- Desculpa. Não posso ficar! - sussurrei baixinho vendo-a dormir. Pietra, tinha o sono pesado e isso facilitava um pouco as coisas para mim. Depositei um beijo demorado na sua testa antes de sair da cama e me vestir para ir embora.
Eu precisava recuar, sair e não voltar mais. Estava começando a me sentir envolvida e isso não podia acontecer, não nesse momento. Preciso arrumar a bagunça que é minha vida. E por Deus, eu tenho Sophia, o maior de todos os problemas.
No andar de baixo pego minha bolsa e retiro o meu celular, enquanto chamo o elevador disco o número de Robson. Olho a última vez pelo cômodo da sala, nossa taça de vinho estava ali intacta...
Já na caixa de metal, ouço a voz grave e sonolenta do meu motorista. Passo o mesmo endereço da última vez e aguardo do lado de fora do prédio. O dia começava a amanhecer.
Eu não sei onde estava com a cabeça em convidar Sophia, para ir na casa noturna. Fiquei surpresa quando a mais velha aceitou de imediato. Eu queria ver Pietra, mas não queria deixar explícito minha vontade. Odiei quando Sophia reclamou, querendo ir embora. Eu estava focada na gerente vendo-a abraçada em outra mulher, me senti muito mais frustrada quando as duas saíram do segundo andar.
Talvez seja mais uma pessoa querendo atenção assim como eu, na primeira vez.
Pare com isso. Pietra não é um objeto, nem brinquedo. É um ser humano como você.
Talvez seja esse o motivo de estar parando com esse envolvimento. Não quero em hipótese alguma machucá-la. E também não quero sair ferida! Suspirei sentindo uma grande agonia.
- Senhora. - levantei a cabeça olhando para o homem. Eu havia despertado do seu sono, seu rosto inchado deixava evidente.
- Sem formalidades!- comecei a caminhar do seu lado. O carro estava do outro lado da rua.- Hoje quero ouvir apenas o seu lado amigo. - Sorri fraco, vendo Robson assentir.
- Posso saber o que houve? -perguntou entrando no veículo. Meu amigo não abria portas para que eu entrasse quando estava interpretando esse papel.
- A velha história, quero protegê-la. - entrei no Jeep, colocando o cinto de segurança.
- Ela parece ser diferente. - pontuou dando partida.
- Ela é! - Fechei os olhos apoiando a cabeça no banco. Robson ficou quieto.
Seguimos o resto do caminho sem mais palavras. Isso me ajudou a pensar melhor, eu precisava encontrar Pietra pela última vez. Só para me despedir, dizer que não podia continuar! Apesar de ser apenas sexo, acho que ela merece saber. Quem sabe em um futuro, não muito distante, eu possa estar livre de Sophia e sei lá, tentarmos de novo. Do jeito certo.
Ao chegar em casa, agradeci ao Robson e corri para o meu quarto. O silêncio predominava, entrei no cômodo ainda escuro pelas cortinas estarem fechadas.
- Onde você estava? - levei um susto ao ouvir a voz de Sophia. - Eu acordei de madrugada e não vi minha mulher na cama, faz quase 3 horas que eu a espero voltar. - Ela levantou da poltrona que ficava perto da cama onde estava sentada e caminhou até a tomada acendendo a luz.
Senti a iluminação irritar meus olhos por alguns segundos. Eu estava paralisada na porta, tentando formular uma resposta convincente, mas era impossível.
- Eu não sou sua mulher, quando que irá se convencer disso. Pare de achar que sou sua prioridade. - Ela se aproximou com as mãos fechadas. Eu sabia que isso a irritava, mas ela precisava entender que não tínhamos mais nada.
Em um impulso senti meu corpo ser jogado na parede com violência. Tentei sair, mas suas mãos apertaram meu pescoço, seus dedos ganhavam força a cada segundo.
- Você é minha! - Gritou. Seu hálito cheirava a cigarro.
- Sophia...
Tentei falar, mas o ar começava a me faltar. Eu podia sentir meu rosto esquentar pela vermelhidão do sangue prendido. Na tentativa de fazer ela me soltar, golpeei seu abdômen fazendo se curvar de dor e dar alguns passos para trás.
