não vai pedir desculpa?". Ao invés de desculpar-me eu tive uma brilhante ideia. Melani era funcionária da instituição e com certeza poderia fazer quantas ligações quisesse. Ou melhor, ela deve ter um celular. Dei um enorme sorriso.

- Era justamente você que eu estava procurando.

- Em que posso ajuda-la? - ela disse com um simpático sorriso.

Olhei para os lados, certificando-me de que não havia ninguém para escutar nossa conversa.

- Eu ainda não consegui ligar para minha mãe. - falei, com cuidado, esperando sua reação. - Ela me disse que estava com problemas. Estou preocupada com ela e queria ter alguma notícia dela.

- Hummm. - Melani respondeu.

- Você não tem algum celular aí pra eu ligar? Será bem rápido! - eu disse.

- Você sabe que ligações podem ser feitas apenas das 20h até as 20h30, certo?

Afirmei com a cabeça.

- E você sabe que são - ela olhou para o relógio em seu pulso. - 21h15?!

Afirmei novamente, já deduzindo que ela negaria a ligação.

- Normalmente eu não ajudo paciente.

- Mas? - pela sua expressão senti que ela estava disposta a me ajudar.

- Mas talvez o problema de sua mãe possa ser algo sério. Eu me sentiria muito mal se algo a acontecesse.

- Sim. Se não fosse por isso eu deixaria para ligar amanhã.

- Quando alguém fica por um mês mantendo o bom comportamento, esta pessoa ganha um celular. Eu irei lhe dar um, mas será nosso segredo, tá bem?

Afirmei com a cabeça, aumentando ainda mais meu sorriso. Eu ia falar com minha mãe!

- Mas você terá de ter um ótimo comportamento e ficará me devendo uma ajuda. - ela continuou.

- Muito obrigada, Melani! - em uma explosão de felicidade eu não me contive e dei um abraço apertado nela. O abraço foi inesperado e Melani ficou apenas parada esperando que eu a largasse.

- Não precisa agradecer. - ela disse. Tirou um celular do seu bolso e me entregou. - Me conte depois se sua mãe está bem, ok?!

Ela sorriu, se afastou e acenou.

Entrei novamente no quarto e encarei o celular. Ele estava novinho em folha.

Me deu um nervosismo instantâneo. As mãos começaram a suar e meu coração bateu mais acelerado. Os motivos eram óbvios, eu iria saber se:

- Ester continua com o mesmo número de telefone;

- Esse celular que Melani me deu tem crédito;

- Eu havia sido abandonada de novo;

- Ester está realmente com problemas;

- Eu terei que passar um ano aqui;

- Eu poderia receber visita.

Essas eram as coisas que mais me preocupavam. Dei um suspiro longo e sentei-me na cama, ainda com o telefone na mão. Digitei os números na tela e errei duas vezes. Inspirei e expirei lentamente. Quando o número dela estava certinho eu orei silenciosamente para que tudo desse certo.

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⏰ Última atualização: May 28, 2022 ⏰

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