- Escuta bem o que eu vou te falar, Diana. Eu vou acabar com a tua aventura e vou acabar com você! - alterou a voz apontando o dedo na minha cara. Logo, saiu do quarto batendo à porta. Aproveitei e tranquei.
Sentei no chão abraçando minhas pernas e chorei, um choro compulsivo e doído. Tinha tanta coisa em jogo, mas tanta. Principalmente a minha vida. A pilota da aeronáutica, tinha poder, contatos, ela conseguiria ferrar comigo. Mas eu precisava dar um fim a esse sofrimento, mesmo que eu tenha que enfrentá-la e terminar sem nada. Sophia nunca me agrediu, não fisicamente. Era a primeira vez, primeira e última porque eu jamais irei permitir que ela me toque de novo!
Depois de algumas horas trancada no quarto, pensando em um jeito de fazer minha vida continuar sem a sombra da pilota. Resolvi ligar para Henrique, meu advogado.
— Alô.
— Sou eu, Diana. Não dá para manter esse plano de manipulação com Sophia. Isso só tem piorado a situação, na cabeça dela eu sou sua mulher. — Soltei me sentindo cansada.
— É um jeito amigável, assim você evita maiores danos.
— Não importa mais o que posso perder. Esse método está me prejudicando. Hoje pela manhã quando cheguei em casa, nós discutimos por causa de sua obsessão por mim e com isso me agrediu fisicamente. — Henrique ficou em silêncio, talvez processando meus dizeres.
— Se você quiser, posso solicitar uma medida protetiva. Pelo relatório que tenho, me parece ser a primeira vez que ela te agride dessa maneira e será bom evitar uma segunda vez. — ouvi som de folhas serem folheadas. — Você pode comparecer no meu consultório ainda hoje? Assim podemos conversar melhor.
— Claro, em uma hora estarei aí. — disse pulando da cama.— E, Henrique, eu quero a solicitação.
— Eu te aguardo! — Disse sem mais palavras.
Suspirei, caminhei para o banheiro e me apressei. Iria conversar com meu advogado e depois encontraria Pietra antes que ela entrasse para trabalhar.
Optei por algo básico, calça jeans, uma regata branca, bota de cano baixo e uma jaqueta preta, no pescoço um cachecol da mesma cor. As marcas do dedo de Sophia eram visíveis e eu não estava com tempo para esconder os roxos e nem tempo para me maquiar. Antes de sair de casa, fui na cozinha e peguei uma maçã, também fui informada por um dos empregados que a mais velha estava fora desde de manhã.
É claro que tinha que estar, ela tem a casa dela.
[...]
Havia saído do consultório do Henrique com um fio de esperança. Detalhei todo o ocorrido, até meus encontros com Pietra, meu advogado disse que poderia ser importante caso Sophia descobrisse e tentasse usar isso contra mim.
E agora, eu esperava a gerente no estacionamento sozinha. Disse a Robson que não iria precisar do seu serviço e o dispensei para que pudesse passear com a família.
Uma hora e meia havia passado, e em nenhum momento pensei em desistir. Talvez Pietra descida não me ouvir, eu menti para ela dizendo que estaria na cama quando acordasse, talvez nem pintada de ouro essa mulher sentiria menos raiva. Passados mais vinte minutos a gerente estacionou na sua vaga exclusiva, mas para meu desgosto uma mulher estava em sua garupa. Respirei fundo, eu precisava. Sai do meu carro e caminhei até a sua Harley preta, sua acompanhante era a mesma da noite passada.
Coloquei a mão no bolso da jaqueta e sem ter a atenção das mulheres chamei:
— Pietra...
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Passos em falso - Noveleta Erótica - Lésbico (Concluída)
Historia CortaPassos em falso, conta sobre o envolvimento puramente sexual de uma misteriosa mulher com a gerente de uma boate chamada Peccato, voltada para o público LGBTQIA+. Sexo. Era isso o que Diana desejava encontrar. Prazer. Era o que Pietra gostava de da...